Brasil atinge �pice de incerteza econ�mica, aponta pesquisa

Pesquisa realizada pela Funda��o Get�lio Vargas (FGV) apontou que o Brasil atingiu seu �pice de incerteza econ�mica desde 2000. Para chegar a essa conclus�o, os pesquisadores analisaram cerca de 30 mil not�cias publicadas em abril, em seis jornais brasileiros e o relat�rios Focus, pesquisa semanal realizada pelo Banco Central com institui��es financeiras.

Conforme a pesquisa, o Indicador de Incerteza da Economia no Brasil (IIE-Br) chegou ao mais alto n�vel da s�rie hist�rica, atingindo o marca de 210,5 pontos em abril. Para que se tenha uma compara��o, no mesmo per�odo do ano passado, o �ndice foi de 117,3 pontos e, em meados do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o �ndice n�o passou de 140 pontos.

Os n�meros refletem as crises epidemiol�gica, pol�tica e econ�mica que o pa�s vive. 

Para chegar a esses n�meros, os pesquisadores da FGV analisam, mensalmente, cerca de 30 mil not�cias publicadas no caderno de economia de seis ve�culos. Al�m disso, para que a mat�ria seja analisada, ela deve conter pelo menos uma das tr�s palavras: instabilidade, incerteza ou crise. Os pesquisadores creditam 80% dessa an�lise ao resultado final. Os outros 20% s�o dedicadas �s varia��es de previs�es de investidores quanto � taxa Selic, d�lar e infla��o. 

Em abril, em rela��o apenas � an�lise da m�dia, esse valor foi de 195,3 pontos - maior valor registrado na hist�ria.  J� em rela��o �s expectativas do mercado, o n�vel de incerteza chegou a 225,8, n�mero menor apenas do que o registrado em outubro de 2002, quando o �ndice foi de 257,5 pontos. Na ocasi�o, o mercado estava incerto em rela��o ao governo do rec�m eleito presidente da Rep�blica, Luiz In�cio Lula da Silva (PT).

O pa�s tem o maior n�vel de incerteza econ�mica se comparado a outros 20 no mundo. Para chegar a essa conclus�o, os pesquisadores levaram em conta dados  da Economic Policy Uncertainty (Incerteza da Pol�tica Econ�mica), um grupo formado por pesquisadores da Universidade Northwestern, Universidade Stanford e Universidade de Chicago, todas nos Estados Unidos.

Em segundo lugar est� a China, com 189,2 pontos, e em terceiro a R�ssia, com 178,4. No entanto, para chegar a esse c�lculo, os pesquisadores americanos levaram em conta apenas as reportagens publicadas pela m�dia. Al�m disso, ao contr�rio do que foi feito pela FGV, os pesquisadores analisaram apenas um ve�culo de informa��o para cada pa�s.

Tanto a China quanto a R�ssia s�o pa�ses marcados por regimes fortes e s�o considerados um dos pa�ses menos favor�veis a jornalistas.

A maioria dos pa�ses analisados atingiu o pico da Covid-19 em mar�o, quando houve aumento abrupto da incerteza, seguido de alguma acomoda��o. Mesmo tendo desacelerado em muitos pa�ses, o indicador se manteve historicamente elevado na maioria deles.

Um ponto curioso entre os pa�ses analisados � que em alguns casos o pico recente da incerteza n�o foi durante a pandemia. A China, primeiro pa�s a apresentar casos de Covid-19, j� vinha de um ambiente de incerteza elevada desde o ano passado, em fun��o principalmente da guerra comercial com os EUA. Por l�, o Economic Policy Uncertainty Index (EPUI) para aquele pa�s atingiu o n�vel m�ximo em dezembro de 2019. 

J� o Reino Unido viveu um grau de incerteza ainda maior que de agora em 2019, durante o per�odo mais tenso do Brexit. O Chile experimentou n�veis de incerteza pr�ximos aos n�veis atuais em novembro e dezembro do ano passado, por conta das manifesta��es que pediam melhorias s�cio estruturais.

As incertezas registradas pela pesquisa afastam investidores estrangeiros do pa�s, que preferem manter seus investimentos em pa�ses mais seguros e desenvolvidos.  Um pr�via de maio aponta que o �ndice deve diminuir, mas continuar alto. At� agora, os pesquisadores chegaram ao n�vel de 201,2 pontos.

Em rela��o � m�dia, o �ndice � de 179,4 pontos; movimento n�o muito diferente do registrado nos outros 20 pa�ses analisados pela EPU.

Conforme analisado pela pesquisadora Anna Carolina Gouveia, esse n�mero est� relacionado, al�m do coronav�rus, �s crises pol�tica e econ�mica vividas pelo pa�s. 

"Al�m da incerteza associada � pandemia de Covid-19, comum a quase todos os pa�ses, o Brasil conta com alguns fatores que impulsionaram ainda mais o indicador. Primeiro, o pa�s apresentava um crescimento fraco mais de tr�s anos ap�s uma grande recess�o e buscava reequil�brio macroecon�mico. A crise de sa�de lan�ou grande incerteza sobre os pr�ximos passos da agenda econ�mica. Em segundo lugar, enquanto em muitos pa�ses a pandemia motivou movimentos de uni�o nacional, aqui a incerteza advinda do ambiente pol�tico tamb�m atingiu recordes em abril. Por fim, a pr�pria evolu��o de n�mero de cont�gios e mortes no pa�s continua em fase ascendente nestes �ltimos dias", ponderou.