
Segundo o levantamento de dados, o produto que sofreu maior queda no pre�o em um ano foi a cola branca de 90 gramas, da marca mais cara encontrada. Enquanto o pre�o m�dio no ano passado era de R$ 5,80, a pesquisa encontrou o produto por R$ 2,95, agora, o que representa redu��o de 49,14%. J� a caixa de massa de modelar de marca, com 12 cores, ficou em m�dia 29,39% mais barata, mediante a queda do pre�o m�dio de R$ 7,77 para R$ 5,49 no per�odo analisado.
As quedas de pre�o surpreenderam o coordenador do site Mercado Mineiro, Feliciano Abreu. Na an�lise de Abreu, como o poder aquisitivo do consumidor est� pressionado por fatores como a alta do d�lar, as papelarias podem estar reduzindo as margens de lucro para garantir as vendas. A pesquisa verificou queda de 26,42% no pre�o m�dio do caderno tipo brochur�o, de capa dura com 96 folhas, licenciado. Em janeiro de 2019, o pre�o m�dio era de R$ 10,02 e hoje est� em R$ 7,37.
A tesoura de inox com ponta redonda, das marcas mais caras, ficou em m�dia 22,32% mais barata: em 2019, o pre�o m�dio era de R$ 9,23 e passou para R$ 7,17 este ano. Ainda de acordo com a pesquisa, a caneta esferogr�fica mais cara do mercado � encontrada ao pre�o m�dio de R$ 13,38 em BH, enquanto que o consumidor encontra a borracha com capa pl�stica gen�rica por R$ 2,36, em m�dia.
A pesquisa do site Mercado Mineiro chegou a conclus�o que os cadernos licenciados, com estampas de personagens ou marcas, ficaram mais baratos em rela��o ao ano passado, enquanto os gen�ricos, sem estampas, encareceram. Feliciano Abreu explica que a demanda pelos cadernos mais baratos est� maior, o que leva � alta nos pre�os. “Mostra claramente que os pais est�o pensando duas vezes na hora de gastar com luxo”, afirma. Ainda assim, ele acredita que os produtos mais simples devem vender mais, j� que a diferen�a para os mais caros ainda � expressiva.

Uso di�rio
Por outro lado, de acordo com a pesquisa, o item que ficou mais caro em um ano foi a pasta aba el�stico, que sofreu aumento de 81,85% no pre�o m�dio, saindo de R$ 5,95 para R$ 10,82. J� o pre�o m�dio do l�pis preto nº 2 HB, da marca Faber Castell, teve alta de 81,34% se comparado com o ano passado. A diferen�a � de R$ 1,11, mediante o pre�o atual de R$ 2,01. Outro reajuste consider�vel ocorreu no pre�o m�dio da caixa de l�pis de cor, com 12 unidades. O valor em janeiro do ano passado era de R$ 0,59 e agora est� em R$ 0,73, alta de 24,29%.
Para economizar, a engenheira civil Renata Ara�jo, de 45 anos, comprou apenas os materiais de uso di�rio para a filha Rafaela, de 13 anos. “A maioria dos materiais eu j� tinha do ano passado. Ent�o, o que mais comprei foi grafite, borracha, caneta e caderno”, conta. Como a filha gosta de comprar na mesma papelaria, Renata n�o chegou a pesquisar os pre�os. “Os pre�os est�o mais ou menos, no ano passado eu tinha comprado alguns materiais e lembro de alguns valores. Est� dentro da m�dia”, diz.
De acordo com Feliciano Abreu, as altas nos pre�os de material escolar s�o comuns nesse per�odo do ano, j� que a demanda � alta. “Volta �s aulas � o Natal das papelarias, h� uma tend�ncia muito forte de aumento do pre�o”, explica. A Associa��o Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (Abfiae) estima que os pre�os nas papelarias sofram alta de 8% este ano, acima da infla��o oficial de 2019, de 4,31%.
Contudo, na avalia��o de Abreu, o melhor momento para comprar o material escolar � no in�cio da segunda quinzena de janeiro. “Se deixar para comprar na �ltima hora os pre�os podem cair, mas � mais dif�cil negociar, porque as lojas estar�o lotadas”, afirma.
