(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ECONOMIA

Desemprego afeta 1/3 das fam�lias de renda mais baixa

Segundo pesquisa feita pela consultoria alem� Roland Berger, 30% dos entrevistados dizem j� ter, pelo menos, uma pessoa sem emprego em casa por causa do coronav�rus


postado em 27/04/2020 13:35 / atualizado em 27/04/2020 16:06

Pesquisa aponta que o desemprego atingiu 1/3 das famílias de renda mais baixa no início da pandemia no Brasil(foto: Reprodução/ Internet)
Pesquisa aponta que o desemprego atingiu 1/3 das fam�lias de renda mais baixa no in�cio da pandemia no Brasil (foto: Reprodu��o/ Internet)
Desde que come�ou a quarentena para combater o coronav�rus, a diarista Izabel Cruz de Oliveira perdeu todas as faxinas que fazia durante a semana. Ela conseguia tirar R$ 800 por m�s - dinheiro que bancava os tr�s filhos, sendo o mais novo de um ano de idade. "Com a pandemia, fui dispensada de todas as casas."

Hoje, sem trabalhar, ela vive de doa��es. O pai, aposentado, compra as fraldas do beb� e uma vizinha d� o leite. A igreja tamb�m ajuda com outros produtos, diz Izabel.

Ela mora numa invas�o na zona leste de S�o Paulo, por isso, n�o paga �gua nem luz. "Nunca vi nada t�o assustador como isso que estamos vivendo", afirma a diarista.

Como na casa de Izabel, o desemprego j� bateu na porta de quase um ter�o das fam�lias que ganham at� um sal�rio m�nimo. Segundo pesquisa feita pela consultoria alem� Roland Berger, 30% dos entrevistados - nessa faixa de renda - dizem j� ter, pelo menos, uma pessoa sem emprego em casa por causa do coronav�rus.

"Quanto menor a renda, maior o impacto da crise sobre essa popula��o mais vulner�vel", afirma Marcus Ayres, s�cio da consultoria e um dos respons�veis pela pesquisa.

Segundo ele, o resultado reflete o efeito da crise nos pequenos neg�cios, que concentram os empregos de menor renda. � um efeito em cascata: a lojinha do bairro fecha as portas, deixa de faturar e demite o balconista, que para de consumir, explica ele.

O levantamento, segundo o executivo, ouviu 700 pessoas em todo o pa�s nas primeiras semanas de quarentena. "A cada dia que passa a deteriora��o nos indicadores piora."

No cen�rio do economista da Tend�ncias Consultoria Integrada, Thiago Xavier, a deteriora��o do mercado de trabalho � perversa e r�pida. No in�cio da quarentena, ele previa desemprego de 12,9% ao final deste ano, num cen�rio b�sico, e de 14,1% num cen�rio pessimista. Nos �ltimos dias, o cen�rio pessimista virou o cen�rio b�sico e nada garante que as proje��es n�o possam piorar.

Segundo Xavier, o quadro tra�ado prev� aumento das demiss�es, dos desalentados e dos vulner�veis. A previs�o leva em conta exatamente a participa��o dos pequenos neg�cios no mercado de trabalho. "Cerca de 50% dos ocupados (ou 40 milh�es de pessoas) est�o em empresas com at� cinco funcion�rios", diz o economista. Desse total, 72% est�o na informalidade.

Ele conta que em pesquisa recente do Sebrae, 18,1% dos pequenos empreendimentos afirmaram ter sido obrigados a demitir, em m�dia, tr�s funcion�rios nas �ltimas semanas.

Reserva de emerg�ncia

Outro dado preocupante � a falta de reserva dessa parcela da popula��o. Segundo a pesquisa da Roland Berger, 57% n�o t�m nenhuma reserva de emerg�ncia para se manter sem emprego e outros 14% t�m dinheiro para apenas um m�s. S� 5% t�m f�lego para mais de seis meses.

"Para essa fatia da popula��o, o resultado n�o � surpreendente, mas quando olhamos para fam�lias com rendas maiores e vemos que elas tamb�m n�o t�m reserva, ficamos preocupados", diz Ayres.

Para ter ideia, quase um ter�o das pessoas com renda entre R$ 5 mil e R$ 10 mil s� tem dinheiro para aguentar um m�s sem emprego. Ou seja, mesmo a classe m�dia n�o tem condi��es de se bancar.

Segundo ele, a quest�o � como recolocar essas pessoas no p�s-pandemia. "Elas podem entrar num estado de vulnerabilidade que dificulta at� a busca por novas oportunidades. Isso pode retardar ainda mais a volta do crescimento."

Na opini�o de Xavier, a retomada - que pode ocorrer entre o terceiro e quarto trimestre - se dar� mais em termos de ocupa��o do que de emprego e renda. Isso porque a crise est� acabando com o capital do pequeno empregador, que ficar� mais endividado. "Portanto, a retomada ser� com mais informalidade e renda menor."

Plano B

Quando a quarentena come�ou em mar�o, Herbert Bierwagen completava um ano de trabalho num restaurante no centro de S�o Paulo. Ele desenvolvia um projeto de cafeteria e n�o tinha registro em carteira. "Era minha principal renda. N�o tenho plano B", diz ele, que mora com a fam�lia.

Como tinha cr�dito com o restaurante, est� recebendo R$ 300 por semana. "D� para comer, mas n�o sei at� quando vou receber esse valor."

Felippe Fazan tamb�m perdeu o emprego no in�cio da quarentena. Ele trabalhava h� dez meses num escrit�rio de advocacia, onde 90% dos clientes eram shopping centers. Sem emprego, ele ter� de contar com a ajuda da m�e - �nica a trabalhar em sua casa neste momento - para cobrir suas despesas.

A av�, por nunca ter trabalhado, n�o recebe aposentadoria. "Ficar� mais apertado. Apesar de meu sal�rio ser baixo, eu ajudava com algumas contas de casa."

Desde que foi demitida no m�s passado, Marcela Lima ainda tenta arrumar um emprego em sites e redes sociais. "Mas, diante da paralisia da economia, eles informam que as vagas est�o congeladas ou foram canceladas."

Ela conta que mora com o filho numa casa alugada e depende de sua renda para sobreviver. Gra�as as economias que fez nos �ltimos anos, ela tem uma reserva para se manter durante oito meses. "Terei de fazer mais redu��es. N�o vou morrer de fome, mas preciso me recolocar r�pido." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)