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Estado de Minas

Com 33% de desemprego, Confins espera frear crise com retomada do aeroporto

Cidade da Grande BH perdeu mais de 50% da arrecada��o na pandemia e bate recorde de fam�lias carentes. Com�rcio teme novo fechamento


27/07/2020 04:00 - atualizado 27/07/2020 09:18

Neste mês, a BH Airport prevê a movimentação de 1,4 mil voos no terminal aéreo - aumento de 75% em relação a junho, quando o número ficou em 800(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Neste m�s, a BH Airport prev� a movimenta��o de 1,4 mil voos no terminal a�reo - aumento de 75% em rela��o a junho, quando o n�mero ficou em 800 (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)
Anunciada pela concession�ria BH Airport, a retomada progressiva dos voos no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, esperada para este m�s, ainda est� longe de entusiasmar os moradores de Confins – cidade da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte que abriga o terminal. “� uma boa not�cia”, reage o taxista Clenilson Santos. “Mas prefiro esperar para ver se essa melhora engata mesmo”, emenda o motorista, que teve a renda drasticamente reduzida desde o in�cio da pandemia. “Durante toda a semana passada, fiz duas viagens. Confesso que estou me mantendo com doa��es – de gasolina a cestas b�sicas”, relata.

 

A situa��o de Clenilson � compartilhada por mais de um ter�o dos trabalhadores do munic�pio, desde que a principal engrenagem de sua economia reduziu as atividades – condi��o imposta pela pandemia do novo coronav�rus. Segundo a prefeitura, o �ndice de desemprego em Confins, com pouco mais de 6,3 mil habitantes, � de 33%. Ainda de acordo com a administra��o municipal, nos �ltimos cinco meses, o n�mero de fam�lias cadastradas em programas de aux�lio da Secretaria de Assist�ncia Social praticamente dobrou.


O taxista Clenilson Santos, que teve a renda drasticamente reduzida desde o início da pandemia, diz que está se mantendo com doações(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
O taxista Clenilson Santos, que teve a renda drasticamente reduzida desde o in�cio da pandemia, diz que est� se mantendo com doa��es (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)
“Passamos a fornecer cestas b�sicas a 213 novas fam�lias. S�o cerca de 500, no total. Lembrando que estamos falando de gente que n�o faz parte de outros programas sociais, como o Bolsa Fam�lia, ou da distribui��o de cestas pelas escolas estaduais (os cidad�os n�o podem receber duas ajudas simultaneamente). Temos esse p�blico tamb�m. Somando todo mundo, diria que s�o 1,6 mil fam�lias economicamente vulner�veis”, estima Gustavo Valadares, procurador-geral do munic�pio.

 

A queda no movimento do aeroporto tamb�m fez a arrecada��o da cidade despencar. Valadares conta que os impostos gerados pelos servi�os prestados no terminal – sobretudo o ISS, o Imposto sobre Servi�os – respondem por 40% do PIB municipal. Com a diminui��o dos voos, que chegou a 96% em abril, Confins perdeu 85% dessa receita. Neste m�s, a BH Airport prev� a movimenta��o de 1,4 mil voos na base a�rea – aumento de 75% em rela��o a junho, quando o n�mero ficou em 800. � um crescimento modesto diante do fluxo pr�-pandemia, que girava em torno de 9 mil viagens mensais, com 900 mil pessoas circulando pelos sagu�es. A expectativa da gest�o do munic�pio, por�m, � de que a pequena arrancada ajude a estancar a sangria das contas p�blicas e da economia local.

 

Rosilene Pereira, dona de restaurante, espera recuperar magros 10% do faturamento de seu negócio até o fim do mês(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Rosilene Pereira, dona de restaurante, espera recuperar magros 10% do faturamento de seu neg�cio at� o fim do m�s (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)

 

Receita pela metade

Na Pra�a D�lio Jardim de Matos, Centro de Confins, o com�rcio chegou a ser fechado por 40 dias, mas funciona em expediente normal desde 7 de junho. Apenas bares, restaurantes e lanchonetes continuam restritos, com autoriza��o para atender apenas no esquema delivery. Os lojistas da regi�o avaliam que a retomada do setor de avia��o n�o produzir� efeitos imediatos.

