
Representantes do segmento apontam que a recupera��o vai depender das outras �reas da economia e de apoio da Uni�o. Sem previs�o para o fim das medidas de isolamento social, muitos avi�es est�o parados, enquanto as empresas operam poucas linhas dom�sticas e internacionais, e refor�am cada vez mais as medidas sanit�rias nos voos.
A demanda dom�stica por viagens caiu 93,1% em abril, na compara��o com o mesmo m�s do ano passado, segundo a Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac). Em mar�o, o mesmo �ndice havia registrado queda de 32,9%. Ainda de acordo com a Anac, 399.558 passageiros voaram no m�s passado, o que representa queda de 94,6% na compara��o com abril de 2019. Para os destinos internacionais, em abril a procura caiu 96,1% em compara��o com o mesmo m�s do ano passado.
Desde 28 de mar�o, as companhias a�reas operam n�mero restrito de destinos, a chamada malha essencial. Com o objetivo de manter o pa�s conectado durante a pandemia, a malha inclui 46 destinos: as 26 capitais, o Distrito Federal e mais 19 cidades. A m�dia de voos � de 177 por dia, segundo a Anac. O planejamento do setor a�reo no come�o de mar�o previa 2.563 voos di�rios entre 146 aeroportos, segundo a Associa��o Brasileira das Empresas A�reas (Abear). A associa��o representa as empresas Gol, Latam e Voepass.
O presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, classifica a crise provocada pelo coronav�rus como “um cen�rio como n�s nunca vimos na hist�ria”. Sanovicz analisa que as tr�s maiores companhias a�reas brasileiras – Gol, Latam e Azul – come�aram na crise um pouco mais fortalecidas do que empresas de outros setores, por causa da fal�ncia da concorrente Avianca. “Mas a queima de caixa � brutal”, afirma.
Sanovicz espera uma recupera��o “lenta e leve” do setor. Ele acredita que o n�mero de passageiros n�o ser� o mesmo de antes da pandemia quando o v�rus come�ar a ser controlado. Na avalia��o do dirigente, a recupera��o da avia��o depende da recupera��o de outras �reas da economia. “A gente n�o cria demanda, mas atende. Para as viagens de lazer, se as pessoas n�o tiverem dinheiro n�o v�o viajar. As viagens de neg�cios dependem da retomada de eventos, congressos, feiras. E n�o h� cen�rio de retorno desse setor no curto prazo”, argumenta”.
O presidente da Abear afirma que a retomada do setor a�reo tamb�m vai depender das pol�ticas do governo federal para a recupera��o econ�mica. As empresas a�reas negociaram com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) um pacote de ajuda em forma de empr�stimos, no total de R$ 6 bilh�es – R$ 2 bilh�es para cada uma das tr�s maiores companhias.
O BNDES vai oferecer parte do pacote, e o restante ser� fornecido por bancos privados. Segundo o jornal O Globo, 75% da quantia ser� em forma de t�tulos de d�vida, e 25% poder� ser convertido em a��es. “Vamos atravessar essa crise. Mas como vamos atravessar, vai depender das pol�ticas, especialmente da linha de cr�dito do BNDES”, analisa Eduardo Sanovicz.
Opera��o 'salvamento'
Uma das medidas do governo federal voltada para o setor foi a Medida Provis�ria 925. De acordo com o texto, as empresas a�reas t�m at� 12 meses para reembolsar os clientes que cancelarem viagens compradas at� 31 de dezembro de 2020 por causa da pandemia de coronav�rus. Os valores ser�o repostos com cr�dito, que pode ser utilizado em at� 12 meses a partir da compra inicial. A MP tamb�m estabelece que os consumidores n�o sofram penalidades previstas em contrato.
Por�m, o governo n�o pensa em parar por a�. Na �ltima semana, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou em uma reuni�o com empres�rios que o governo pode se tornar acionista das companhias a�reas para salvar o setor. “Vamos botar um dinheiro l�, vamos comprar um peda�o da empresa. E l� na frente, quando a empresa estiver recuperada, vamos ver que ganhamos dinheiro para preservar as companhias a�reas”, disse o ministro.
O diretor de Alian�as e Rela��es Institucionais da Azul, Marcelo Bento, afirma que a receita da companhia “secou da noite pro dia” com a queda de demanda. Al�m disso, o executivo aponta que na avia��o diminuir custos rapidamente � dif�cil, por causa da especializa��o da m�o de obra. Segundo Bento, essa situa��o comprometeu as contas da Azul, o que faz necess�rio conseguir capital de giro e medidas “que estimulem as viagens numa retomada em m�dio prazo”.
De acordo com o diretor da Azul, a empresa est� aos poucos ampliando a malha de voos, mas a velocidade da retomada depende das decis�es dos governos sobre o isolamento social. “N�s sabemos que o mundo n�o ser� o mesmo depois da pandemia. A companhia acredita numa recupera��o e sabe que ela ser� gradual. As pessoas precisam se deslocar, se conectar, fechar neg�cios, visitar parentes, viajar para descansar”, afirma Marcelo Bento. Uma das apostas da Azul para a retomada � estimular compras futuras, vendendo pacotes que n�o t�m datas definidas no momento da compra.
Sinais
A falta de voos obrigou as companhias a�reas a deixar os avi�es no solo. No Aeroporto Internacional de Confins, 45 avi�es est�o estacionados no p�tio, que foi reorganizado para ter capacidade para 70 aeronaves. Segundo a BH Airport, concession�ria que administra o aeroporto, a queda nos voos supera os 90%. A previs�o era que 1 milh�o de passageiros passassem pelo terminal em abril, com 350 voos di�rios.
Por�m, o m�s registrou 35 mil passageiros, com uma m�dia de 30 voos por dia. O aeroporto criou um grupo de trabalho, que envolve a diretoria, gestores e colaboradores do terminal, para discutir projetos sobre a volta � atividade. At� o final de maio, um plano para a retomada deve ser definido.
O gestor de comunica��o e marketing do Aeroporto de Confins, Nicolau Maranini, afirma que as empresas a�reas sinalizam que em junho o n�mero de voos dom�sticos deve come�ar a subir e os internacionais devem voltar. “Fomos informados que existe a possibilidade de dois voos por semana para a Europa, a partir da segunda quinzena de julho. Mas para os EUA e Argentina n�o h� previs�o. Agora, para voltar ao n�vel anterior � pandemia, s� em maio do ano que vem”, diz Maranini.
Ele acredita que o com�rcio do aeroporto tem condi��es de se recuperar rapidamente com a volta dos voos, pela facilidade de contrata��o de m�o de obra. Por�m, h� d�vida sobre a capacidade dos lojistas conseguirem passar pela crise para reabrir. A BH Airport calcula que 99% das 139 lojas do terminal est�o fechadas.
As maiores empresas a�reas brasileiras anunciaram que est�o aplicando medidas sanit�rias e de gest�o para enfrentar a pandemia. Entre elas, a obriga��o do uso de m�scaras nos voos, refor�o na higieniza��o das aeronaves e instala��es, suspens�o ou adapta��o do servi�o de bordo e distanciamento no embarque e desembarque. As companhias tamb�m est�o transportando profissionais da sa�de gratuitamente e transferiram os funcion�rios dos setores administrativos para trabalho remoto. Segundo o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, essas e novas medidas devem ser refor�adas e ampliadas nas pr�ximas semanas.
*Estagi�rio sob a supervis�o da subeditora Marta Vieira
