Mansueto Almeida, o atual secret�rio do Tesouro Nacional, � hoje o principal defensor da necessidade de continua��o das medidas duras de ajuste fiscal dentro da equipe econ�mica. N�o por acaso, tem sido chamado por t�cnicos mais antigos e experientes do Minist�rio da Economia de "bombeiro" do ajuste.
Passa boa parte do tempo tentando apagar inc�ndios dentro e fora do governo a cada tentativa de aumento de gasto, subs�dios e incentivos fiscais. � no segundo andar do pr�dio central do Minist�rio da Economia, onde fica o comando do Tesouro, que a conta aparece para o contribuinte pagar.
Um dia ap�s o an�ncio do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,1% em 2019, n�o foi diferente quando alertou: "Estou muito preocupado, n�o durmo tranquilo, n�o � normal um Pa�s como o Brasil crescer 1,1%". A fala foi uma resposta �queles que culpam o ajuste fiscal pelo crescimento baixo. Mansueto pensa o contr�rio: � preciso persistir nas reformas para abrir espa�o ao investimento p�blico.
Os pedidos por benesses setoriais n�o pararam no governo Jair Bolsonaro, mesmo diante da cartilha liberal do ministro Paulo Guedes. O Tesouro � obrigado a dar pareceres sobre o impacto fiscal das decis�es que podem levar ao aumento de despesas e piora do resultado das contas p�blicas. Mansueto perde umas batalhas e ganha outras.
Justamente por isso � visto pelo mercado financeiro como o principal fiador do processo de consolida��o fiscal para as contas p�blicas sa�rem do vermelho. A cada rumor de que est� deixando o cargo - e foram muitos ao longo do segundo semestre do ano passado -, a luz amarela acende entre os analistas. O mercado se agita. Muitos interpretam que sua sa�da pode sinalizar abertura para a flexibiliza��o fiscal.
O setor p�blico ainda tem um d�ficit elevado e Mansueto n�o tem parado de repetir o mesmo mantra: o ajuste fiscal n�o terminou e o Brasil n�o fez ainda o dever de casa. O Brasil s� vai voltar a ter super�vit em 2022. Para o secret�rio, o risco maior ainda est� por vir: uma parte do governo achar que o ajuste fiscal j� foi feito. Ele insiste que n�o h� como criar novas despesas sem que se tenha claro a fonte or�ament�ria e sem ser compat�vel com o teto de gasto, a regra que foi inclu�da na Constitui��o no governo Michel Temer e que impede o crescimento das despesas de um ano para o outro acima da infla��o.
Sem flexibiliza��o
Mansueto � remanescente da equipe econ�mica que criou o teto de gastos e combate qualquer tentativa de flexibiliza��o - algumas de dentro da pr�pria equipe econ�mica - para aumentar os investimentos p�blicos.
"O governo pode fazer muita coisa, desde que escolha o que � priorit�rio. O nosso papel � apenas alertar para as regras or�ament�rias", advertiu o secret�rio, no fim do ano passado, quando muitos no governo avaliavam que a situa��o das contas estava resolvida com o impacto da queda da taxa de juros na redu��o do endividamento p�blico, a expectativa de uma retomada mais forte do crescimento em 2020 e os bilh�es do pr�-sal.
Muitos viram na fala de Mansueto p�s-divulga��o do PIB contradi��o com o coment�rio feito por Guedes e especularam nas redes sociais que o secret�rio estaria "cavando" sua sa�da da equipe. T�cnicos dizem que ele est� cansado, mas n�o demonstra que poderia deixar o governo agora, principalmente quando est� pr�ximo um acordo para a vota��o, no Congresso, do programa de socorro aos Estados, batizado por Guedes de Plano Mansueto. A interlocutores, ele nega que v� deixar o cargo.
Em dezembro, Mansueto quase colocou o p� fora do governo, por desentendimentos dentro da equipe, mas Guedes o convenceu a permanecer. Durante entrevista de balan�o de fim de ano, com a presen�a de todo o primeiro escal�o do minist�rio, o ministro fez um agrado especial ao seu auxiliar, que continua gozando da confian�a do ministro: "Mansueto � igual ao Jorge Jesus", brincou Guedes, em refer�ncia ao t�cnico do Flamengo, campe�o da Libertadores e do Campeonato Brasileiro. "Vamos tentar renovar o contrato."