 

Rosilene Pereira, dona de restaurante, espera recuperar magros 10% do faturamento de seu neg�cio at� o fim do m�s. Desde o in�cio da pandemia, ela diz que a receita da casa caiu pela metade. “Grande parte do meu movimento vinha de contratos que tinha com empresas terceirizadas do aeroporto. Elas pagavam para que os funcion�rios almo�assem aqui. Com a crise, isso acabou – at� porque esses empregados foram demitidos. O aeroporto j� est� mais cheio, mas n�o vai voltar a contratar. Logo, eu n�o fecho contratos, entende? Esse aquecimento at� d� uma animada, mas ainda n�o vai me tirar do atoleiro”, analisa a microempres�ria.

 

A vendedora Larissa Souza, que trabalha numa loja de roupas, sente que, aos poucos, o pessoal está voltando(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
A vendedora Larissa Souza, que trabalha numa loja de roupas, sente que, aos poucos, o pessoal est� voltando (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)
Propriet�rio de uma barbearia na Rua Jos� Ribeiro Sobrinho, Eloi da Costa Pinto diz que, atualmente, usa mais a espregui�adeira (onde se senta para esperar clientes) que a poltrona de barbear. “Muita gente sem dinheiro, se virando em casa mesmo. Atendo mais ou menos uns sete ou oito clientes fixos e fi�is. Mesmo assim, de vez em quando, penduro a conta!”, brinca.

 

A vendedora Larissa Souza, que trabalha numa loja de roupas, comemora a leve recupera��o das vendas. “Eu senti uma melhora. Embora tenha dias que n�o vendo nada, fico � toa o dia inteiro. Antes da pandemia, n�o era assim. Mas sinto que, aos poucos, o pessoal est� voltando. At� os clientes do aeroporto, que tinham sumido, voltei a atender”, comenta a jovem.

 

Ela teme, por�m, que a mesma movimenta��o que gira o caixa do estabelecimento tamb�m acabe provocando o avan�o da COVID-19 em Confins, e o consequente fechamento do com�rcio. “Tem muita gente que trabalha no aeroporto e mora aqui. Ent�o, � um pouco complicado frear a contamina��o. Temos poucos casos da doen�a, mas o quadro pode piorar. Com isso, a prefeitura ou a Justi�a pode mandar fechar as lojas de novo. Passamos 40 dias sem funcionar e foi um desastre. Eu entendo que � uma quest�o de sa�de, mas essa � a minha �nica renda. Fico com medo”, admite.

 

Sob controle

Proprietário de uma barbearia, Eloi da Costa Pinto diz que, atualmente, atende mais ou menos uns sete ou oito clientes fixos e fiéis(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Propriet�rio de uma barbearia, Eloi da Costa Pinto diz que, atualmente, atende mais ou menos uns sete ou oito clientes fixos e fi�is (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)
Com 20 casos confirmados de infec��o pelo novo coronav�rus – dados do �ltimo boletim epidemiol�gico divulgado pela Secretaria Municipal de Sa�de na sexta-feira – a prefeitura considera que a pandemia est� sob controle e diz que n�o tem planos de suspender as atividades comerciais na cidade. Confins, no entanto, n�o aderiu ao programa Minas Consciente, lan�ado pelo governador Romeu Zema (Novo)  para coordenar a flexibiliza��o no estado. O Tribunal de Justi�a de Minas Gerais determinou, em 9 de julho, que as localidades que n�o seguem a iniciativa devem manter apenas o com�rcio essencial funcionando. Os munic�pios t�m at� 29 de julho para cumprir a decis�o.

 

O procurador-geral de Confins, Gustavo Valadares, diz que a gest�o municipal prepara, junto � Associa��o Mineira de Munic�pios (AMN), uma defesa para apresentar � Justi�a. Ele argumenta que as atividades econ�micas em Confins n�o geram aglomera��es. O dirigente tamb�m pretende sugerir uma reavalia��o do Minas Consciente.

 

“Atualmente, as decis�es s�o embasadas levando em conta o cen�rio das macrorregi�es, mas as cidades t�m realidades muito distintas. N�s, por exemplo, estamos colados em Contagem, mas n�o temos nem 10% dos casos de COVID-19 que eles t�m l�. O Minas Consciente precisa considerar as microrregi�es. Se n�o for assim, nossa situa��o aqui vai ficar bem cr�tica. A cat�strofe econ�mica, aqui, j� supera, e muito, a situa��o da pandemia. Esta est� sob controle. A financeira, longe disso”, afirma.

 


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