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Estado de Minas Artigos Esportivos

Centauro compra Nike no Brasil por R$ 900 milh�es

A��es da varejista brasileira disparam na bolsa de valores ap�s an�ncio da transa��o. Mercado agora avalia se os concorrentes ser�o prejudicados pela opera��o milion�ria


07/02/2020 04:00 - atualizado 07/02/2020 09:18

A Centauro tem cerca de 200 lojas em 20 estados, além do e-commerce (foto: Centauro/Divulgação)
A Centauro tem cerca de 200 lojas em 20 estados, al�m do e-commerce (foto: Centauro/Divulga��o)

S�o Paulo – O Grupo SBF, detentor da marca de varejo esportivo Centauro, anunciou ontem um acordo para assumir a opera��o da Nike no Brasil. Com a parceria, a varejista se torna a distribuidora exclusiva dos produtos da marca americana, incluindo roupas, cal�ados, acess�rios e equipamentos esportivos, e operadora exclusiva das lojas f�sicas e do com�rcio eletr�nico da Nike, tendo direito a abrir novas lojas.
 
Pelo acordo, v�lido por dez anos, o SBF pagar� R$ 900 milh�es pelo capital social da Nike no Brasil. Na pr�tica, isso inclui o capital de giro e o estoque, al�m de ativos fiscais – que n�o foram especificados. O acordo firmado n�o inclui direitos de propriedade intelectual. Patroc�nios esportivos n�o devem ser afetados.
 
A Centauro tem cerca de 200 lojas em 20 estados, al�m do e-commerce. A Nike n�o divulga dados financeiros sobre a opera��o brasileira. No comunicado enviado aos investidores, o Grupo SBF informou que a Nike faturou R$ 2 bilh�es no exerc�cio encerrado em 31 de maio de 2019.
 
Segundo relat�rio da Eleven Financial, a Nike tem 10% de participa��o de mercado e � a segunda marca em volumes de venda no setor, atr�s da Olympikus. Em termos de receita, ocupa a primeira posi��o – por ter ticket m�dio mais alto do que a principal concorrente. J� o Bradesco credita � Nike 21% de participa��o nas vendas de artigos esportivos, que chegam a R$ 25 bilh�es, e os neg�cios da marca na Centauro correspondem a 15% das receitas no Brasil.
 
Parte da opera��o ser� financiada pelo Grupo SBF, que n�o informou o montante exato. A empresa contratou o Banco Santander, o Ita� BBA e o Bradesco BBI para “auxili�-la na estrutura��o e implementa��o do financiamento” para o pagamento do restante.
 
“Estamos muito entusiasmados”, disse o CEO do SBF, Pedro Zemel. “Seguimos comprometidos com a miss�o de aprimorar o ecossistema do esporte atrav�s de diferentes caminhos e modelos de neg�cios.”
 
Para ser confirmada, a compra depende de aval do Conselho Administrativo de Defesa Econ�mica (Cade), �rg�o p�blico que tem, entre suas fun��es, evitar que a concentra��o de mercado seja prejudicial ao consumidor. Segundo comunicado do SBF, o grupo atuar� como uma “holding e plataforma esportiva”. A promessa � que a Centauro e a Nike do Brasil ser�o tratadas como unidades de neg�cios separadas e suas opera��es gerenciadas de forma independente.

IMPACTO NA BOLSA Os investidores reagiram bem � compra da Nike pela Centauro. Com a opera��o, as a��es da varejista brasileira negociadas na B3, a bolsa de valores brasileira, subiram 14,21%, a R$ 49,50.
 
Em relat�rio, a Eleven afirmou ter considerado a opera��o positiva para empresa. “A exclusividade dos produtos Nike passa a ser um diferencial para a companhia e fortalece o seu importante posicionamento no setor, al�m de abrir outras oportunidades de neg�cios para fomentar a experi�ncia em loja na qual a Centauro j� vem mostrando importantes evolu��es”, escreveram, no relat�rio, os analistas Giovana Scottini e Eric Huang. “Este acordo refor�a nossa vis�o sobre o posicionamento da Centauro como consolidadora no segmento de artigos esportivos.”
 
J� as a��es do Magazine Luiza, dono do Netshoes, principal concorrente da Centauro, fecharam em baixa de 2,53%, negociadas a R$ 55,85. Pedro Fagundes, analista da XP, disse que o acordo � ruim para o Magazine Luiza. “O acordo, caso seja aprovado, gera um conflito de interesses, dado que a opera��o da Nike ser� gerida pelo principal concorrente do Netshoes.”
 
