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Estado de Minas BRASIL

Queda do movimento nas estradas reflete retra��o na economia

Mesmo com o come�o da reabertura econ�mica no pa�s, monitoramento de ag�ncia revela queda de tr�fego em 12 unidades da federa��o analisadas


postado em 29/06/2020 04:00 / atualizado em 28/06/2020 23:52

Obstáculos na pista: transporte de gêneros alimentícios e de minério são os que ainda garantem o ganha pão de quem vive na estrada (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A press)
Obst�culos na pista: transporte de g�neros aliment�cios e de min�rio s�o os que ainda garantem o ganha p�o de quem vive na estrada (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A press)


Apesar da flexibiliza��o do com�rcio em v�rias regi�es de Minas e do pa�s, monitoramento do movimento nas estradas feito pela Ag�ncia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) mostra um pa�s em marcha lenta, e extremamente desacelerado desde o in�cio da pandemia. Em todas as unidades da federa��o avaliadas, o tr�fego recuou, com quedas de at� 46%. Somente Minas Gerais, o estado com a maior malha vi�ria do pa�s, perdeu um quarto do seu transporte de cargas e passageiros nas rodovias, devido ao fato de que o enfrentamento � COVID-19 exige pol�ticas de isolamento que fecharam boa parte do com�rcio em todo o Brasil.


De acordo com a ANTT, a redu��o no estado foi de 25,2%, com a movimenta��o em sete estradas federais monitoradas caindo da m�dia de 13.464 ve�culos por dia, em mar�o, antes do distanciamento social, para 10.073/dia, em m�dia neste m�s. Nas rodovias que cruzam o estado, ve�culos de transporte de carga ainda conseguem rodar para levar alimentos, produtos de necessidade b�sica e min�rio de ferro. Mas muitos dos demais produtos est�o encalhados em estoques de pontos de com�rcio paralisados. A pr�pria retra��o das atividades trouxe precariedade para a beira da estrada reduzindo tamb�m a oferta de mec�nicos, socorristas, borracheiros e inflacionando os pre�os de alimentos.


O monitoramento ocorre em Capim Branco (BR-040/Regi�o Central), Comendador Gomes (BR-153/Tri�ngulo), Araguari (BR-050/Tri�ngulo), Florestal (BR-262/Grande BH), Barbacena (BR-040/Campos das Vertentes), Delta (BR-050/Tri�ngulo) e Uberaba (BR-050/Tri�ngulo). A contagem � um retrato imperfeito, uma vez que ficaram de fora rodovias como a mais movimentada do estado, a BR-381 (Fern�o Dias), entre Contagem e S�o Paulo, devido ao fato de que o monitoramento desta via � feito dentro de um posto de pesagem que foi desativado devido �s medidas sanit�rias.
Entre as monitoradas, a rodovia que experimentou a maior queda de tr�fego foi a BR-153, em Comendador Gomes. A estrada que liga S�o Paulo a Goi�s passando por territ�rio mineiro sofreu uma redu��o de 14,7%, com o movimento de cargas despencando de 1.893 caminh�es por dia na primeira semana de mar�o, para 1.615 na primeira semana de junho.


Na Grande BH, a via que maior queda experimentou foi a BR-040, que faz a liga��o da capital mineira com o Rio de Janeiro. O movimento calculado pela ag�ncia na altura de Barbacena, na Regi�o Central de Minas, caiu 9,6%, de 1.714 para 1.556 ve�culos di�rios de mar�o para junho. Observando apenas essa estrada, percebe-se que o fluxo caiu mais no sentido norte, ou seja, do Rio de Janeiro para Belo Horizonte, com redu��o de 12,2% dos ve�culos.


O tr�fego no sentido oposto, com destino ao Rio de Janeiro, caiu apenas 6,2%. “O Rio de Janeiro sofreu muito com a COVID-19, muitos caminhoneiros pararam e essa oportunidade foi suprida pelos outros estados, com muita gente de Minas e de outros estados seguindo para os portos do Rio”, avalia o presidente do Sindicato Intermunicipal dos Caminhoneiros, Jos� Natan Em�dio Neto.

NA M�O DE DEUS

“A gente est� ao Deus dar�”, afirma o caminhoneiro Robson Pereira da Silva, de 45 anos, que transporta sucata de Goi�s para Minas Gerais e sente que a precariedade aumentar nas rodovias, devido ao fechamento de muitos servi�os e a mudan�a nas formas de atendimentos de outros. “O socorro, conforme as coisas v�o engrenando, tem melhorado, mas ainda n�o tenho seguran�a de sair de Goi�nia e precisar de algum conserto de emerg�ncia. J� teve vezes em que a empresa precisou mandar um mec�nico de Goi�s para c� para fazer reparos no caminh�o, porque eu n�o achava nada aberto na estrada”, conta o caminhoneiro.


