
S�o Paulo – A exemplo dos setores da avia��o e do turismo, que registram queda de mais de 90% em suas receitas, a ind�stria de materiais de constru��o elabora um pedido de socorro para o governo federal. Diante de uma queda aguda na produ��o e no faturamento, a Associa��o Brasileira da Ind�stria de Materiais de Constru��o (Abramat) teme que o prolongamento dos efeitos da pandemia da COVID-19 cause uma quebradeira generalizada no segmento.
“Nunca vi um cen�rio t�o preocupante”, afirma o presidente da entidade, Rodrigo Navarro. “Estamos atentos aos desdobramentos da pandemia. J� levamos algumas reivindica��es ao governo e vamos insistir nas a��es de socorro para sanear, proteger e resgatar o f�lego de nossas empresas. Nossa luta di�ria � pela sobreviv�ncia das pessoas e pelo funcionamento estrutural do Brasil.”
A preocupa��o do executivo se justifica. As vendas de materiais de constru��o desabaram entre 40% e 60% durante o per�odo de fechamento do com�rcio nas principais cidades brasileiras, segundo c�lculos da Abramat. A implos�o da vendas reverte uma trajet�ria de crescimento do setor e frustra a expectativa de avan�ar 4% em 2020.
No acumulado de janeiro e fevereiro deste ano – antes do surgimento da pandemia –, as vendas ficaram 2,4% acima do resultado contabilizado no primeiro bimestre de 2019. “N�o tivemos tempo de comemorar”, diz Navarro. “A explos�o mundial da crise do novo coronav�rus nos pegou de surpresa.”
Um estudo in�dito da entidade, com proje��es do impacto da crise sobre a cadeia produtiva do setor da constru��o, ser� apresentado pessoalmente por Navarro aos t�cnicos do Minist�rio da Economia nos pr�ximos dias. Sem revelar detalhes do levantamento, o dirigente da Abramat antecipa que as iniciativas de ajudas lan�adas at� agora foram insuficientes para salvar a atividade.
“� verdade, sim, que somos beneficiados pelas recentes decis�es, como suspens�o tempor�ria de tributos e de compromissos banc�rios, flexibiliza��o salarial e de jornadas e algo mais. S� que o cr�dito n�o chega facilmente a quem precisa dele”, destaca o presidente da Abramat. “Ainda existe muita burocracia que trava os pedidos de empr�stimos, al�m de os juros continuarem elevados.”
Navarro destaca o di�logo entre a Abramat e o governo, mas, ao contr�rio da esfera federal, reclama da manuten��o do ICMS cobrado em alguns dos maiores mercados consumidores do pa�s, como S�o Paulo. “Se os estados obtiveram vantagens de Bras�lia nesse per�odo de pandemia, tamb�m deveriam facilitar para os contribuintes. Infelizmente, n�o � o que se v�, por enquanto. As iniciativas s�o insuficientes at� agora”, critica.
''O cr�dito n�o chega facilmente a quem precisa dele. Ainda existe muita burocracia que trava os pedidos de empr�stimos, al�m de os juros continuarem elevados''
Rodrigo Navarro, presidente da Abramat
Crescimento digital
Na contram�o da queda geral do setor, alguns segmentos est�o em alta. Com mais tempo livre, muitos brasileiros decidiram realizar pequenas obras de manuten��o em casa. Na rede Telhanorte, por exemplo, alguns produtos registram crescimento de 600% nas vendas. Entre eles est�o tomadas, interruptores e tintas. A empresa, bra�o varejista do grupo franc�s Saint-Gobain, tamb�m contabiliza alta de produtos de limpeza (300%), l�mpadas e acess�rios (270%) e itens hidr�ulicos (200%). Toda essa performance surgiu a partir da metade de mar�o, ap�s o in�cio da quarentena.A expans�o dos neg�cios � puxada principalmente pelo e-commerce. Com as vendas presenciais em queda de at� 95% e apenas um ter�o de suas 75 unidades est� em funcionamento, a empresa investiu no sistema de drive-thru, adotado em 10 lojas. Segundo Juliano Ohta, CEO da Saint-Gobain Distribui��o, o trunfo � a diversifica��o dos canais de vendas. “O mix de produtos vendidos pelo drive-thru � muito parecido ao do e-commerce. Basicamente, s�o produtos para reparos”, explica.