A estrat�gia da professora Elis�ngela Martins, de 44 anos, � aproveitar para comprar em maior quantidade alguns itens, como cadernos, quando encontra pre�os melhores. “Em casa j� tenho muita coisa. Ent�o estou comprando aquilo que n�o tenho”, diz.
Compra em grupo alivia o bolso

Para cortar custos tanto nas listas de papelaria quanto de livros did�ticos, alguns pais decidem se juntar. � o caso do administrador de empresas Carlos Eduardo Soares, de 51 anos. Ele comprou todos os livros para a filha Rafaela, de 10, direto da editora, participando de um grupo de 20 pais. Para Feliciano Abreu, iniciativas desse tipo s�o uma boa ideia. “Trocando informa��es, os pais tendem a ter um poder muito maior de negocia��o”, avalia.
Outra recomenda��o do coordenador do site Mercado Mineiro � ficar atento �s condi��es de pagamento. Feliciano Abreu afirma que � preciso tomar cuidado com a op��o de parcelamento em 10 vezes sem juros, anunciadas por algumas papelarias. “Tem que saber, de fato, se os produtos n�o t�m juros embutidos. Corre o risco de ficar preso no cart�o de cr�dito”, alerta.
De acordo com a gerente da livraria e papelaria Leitura da Avenida Paran�, no Centro de Belo Horizonte, Marilis Moreira, muitos pais perguntam sobre descontos e pretendem pagar � vista. Ela conta que alguns consumidores cortam alguns itens da lista que julgam exagero por parte das escolas. “Eles levam s� o essencial, que o aluno vai precisar. Vai de cada cliente”, diz.
De acordo com o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), as escolas tentam aliviar o bolso dos pais diminuindo as listas ou implementando o uso coletivo de livros e campanhas de doa��o de materiais usados. “Antigamente, era comum a escola pedir uma lista muito ampla, que envolvia diversos materiais de uso coletivo. Hoje em dia, a maior parte das escolas pede apenas o que cada aluno for usar individualmente”, afirma a institui��o, por meio de assessoria. A atitude vai de acordo com a lei federal n�mero 12.886, de 2013, que pro�be que as escolas exijam a compra de material de uso coletivo.
Em um per�odo de custos elevados como o in�cio de ano, as papelarias tentam garantir as vendas anunciando descontos e promo��es. A rede de papelarias Kalunga, por exemplo, implementou a campanha “Seu caderno vale desconto”. A cada um quilo de folhas de caderno usadas, a rede oferece R$ 1,50 de desconto na compra de cadernos universit�rios. APort Papelaria oferece descontos de at� 30% em cadernos, canetas e l�pis, v�lidos somente na loja virtual da rede, at� 10 de mar�o.
O gerente comercial Leonardo Rodrigues, de 31 anos, costuma comprar para a filha Tha�s, de 12, os materiais intermedi�rios. “Quando � bom, se n�o tiver tem que comprar o mais caro mesmo”, diz. De acordo com Feliciano Abreu, visitar duas ou tr�s papelarias pode render economia de 20% a 30% no valor total da lista.
*Estagi�rio sob a supervis�o da subeditora Marta Vieira
An�lise da not�cia
'Sem d�'
Marta Vieira
� preciso ter calma paa avaliar a queda de pre�os neste m�s. Nos �ltimos cinco anos at� 2019, a conta do material escolar em Belo Horizonte atacou o bolso do consumidor, em alguns casos sem pudor, com base em dados apurados pela Funda��o Ipead, vinculada � UFMG, respons�vel pelo c�lculo do �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) na capital. As revistas infantis lideraram as remarca��es no ano passado, com aumento m�dio de pre�os de 13,04%, quase 2,5 vezes o IPCA medido no per�odo, de 5,23%. Os gastos decorrentes desse item j� haviam sido indigestos em 2017 e 2016, com reajustes fartos, de 13,40% e 10,23%, respectivamente, e bem superiores � infla��o anual, de 3,94% e 7,86%. Os livros e revistas t�cnicas (livro did�tico) exibiram performance tamb�m impressionante em 2019, exibindo eleva��o de pre�os sempre acima do custo de vida de 2016 a 2019. No ano passado, o aumento foi de 6,38%.. O n� no or�amento explica a corrida dos pais atr�s de ofertas, troca de material e reciclagem, o que nem sempre � poss�vel. Dif�cil explicar tal comportamento dos pre�os.