“O pior � que nos restaurantes agora s� atendem por marmitex. Como os pre�os subiram muito, para os caminhoneiros que precisam sempre desse alimento ficou muito puxado”, relata o motorista. “Antigamente era R$ 13 a marmita; agora voc� n�o paga menos de R$ 18”, reclama.


Quem precisa de algum reparo de emerg�ncia tem necessitado rodar mais para encontrar. Segundo o mec�nico e socorrista de reboques Edimar dos Santos, de 34, de Congonhas, o trabalho diminuiu, mas quem precisa tem de conseguir trafegar por maiores dist�ncias para conseguir um conserto. “As pessoas ficaram mais em casa. O que ainda est� segurando a nossa renda s�o os transportadores de min�rio, que ainda est�o rodando. Antes tinha mais viajantes, agora � quase que s� os caminhoneiros de min�rio de ferro. Essa estrada aqui � muito ruim e est� quase tudo fechado. N�o achamos lojas ou aux�lio. Se precisarem de socorro, as pessoas t�m precisado de rodar muito mais ou esperar que gente venha de mais longe”, conta.


Os impactos das restri��es sanit�rias diminu�ram a oferta de cargas para transporte e fizeram com que o caminhoneiro Maiquel Lucas Zacarias de Almeida, de 30, natural de Carmo da Cachoeira, ficasse praticamente um m�s parado. “Pior � que diminu�ram as cargas, est� muito complicado. Eu puxo m�quinas, cervejas, refrigerantes, de tudo um pouco, mas reduziu muito”, constata. “Tudo o que levo para S�o Paulo caiu, porque l� n�o est� aberto. No Paran� est� pior ainda, porque voc� roda e n�o acha nada funcionando. Tive de ficar 25 dias parado, porque n�o conseguia comprar provis�es e pe�as de manuten��o. Naquele m�s, para mim, que sou aut�nomo, foi muito dif�cil, o meu faturamento foi a zero”, lembra.

Robson Pereira da Silva diante da cozinha com a qual viaja: preço da alimentação se tornou um peso a mais a ser carregado pelos caminhoneiros(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A press)
Robson Pereira da Silva diante da cozinha com a qual viaja: pre�o da alimenta��o se tornou um peso a mais a ser carregado pelos caminhoneiros (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A press)
 

‘Locomotiva do Brasil’ segue em marcha lenta

Dos 12 estados que t�m o acompanhamento da ANTT, Minas Gerais foi o 10º com a maior queda de tr�fego de cargas, na compara��o da m�dia di�ria de mar�o com a de junho. Os piores s�o o Rio de Janeiro, com o encolhimento de 46% do volume de caminh�es nas rodovias, seguido por Santa Catarina (-41,9%) e Paran� (-40,5%), sendo que em S�o Paulo, estado que � considerado o motor da economia brasileira, o encolhimento do transporte pesado chegou a 35,7%. A rodovia brasileira que enfrentou a maior queda de tr�fego depois da pandemia foi a BR-364, em Alto Gar�as, no Mato Grosso. A m�dia di�ria de ve�culos de mar�o caiu de 3.158 para 1.995, representando retra��o de 36,8% do movimento.


Al�m das dificuldades nas estradas e do encolhimento do mercado de cargas para frete, a situa��o econ�mica do pa�s tamb�m amea�a tirar do mercado v�rios aut�nomos que trabalham como caminhoneiros. Segundo o presidente do Sindicato Intermunicipal dos Caminhoneiros, Jos� Natan Em�dio Neto, est�o marcadas reuni�es com representantes do governo federal para negociar condi��es mais favor�veis de cr�dito. “Parou muita gente. Mas as parcelas de financiamento dos ve�culos seguem sendo cobradas. Queremos que o BNDES possa paralisar essas presta��es enquanto estiver nessa dificuldade”, afirma o sindicalista.


De acordo com ele, a situa��o � ainda mais dram�tica entre os transportadores de vans e �nibus. “Temos amigos que mexem com �nibus e que j� pararam h� quatro meses, mas continuam tendo esses encargos. O governo vai ter de fazer alguma coisa. N�o tem condi��o de voc� pagar presta��es se n�o tem de onde tirar os recursos”, reclama Neto.


Um dos poucos lugares em Minas Gerais que experimentaram aumento de volume de tr�fego foi a BR-050, em Uberaba, no Tri�ngulo. Nessa estrada, a m�dia de caminh�es di�rios em mar�o saltou 17,5%, passando de 559 viagens para 657.


Segundo o presidente do sindicato dos caminhoneiros, uma das raz�es � a alta do agroneg�cio, mesmo em tempos de pandemia. “Aquela regi�o escoa o agroneg�cio de Minas Gerais, Goi�s e de S�o Paulo. Esse mercado � o �nico que est� aquecido e por isso muita gente roda para transportar alimentos. Infelizmente n�o � um neg�cio nacional mais, as grandes produtoras internacionais v�m aqui, plantam na terra e depois levam embora os lucros”, pondera.


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