(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas CARESTIA

Infla��o no Brasil � maior para os pobres, mostra o Ipea

Devido � eleva��o do pre�o dos alimentos, as fam�lias de menor renda enfrentaram carestia duas vezes maior, nos �ltimos 12 meses, do que as mais ricas, por conta da cesta de consumo


21/09/2020 07:38

(foto: Ed Alves/CB/DA Press)
(foto: Ed Alves/CB/DA Press)

A infla��o dos mais pobres superou em duas vezes a dos mais ricos nos �ltimos 12 meses. � o que revela o Indicador Ipea de Infla��o por Faixa de Renda, elaborado com base nos dados sobre h�bitos de consumo disponibilizados pelo Sistema Nacional de �ndice de Pre�os ao Consumidor (SNIPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).

Somente em agosto, segundo o indicador, a infla��o para fam�lias de renda muito baixa — assim consideradas as que t�m renda mensal menor do que R$ 1.650,50 — foi de 0,38%. No entanto, a carestia para a faixa de renda m�dia-alta (entre R$ 8.254,83 e R$ 16.509,66) foi de apenas 0,13%, registrando queda de 0,10% para as fam�lias de renda alta.

Jos� Lu�s Oreiro, professor do Departamento de Economia da Universidade de Bras�lia (UnB), explica que a diferen�a entre a infla��o de ricos e pobres deve-se � composi��o de consumo de cada um desses grupos. “A classe de menor renda tem uma propor��o maior de alimentos em sua base de consumo, ou seja, gasta maior parte da renda com esses produtos, enquanto os mais ricos t�m uma propor��o maior de servi�os.” Desse modo, a recente alta no pre�o dos alimentos teve maior impacto na popula��o de baixa renda.

A respons�vel pelo indicador do Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea), Maria Andreia, disse que a pandemia causada pelo novo coronav�rus, e a quarentena, alteraram essa composi��o — em preju�zo dos mais pobres. “Os servi�os normalmente consumidos pelas fam�lias com renda maior, como mensalidade da escola, passagens a�reas, gasolina etc. diminuem ou zeram quando se est� em casa. Dessa forma, o dinheiro que seria destinado para esses gastos passa a ser direcionado a outros produtos — que, conforme observamos na pesquisa, foi para o setor aliment�cio”, assinalou.

“Se n�o fosse pela pandemia, a diferen�a seria menor. Com as pessoas passando mais tempo em casa, devido � quarentena, � necess�rio comprar mais para poder se alimentar. Al�m disso, tivemos casos de fam�lias fazendo estoques de comida prevendo falta de alguns produtos. Essa alta procura faz com que o pre�o aumente. � a lei da oferta e da demanda”, explicou Maria Andreia.

Impacto
Oreiro chamou a aten��o para o grande impacto no pre�o do arroz no or�amento das fam�lias. “O aumento do arroz no mercado internacional aconteceu porque os grandes fornecedores do alimento, �ndia e Vietn�, por quest�es de seguran�a, restringiram as exporta��es do produto”, observou. Enquanto a infla��o dos mais pobres cresce, os ricos, que consomem em maior parte servi�os, possuem o benef�cio da defla��o em alguns setores, ou seja, da queda de seus pre�os, o que colaborou para a percep��o da classe mais pobre sofrer uma infla��o maior.

Para o professor, a perspectiva � que isso se mantenha enquanto durar a pandemia. “A infla��o de alimentos s� vai come�ar a arrefecer no in�cio de 2021, porque, neste momento, estamos na entressafra”, declarou.

A infla��o afetou de maneira diferente os lares brasileiros. A comerciante Katiane Braga, 34, explica que, durante a quarentena, economizou cerca de R$ 700 por m�s com o deslocamento at� o trabalho. “Diminu�mos o consumo de gasolina em 90%. S� que, ao passar esse per�odo em casa, nosso consumo de alimentos aumentou. Chegamos a ir ao mercado duas vezes por semana, gastando, assim, tr�s vezes mais do que na rotina normal”, conta.

A diarista Rosa Maria Concei��o, por sua vez, afirmou que deixou de consumir arroz devido ao pre�o elevado. “Senti muito (a infla��o). Uma diferen�a (de pre�o) enorme. Arroz, �leo, feij�o... � um impacto muito grande para a gente. Eu parei de comer arroz, esperando o pre�o baixar um pouco, porque est� muito caro. Estou fazendo verduras no lugar de arroz, porque est� dif�cil”, contou. A diarista tamb�m diminuiu o consumo de �leo.

Iraci Viana, 27, tentou economizar por outro lado: deixou de ir ao trabalho de carro e come�ou a usar o transporte p�blico, economizando na gasolina para conseguir pagar as contas do m�s. Maria Silva, 42, confeiteira, relatou ao Correio outro problema causado pelo aumento dos produtos. Com os pre�os alto dos ingredientes, o lucro dela caiu. No entanto, Maria conta que n�o pode optar por mudar as marcas dos produtos que usa para confeitar: “Para conseguir entregar um produto com a mesma qualidade, preciso procurar mais promo��es. N�o posso comprar marcas inferiores, porque isso afeta a qualidade com que os clientes est�o acostumados”, disse.

(Por Edis Henrique Peres, Nat�lia Bosco e Carinne Souza) 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)