Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), o setor tem um saldo negativo de 236.350 postos de trabalho com carteira assinada em 2020 at� setembro. Mais de 500 empresas de todo o pa�s participaram da pesquisa, realizada entre os dias 7 e 27 de novembro.
Outro dado preocupante e que ir� merecer a aten��o dos governos diz respeito aos tributos: 39% afirmaram que est�o com impostos atrasados. Desse total, 34% v�o aguardar op��es de parcelamento e outros 31% dizem que conseguir�o pagar apenas se houver descontos, mesmo com o financiamento da d�vida.
Dificuldades para a retomada
A pesquisa quis saber quais as principais dificuldades para a retomada. Para 29%, o motivo � o ponto do estabelecimento, instalado em shoppings, aeroportos ou pr�ximos a escrit�rios, locais que ainda n�o voltaram a ter movimento. Outros 27% apontaram a falta de confian�a do consumidor como causa. Para 24%, o problema maior � a queda da renda dos clientes na pandemia e outros 20% atribu�ram os resultados �s limita��es de hor�rios impostas pelas legisla��es estaduais ou municipais.
Em Belo Horizonte, a venda de bebidas alco�licas foi proibida em bares e restaurantes, pelo Decreto 17.484. A medida chegou a ser revista pela justi�a, mas a Prefeitura conseguiu derrubar a liminar.
Segundo o levantamento, 37% das empresas que possuem mais de uma unidade j� promoveram o fechamento de lojas. Em rela��o ao faturamento do m�s de outubro, comparado com o mesmo per�odo de 2019, 27% afirmaram que tiveram queda acima de 50%, enquanto para outros 29% a receita diminuiu entre 26% e 50%.
Fatores positivos
Os resultados apontaram uma melhora no �ndice de sobreviv�ncia das empresas. Em agosto, 22% dos entrevistados afirmaram que fechariam as portas. O n�mero agora � de 9%. Outro dado positivo foi a melhora do cr�dito. Dos 58% que pediram, 75% afirmam ter conseguido utilizar alguma das linhas oferecidas pelos governos. Na pesquisa anterior, o �ndice de aceita��o das propostas era de 50%. O motivo alegado pela maioria das empresas que tiveram propostas recusadas (61%) foi a escassez dos recursos das linhas anunciadas.
"H� duas leituras importantes para a diminui��o da taxa de mortalidade: o cr�dito passou a chegar a uma parcela maior das empresas e, infelizmente, muitos bares e restaurantes j� fecharam as portas nos �ltimos meses e j� n�o fazem mais parte da base de nossos entrevistados", afirma Fernando Blower, diretor executivo da ANR.
"Esse novo estudo mostra que o setor est� passando por uma grande transforma��o, o que traz oportunidades, mas que ainda continua a enfrentar os desafios provocados pela pandemia, tanto que 70% dos entrevistados alegam ter acessado os mecanismos da Medida Provis�ria 936, que prev�, dentre outros, a redu��o de sal�rios e jornada. Detectamos tamb�m que neg�cios em rede ou grupos tiveram uma melhor performance, mas mesmo assim os reflexos s�o significativos", afirma Simone Galante, CEO da Galunion Consultoria.
Capacidade de pagamento e incertezas
Outro questionamento feito �s empresas foi sobre a capacidade de liquidez para pagar a folha de novembro e o 13º sal�rio. 74% delas afirmaram que disp�em de recursos em caixa, enquanto 26% disseram que n�o. Para o presidente da ANR, Cristiano Melles, os dados gerais confirmam as previs�es de que 2020 vai terminar como o pior ano da hist�ria do setor.
"N�s estamos trabalhando fortemente para a abertura de novas linhas de cr�dito e na quest�o dos tributos. Acreditamos que ainda teremos um semestre com alguns altos e baixos, uma vez que as estat�sticas apontam para o aumento no n�mero de casos de COVID-19 no pa�s. Mas quero refor�ar, mais uma vez, que nosso setor tem cumprido com rigidez todas as regras e protocolos de seguran�a e n�o queremos e nem devemos ser penalizados com novas restri��es enquanto vemos quase todos os dias, em v�rias partes do pa�s, eventos clandestinos sem nenhuma fiscaliza��o", alerta Melles.
Diante de tantas incertezas, 56% dos entrevistados afirmaram n�o ser poss�vel ainda fazer qualquer previs�o de faturamento para 2021.
Em rela��o ao futuro, 41% afirmaram estarem abertos a novas parcerias de neg�cios e investidores, 37% est�o investindo em formatos e novos canais, 23% em novas marcas pr�prias, 22% buscam financiamento/investidores, mas n�o abrem m�o de controlar o neg�cio e 22% querem vender o estabelecimento.
O estudo apontou tamb�m que 23% das vendas ainda s�o pagas em dinheiro.
"N�o se trata somente da pandemia passar, e sim da transforma��o de todo o setor, onde h� desafios para ampliar canais de vendas, novas formas de relacionamento com consumidor, ajustes na oferta de produtos e servi�os e na competitividade de forma geral. O delivery continua e ter� um papel importante, mas o modelo de capta��o de pedidos est� evoluindo para m�ltiplas formas (marketplace, e-commerce, aplicativo pr�prio, parcerias), acelerando a digitaliza��o do setor. Al�m disso, ajustar canais de abastecimento, produtividade e desperd�cios continua a ser um fator importante para mais de 40% dos entrevistados", ressalta Simone Galante.
*Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Jo�o Renato Faria
