
O teto dos gastos � importante para que o governo contenha a sanha de gastan�a. Impede que o endividamento do setor p�blico saia do controle, o que provocaria uma onda enorme de desconfian�a, com a volta da infla��o, a disparada dos juros e, pior, o risco de calote. Tudo o que o pa�s viveu em um passado recente. Por enquanto, nada indica que esse quadro de horror esteja no radar de curto e m�dio prazos. Mas, infelizmente, entrou no horizonte de quem acompanha o desempenho das contas p�blicas.
N�o por acaso, as taxas futuras de juros, por meio das quais os investidores projetam, ao longo dos anos, o custo do dinheiro, est�o em disparada h� dois dias. Quem negocia esses contratos passou a embutir em suas estimativas o perigo de o governo ceder � tenta��o da gastan�a, como alertou Paulo Guedes, se o presidente Jair Bolsonaro seguir o conselho dos ministros “fura-teto”. Somente na quinta-feira (13/08), nos contratos com vencimento em janeiro de 2023, os juros subiram de 3,95% para 4,01% ao ano. Naqueles com vencimento em janeiro de 2025, as taxas pularam de 5,71% para 5,84% anuais. Nos de janeiro de 2027, o salto foi de 6,71% para 6,89% ao ano.
Esse aumento dos juros j� se reflete na d�vida p�blica. Mesmo antes de a guerra enfrentada pela equipe econ�mica ganhar os holofotes, o Tesouro Nacional j� vinha registrando dois movimentos perigosos: custo mais alto para colocar t�tulos no mercado e encurtamento dos prazos dos pap�is. De maio para junho, os vencimentos da d�vida em 12 meses atingiram 23,3% do total. No geral, o prazo m�dio do endividamento p�blico caiu para apenas 3,87 meses. Significa dizer que, em menos de quatro anos, o governo precisa refinanciar toda a sua d�vida, atualmente de R$ 4,4 trilh�es. Os juros m�dios alcan�aram, no mesmo per�odo, 9,04% anuais, mesmo com a taxa b�sica (Selic) estando em 2% ao ano, piso hist�rico.
Tudo isso pode parecer t�cnico demais. Mas o resumo � muito simples: se o governo desrespeitar o teto de gastos, ampliar as despesas al�m da conta, a d�vida p�blica explodir� e o risco de quem poupa em t�tulos p�blicos, seja por meio de fundos de investimentos, seja por interm�dio de planos de previd�ncia, aumentar� muito. Portanto, a ordem � vigil�ncia total sobre o presidente Bolsonaro, que est� vestindo um modelito populista, de olho em um �nico objeto: a reelei��o.