postado em 20/02/2020 04:00 / atualizado em 20/02/2020 10:02
Unidade da companhia na cidade produz lingui�as cozidas e frescais, mortadela, presunto, bacon, empanados e cortes de frango e su�nos sob as marcas Sadia, Perdig�o e Kidelli
(foto: BRF/Divulga��o)
“De Minas para os mineiros”. � assim que o CEO global da BRF, Lorival Luz, 48 anos, natural da pequena cidade de Po�o Fundo, no Sul do estado, celebra a reativa��o da linha de produ��o de margarinas em Uberl�ndia. A gigante brasileira de alimentos, uma das maiores do mundo no setor, vai anunciar hoje investimentos de R$ 2,5 milh�es para amplia��o e moderniza��o da unidade ao longo deste ano.
A planta voltar� a produzir as marcas Qualy, Deline e Claybom. Para o segundo semestre, est� previsto o in�cio da produ��o de Sofiteli. Com capacidade para produ��o de 120 mil toneladas ao ano, a linha atender� tanto ao atacado quanto ao varejo. “O consumo de margarinas teve uma leve queda nos �ltimos anos, o que nos levou a ajustar o volume de produ��o”, disse o executivo aos Di�rios Associados. “Com a alta do consumo e o lan�amento de novas margarinas, focadas na saudabilidade, decidimos retomar a produ��o, que ser� dedicada a abastecer o mercado mineiro, principalmente”.
H� d�cadas a BRF – dona das marcas Sadia e Perdig�o – mant�m a lideran�a nessa categoria. No ano passado, o segmento de margarinas movimentou 445,1 mil toneladas. A companhia respondeu por 54% do mercado nacional, de acordo com o instituto de pesquisa Nielsen, o que representa alta de 0,4% em participa��o de mercado.
O carro-chefe da BRF na categoria � a marca Qualy, com 51,4% de prefer�ncia, cinco vezes mais do que a segunda colocada, a Doriana, da rival JBS. A Qualy � uma marca presente em sete de cada 10 lares brasileiros. Em Minas Gerais, a empresa est� na lideran�a absoluta do mercado, com 67,5% em valor e 71,9% em volume.
Lorival Luz, CEO global da BRF (foto: Marcelo Coelho/BRF/Divulga��o)
“Desde 2003, todas as nossas margarinas est�o adequadas ao n�o uso de gordura hidrogenada e sem colesterol. Temos tamb�m margarina com zero lactose”, explica Luz. Minas Gerais representa 8% do mercado de margarinas brasileiro e � atualmente o terceiro maior estado consumidor de margarinas, atr�s apenas de S�o Paulo e Rio de Janeiro.
A BRF opera, atualmente, cinco unidades em territ�rio mineiro, todas instaladas em Uberl�ndia. As f�bricas s�o divididas pelos segmentos aves, �leo refinado e gordura, industrializados, su�nos e margarinas, al�m dos dois centros de distribui��o, um deles em Uberl�ndia e outro em Belo Horizonte.
Empregos gerados
Ao todo, quase 7 mil funcion�rios trabalham nas f�bricas da companhia em Minas Gerais, al�m dos empregos indiretos em parceiros e fornecedores. Al�m de margarinas, a unidade de Uberl�ndia produz lingui�as cozidas e frescais, mortadela, presunto, bacon, empanados e cortes de frango e su�nos, sob as marcas Sadia, Perdig�o e Kidelli.
Ao todo, ser�o mais de 30 novos colaboradores dedicados � linha de produ��o de margarinas. Especificamente em Uberl�ndia, a unidade tem cerca de 290 produtores integrados, com capacidade de produ��o de 33 mil toneladas por m�s, atendendo ao mercado interno e externo, com exporta��es para �sia, Oriente M�dio e �frica.
Al�m de Uberl�ndia, as unidades de Paranagu� (PR) e Vit�ria de Santo Ant�o (PE) tamb�m produzem margarinas e est�o operando em capacidade m�xima. Na f�brica paranaense, a BRF produz sob as marcas Qualy, Deline, Sofiteli, Bom Sabor e Claybom. J� de Vit�ria de Santo Ant�o saem Qualy, Deline e Claybom. De acordo com a consultoria Euromonitor, o mercado de food service de margarinas vai crescer 2% ao ano a partir de 2020.
A BRF, maior exportadora global de frango do mundo, opera em mais de 140 pa�ses. Detentora de mais de 30 marcas, entre elas Chester, Pedix, Confidence, Halal e Banvit, a BRF possui 90 mil funcion�rios, 13 mil integrados, mais de 250 mil clientes no mundo e 37 f�bricas em quatro pa�ses: Brasil, Emirados �rabes, Mal�sia e Turquia.
No ano passado, a companhia chegou perto de concluir uma fus�o com o frigor�fico Marfrig, mas ambas as empresas desistiram das conversas por n�o terem conseguido chegar a consenso sobre temas de governan�a corporativa que guiariam a nova companhia. “Apesar do t�rmino das tratativas para a combina��o de seus neg�cios, o relacionamento comercial entre a companhia e a Marfrig permanecer� inalterado e n�o haver� quaisquer modifica��es nas pr�ticas, condi��es e termos previstos em contratos por elas celebrados”, justificou a BRF, em fato relevante.
Entre 2017 e 2018, a BRF enfrentou grandes desafios financeiros e de opera��o. No per�odo, o preju�zo acumulado atingiu R$ 5,5 bilh�es. Por isso, a integra��o com a Marfrig surgiu como sa�da para reduzir sua exposi��o a riscos setoriais e para gerar ganhos de sinergia.
Desafios
Os investimentos da BRF no mercado brasileiro se d�o em paralelo com o aumento das vendas da companhia mundo afora. Nas �ltimas semanas, os grandes produtores de prote�na animal do Brasil t�m observado um aumento das exporta��es e vendas no mercado internacional em decorr�ncia da epidemia de coronav�rus, que come�ou na China e pode aumentar a procura de alimentos produzidos pela ind�stria brasileira.
“Pode ser que tenha uma demanda maior pela seguran�a alimentar. N�o gosto de dizer um resultado positivo, mas vamos dizer que podemos ter um incremento de volume, dado a seguran�a alimentar do nosso produto”, afirmou o presidente da BRF, durante a confer�ncia do Credit Suisse em S�o Paulo.
Por outro lado, a empresa enfrenta um grande desafio no mercado �rabe. A Ar�bia Saudita suspendeu a importa��o de frango de duas plantas da BRF no Paran�. Anunciada na segunda-feira a suspens�o atinge as unidades de Dois Vizinhos e Francisco Beltr�o e resulta de investiga��o das autoridades sauditas, conduzidas entre 2014 e 2018, sobre supostas viola��es na produ��o de alimentos e premix (um preparado contendo vitaminas e amino�cidos).
No comunicado aos investidores, a BRF afirma que apenas a unidade de Dois Vizinhos, efetivamente, exportava carne de frango para a Ar�bia, com embarques mensais de 6 mil toneladas. A Ar�bia Saudita � um dos maiores mercados da BRF no mundo �rabe e responde por 20% a 30% das vendas na regi�o. Apesar da restri��o � companhia, o Credit Suisse manteve o pre�o-alvo das a��es em R$ 46, com recomenda��o de “outperform”, desempenho esperado acima da m�dia do mercado. O valor representa alta potencial de 49% sobre a cota��o de refer�ncia do Credit.