Segundo Fagundes, a Nike � um dos principais fornecedores do Netshoes que, por sua vez, representa 10% da receita do Magazine Luiza. “Estima-se que 15% das vendas do Netshoes venham de produtos da Nike.” Mas Fagundes considerou o acordo “dos males o menor”. “Seria p�ssimo se houvesse exclusividade nas vendas no varejo, que n�o � o caso”, disse. O que fica, segundo ele, � uma incerteza a respeito de como ser�, na pr�tica, o acordo entre as duas marcas – e se isso vai afetar de alguma forma as concorrentes. H� algum tempo a Nike tem acordo com a Centauro para o lan�amento de produtos exclusivos.
 
J� o Bradesco n�o v� impactos significativos ao Magazine Luiza. “Entendemos que a Nike n�o deseja reduzir os canais de distribui��o no Brasil. O Netshoes vai continuar sendo um parceiro importante para a marca.”
 
A compra da Nike � mais um cap�tulo no crescimento da Centauro. Em abril do ano passado, a empresa abriu seu capital na B3, a bolsa de valores brasileira, e captou R$ 772,2 milh�es. Na ocasi�o, a Centauro informou que os recursos refor�ariam o caixa da empresa e seriam usados para modernizar as lojas f�sicas, ampliar os investimentos na plataforma digital e refor�ar o capital de giro.
De l� para c�, suas a��es valorizaram quase 300%. O faturamento no terceiro trimestre do ano passado foi de R$ 621 milh�es – alta de quase 10% na compara��o com o trimestre anterior. No per�odo, a empresa viu o lucro l�quido subir 22%, para R$ 47 milh�es.
 
Pelas estimativas da Eleven, a Centauro fechou 2019 com receita l�quida de R$ 2,55 bilh�es e lucro l�quido ajustado de R$ 159 milh�es, alta de 12,3% e 6,7%, respectivamente. Os resultados oficiais ser�o apresentados pela empresa no dia 30 de mar�o.

Entrevista / Ana Paula Tozzi - CEO da AGR Consultores

 “A opera��o � boa at� para os concorrentes”


Para Ana Paula Tozzi, CEO da AGR Consultores, especializada em varejo, a compra da Nike do Brasil pela Centauro � uma opera��o positiva para o mercado brasileiro – inclusive para os concorrentes da Centauro, como a Netshoes. Confira abaixo a entrevista:

 O que embasou a decis�o de compra da Nike pela Centauro?
N�o acho que a compra da Nike seja um contragolpe da Centauro no Magazine Luiza por conta da Netshoes (em 2019, as duas marcas disputaram a compra da varejista online). Acho que � uma grande sacada. O Magalu comprou o Netshoes para trazer fluxo de pessoas para o seu e-commerce. E, para isso, precisava apostar em categorias com alta frequ�ncia de compra, que n�o � o caso da venda de eletrodom�sticos. J� a compra da Nike pela Centauro tem motivos espec�ficos e diferentes. Com a Nike, a Centauro quer aumentar sua relev�ncia no setor e construir um ecossistema de venda de artigos esportivos. Quando se fala em marcas esportivas de desejo, nenhuma marca no Brasil � t�o forte quanto a Nike.
 
O que a Nike ganha?
A Nike precisa crescer na Am�rica Latina e o Brasil � o maior mercado da regi�o. A Centauro vai ajudar nesse crescimento. A Centauro tem mais capacidade de venda e distribui��o no Brasil do que a Nike. O varejo no Brasil � muito pulverizado e formado, em grande parte, por pequenos varejistas. � bem diferente do cen�rio dos Estados Unidos. E a Nike, pelo seu porte, n�o podia acessar o pequeno varejista como a Centauro vai poder. Ent�o, acredito que a opera��o vai impulsionar as vendas da marca americana no Brasil.

Os concorrentes da Centauro, como a Netshoes, n�o ser�o prejudicados?
Pelo contr�rio. V�o ser beneficiados. N�o faria sentido a Centauro comprar uma marca como a Nike, adquirir o direito de exclusividade e n�o fazer o poss�vel para aumentar as vendas da marca. A Centauro vai querer vender menos? Ela n�o vai enfraquecer a marca que acabou de comprar. Os pequenos varejistas, que hoje n�o t�m acesso a produtos da Nike, v�o passar a ter.

A Centauro j� vende produtos exclusivos da Nike. Nem isso iria aumentar?
N�o duvido que, daqui a seis meses, haja uma linha exclusiva da Nike na Netshoes. O modelo de competi��o no varejo mudou. Marcas que antes eram concorrentes hoje fazem parcerias. Os exemplos s�o v�rios. A rede de brinquedos Ri Happy abriu lojas dentro dos supermercados Extra. Isso seria impens�vel h� cinco anos. Hoje faz todo o sentido porque a Ri Happy trabalha melhor a categoria do que o Extra.



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