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Estado de Minas PANDEMIA

Produtores rurais usam as redes sociais para manter vendas

A tecnologia da web e o delivery come�am a fazer parte do dia a dia nas lavouras da Grande BH e interior, como ajuste ao isolamento social


postado em 03/04/2020 04:00 / atualizado em 03/04/2020 08:36

(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Respons�veis por quase 70% da comida que chega � mesa dos brasileiros, os agricultores familiares inovam para conseguir escoar a produ��o, vencendo as dificuldades impostas pelo avan�o do novo coronav�rus, e j� come�am a operar os sistemas on-line de vendas. � a tecnologia chegando � pequena produ��o nos munic�pios do interior. A realidade nessas lavouras, em geral, � de sacrif�cio com a falta de programas p�blicos de apoio � comercializa��o, algo tamb�m dram�tico para quem vive da renda da horta de fundo de quintal nas zonas urbanas.

As redes sociais se tornaram grandes aliadas dos agricultores familiares para a divulga��o e venda dos seus produtos, em meio � pandemia, ao facilitarem os servi�os de entrega a domic�lio. O delivery que, hoje, parte do campo cresceu acima de 200%, na avalia��o do engenheiro-agr�nomo Lucas Castro Alves de Sousa, que gerencia os neg�cios da fam�lia nas Granjas Vista Alegre, em Capim Branco, Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte.

As restri��es de circula��o devido � COVID-19 afetaram pouco a produ��o, exigindo pequenos ajustes, mas a comercializa��o mudou muito, admite o engenheiro: “Hoje, a parte de produ��o est� normal, mas n�o sabemos ainda se haver� reflexos futuros”, reconhece.

Houve queda nas vendas aos supermercados, setor com permiss�o para continuar a funcionar,  e das cinco feiras de org�nicos realizadas na capital somente duas funcionam, mesmo assim apenas para entrega de encomendas. “As entregas  a domic�lio ou pontos de apoio obedecem �s boas pr�ticas e procedimentos determinados pelas autoridades sanit�rias do munic�pio”, explica Lucas. As m�quinas de cart�o s�o higienizadas a cada opera��o e a aten��o foi redobrada nos setores de produ��o, embalagem e entrega.

Em Vi�osa, na Zona da Mata mineira,  as feiras municipais,  que ocorrem duas vezes por semana, foram mantidas ap�s passarem por adapta��es, conforme as recomenda��es estabelecidas pelo governo mineiro. O programa Quintal Solid�rio, que conta com a participa��o de 30 produtores, foi suspenso para evitar aglomera��es. Essa feira era realizada uma vez por semana na se��o sindical dos Docentes da Universidade Federal de Vi�osa (UFV) e registrava fluxo m�dio de 500 pessoas a cada edi��o, entre consumidores e expositores de hortifrutigranjeiros, da agroind�stria familiar e de artesanato.

“Levando em considera��o as recomenda��es para manter o distanciamento entre pessoas e evitar aglomera��es para garantir a seguran�a dos expositores e consumidores, vimos que seria dif�cil manter o Quintal Solid�rio. Mas muitos agricultores vivem gra�as ao rendimento nas feiras. Ent�o constru�mos uma estrat�gia para criar o Quintal Solid�rio virtual”, explica a professora do departamento de Nutri��o e Sa�de da UFV e coordenadora de feira, S�lvia Eloiza Priore.

Os agricultores providenciaram fotos de seus produtos, al�m das informa��es de pre�os e contatos para que os organizadores da feira pudessem fazer postagens nas redes sociais.  As vendas passaram a ser feitas por encomenda, com entrega na casa dos consumidores.

V�tor Gomide aderiu � divulga��o pelas redes sociais para entrega direta ao cliente.  Produtor de queijos e outros produtos l�cteos distribu�dos em feiras e supermercados, ele viu a comercializa��o reduzir ap�s a recomenda��o de que as pessoas ficassem em casa, e do fechamento de alguns pontos de venda. Al�m da divulga��o pelas redes sociais do Quintal Solid�rio, o feirante tamb�m criou uma conta pr�pria no Instagram.  “Minha irm� trabalhava num sal�o de beleza que fechou por causa do coronav�rus. Como ela estava acostumada a lidar com redes sociais, sugeriu que a gente criasse uma conta para divulgar e vender nossos produtos”, conta.

