
Quem vai com frequ�ncia ao supermercado tem levado um susto ap�s o outro. Primeiro foi o leite, que viu seu pre�o disparar 14,73% neste ano. Em setembro, os vil�es s�o o arroz, que registra varia��o de 19,57%, e o �leo de soja, com eleva��o m�dia de 15,66%.
Outros itens da cesta b�sica, como batata inglesa e o feij�o carioquinha, tamb�m ficaram com pre�os mais salgados, com altas de 20% e 27% neste ano, respectivamente, segundo dados do Funda��o Instituto de Pesquisas Econ�micas, Administrativas e Cont�beis de Minas Gerais (Ipead).
A resposta para esse descontrole nos pre�os, segundo a Associa��o Brasileira de Supermercados (Abras), est� no aumento das exporta��es destes produtos e sua mat�ria-prima, assim como a redu��o na importa��o desses itens, motivadas pela mudan�a na taxa de c�mbio, que provocou a desvaloriza��o do real frente ao d�lar.
Soma-se a isso, a pol�tica fiscal de incentivo �s exporta��es e o crescimento da demanda interna impulsionado pelo aux�lio emergencial. “Reconhecemos o importante papel que o setor agr�cola e suas exporta��es t�m desempenhado na economia brasileira. Mas alertamos para o desequil�brio entre a oferta e a demanda no mercado interno para evitar transtornos no abastecimento da popula��o, principalmente em momento de pandemia do novo Coronav�rus (COVID-19)”, ressaltou a Abras por meio de nota.
Nos supermercados os resultados s�o prateleiras vazias e a limita��o de compra de v�rios g�neros aliment�cios. Nesta quinta-feira (3), a associa��o comunicou � Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Minist�rio da Justi�a e Seguran�a P�blica, sobre os reajustes de pre�os dos itens, com o intuito de buscar solu��es junto a todos os participantes dessa cadeia de fornecedores dos produtos comercializados nos supermercados.
“Vamos continuar buscando oferecer aos consumidores op��es de substitui��o dos produtos mais impactados por esses aumentos”, informou.
J� a Associa��o Mineira de Supermercados (Amis) garantiu que os aumentos n�o representam lucro para os supermercados, “porque eles n�o ampliaram suas margens. Pelo contr�rio, o setor tamb�m tem sofrido com aumentos de custos, j� que precisa atender o consumidor em um momento de alto desemprego e redu��o da renda”.
Em Sete Lagoas, na regi�o metropolitana de Belo Horizonte, o pacote de cinco quilos de arroz mais barato, que antes poderia ser adquirido por R$ 11,90, agora � encontrado por R$ 19,90. Mas h� marcas que chegam a R$ 26,90.
Com o �leo de soja a varia��o foi ainda maior. H� duas semanas a garrafa de 900ml era encontrada por R$ 3,59 e agora a mais barata est� custando R$ 5,89.
Em Itapecerica, na regi�o Centro-Oeste de Minas Gerais, a situa��o n�o � diferente. A cesta b�sica, por exemplo, sofreu um reajuste de aproximadamente 15%, impulsionada pelo pre�o do arroz, �leo e feij�o. “Est� muito pesado. Fiz compra essa semana e comprei o m�nimo do m�nimo. Fico imaginando para fam�lia que tem renda de um sal�rio m�nimo, como vai sobreviver se continuar neste ritmo”, relata a aposentada Selma Viera.
Desabastecimento
A varia��o do d�lar est� respigando tamb�m em segmentos que v�o al�m do aliment�cio. Em Divin�polis, tamb�m no Centro-Oeste mineiro, empres�rios t�m alertado os consumidores sobre, principalmente, o prazo de entrega de alguns produtos. Essa � a realidade do setor moveleiro.
“Estamos pedindo 60 dias [para entregar] dependendo da cor”, conta o propriet�rio de uma empresa de m�veis planejados, Aguimar Santiago. Em 30 dias, o pre�o das principais mat�rias primas (MDV, dobradi�a e corredi�a) aumentou 40%.
“As vendas caem e n�o adianta vender porque n�o tem como entregar. Em 28 anos que trabalho neste ramo nunca vi subir tanto como aconteceu esses dias”, conta.
Dificuldade tamb�m enfrentada pelo setor t�xtil. “Estamos perdendo muita venda porque a malha n�o chega e o pouco que chega vem em um valor muito alto, j� aumentou mais de 20%”, relata o vendedor Adriano Avelino da Silva.
Agosto foi o melhor m�s do ano na loja. Mas, sem o fio de algod�o, as vendas para setembro, outubro e novembro est�o amea�adas. “S�o os melhores meses do ano para a gente e ainda n�o sabemos como ser�”.
Embora v�rios fatores possam influenciar na escassez de produtos e descontrole do pre�o, o presidente do Sindicato do Com�rcio Patronal de Divin�polis, Gilson Amaral, cita dois: aumento do d�lar e pandemia. “Mesmo fora do pa�s muitas ind�strias pararam, o transporte ficou mais lento, o mundo diminuiu a marcha. Com o d�lar ao pre�o que est� o produtor prefere exportar que vender para o mercado interno”, explica.
Amaral, que tamb�m � propriet�rio de uma rede de supermercados em Divin�polis, destaca que o impacto � sentido na linha de frente. “N�o tem ningu�m querendo tirar proveito da situa��o. At� porque quando o supermercado repassa o aumento, a venda cai. Queremos vender barato em um volume maior”, enfatizou.
Segundo ele, a tend�ncia de alta dos produtos mais comuns na mesa do brasileiro deve se manter at� o final do ano.