A fabrica��o dos produtos l�cteos ocorre pela manh�, com a ajuda da m�e. Durante a tarde, V�tor faz entregas e conta que ainda est� se adaptando ao novo modelo de venda. “Foi uma alternativa que encontramos para amenizar a situa��o, mas o resultado est� at� surpreendendo. Por enquanto, n�o cobramos taxa de entrega. E muitos consumidores est�o pedindo que a gente continue com as entregas mesmo depois que esta situa��o melhorar”.
 
 
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

Confian�a


Em Una�, no Noroeste de Minas Gerais, M�rcia Melo, 53 anos, produtora de tapioca tamb�m optou pela divulga��o nas redes sociais, com entrega a domic�lio, depois que as feiras das quais ela participava foram suspensas. Ela trabalha como auxiliar na secretaria de uma escola estadual, mas tem na iguaria origin�ria da regi�o Nordeste do estado sua principal fonte de renda, dinheiro que, segundo M�rcia, � fundamental para o sustento da fam�lia e para manter o filho na faculdade. “Ele estuda em outra cidade e temos que pagar aluguel, alimenta��o e a faculdade dele”, diz a produtora. Os contatos s�o feitas pelas redes sociais e celular.

A Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural de Minas Gerais (Emater-MG) orienta os agricultores sobre cuidados na produ��o, na hora de fazer a entrega e no contato com os consumidores. “Alertamos aos agricultores a n�o receber dinheiro. O pagamento deve ser feito preferencialmente por cart�o de cr�dito ou transfer�ncia banc�ria, para diminuir o risco de contamina��o”, explica a t�cnica da Emater em Vi�osa, Vera L�cia Rodrigues Fialho.
 

Esquecidos e sem prote��o


(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)


Aquela ideia de que quem vive no campo n�o passa fome, nem necessidades, porque � “s� plantar que terra retribui”, � uma vis�o rom�ntica que nem sempre condiz com o cotidiano dos habitantes de zonas rurais e urbanas das pequenas cidades. “Nada � t�o simples assim, as mudan�as no clima alterando a produtividade, a falta de compradores cont�nuos e os altos pre�os cobrados nos com�rcios locais deixam muitos em situa��o prec�ria. E agora com essa pandemia, a situa��o se agravou”, desabafa a dom�stica Adriana Meireles, de 30 anos, que n�o v� nenhum programa de socorro a essas pessoas. “Tudo � voltado para as popula��es dos grandes centros urbanos e grandes e m�dios produtores”, afirma.

Adriana trabalha em Belo Horizonte e � filha de Marlene Meireles Reis de 49, moradora no munic�pio de Santo Ant�nio do Itamb�, de pouco mais de 4 mil habitantes, porta de entrada do Parque Estadual do Pico do Itamb�, a 300 quil�metros da capital. Marlene, como muitos outros moradores do munic�pio, vive da renda obtida com a comercializa��o de verduras e legumes expostos na feirinha local e fornecimento de merenda escolar. Ambas as atividades est�o suspensas. O dinheiro recebido sustenta a casa onde mora com um filho de 22 anos e um neto, de oito, filho de Adriana. Ajuda ainda outro filho, com mulher e tr�s crian�as. O pai sofreu acidente no ano passado e est� afastado do trabalho.

A situa��o n�o � diferente para 13 fam�lias produtoras de hortifr�tis na zona urbana de Sete Lagoas, Regi�o Central do estado, com 240 mil habitantes distante 70 km de BH. Elas participavam do programa Direto da Ro�a para entrega de verduras e legumes a domic�lio na cidade e em Belo Horizonte que est� suspenso desde 19 de dezembro do ano passado.  Os pedidos eram feitos pelo whastapp.

“As chuvas do final de 2019 arrasaram as planta��es. Quando come�amos a nos recuperar, a prefeitura (de Sete Lagoas), que fornecia o transporte e ajudava na log�stica para distribui��o, suspendeu a parceria e n�o conseguimos dar continuidade”, conta Cirlene Santos Silva, coordenadora do programa que contava com apoio t�cnico, log�stico e cont�bil da Emater local. O programa Hortas Urbanas, tamb�m suspenso, beneficiou mais de 300 fam�lias at� o in�cio do ano.


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