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Estado de Minas ECONOMIA

No radar de investidores, o setor do luto

Segmento que re�ne servi�os de funer�rias, cemit�rios e cremat�rios fatura R$ 3 bilh�es por ano, mas ainda tem com pouca visibilidade no Brasil


20/12/2020 08:07 - atualizado 20/12/2020 10:31

(foto: AFP / SEBASTIEN BOZON)
(foto: AFP / SEBASTIEN BOZON)
O pedido de abertura de capital no m�s passado do grupo ga�cho Cortel, de cemit�rios, colocou em evid�ncia um mercado com pouca visibilidade no Brasil, mas que fatura R$ 3 bilh�es por ano. Conhecido como "death care", ou assist�ncia � morte, o segmento re�ne servi�os de funer�rias, cemit�rios, cremat�rios e planos funeral, uma esp�cie de seguro em que a pessoa paga em vida os custos para seu �bito - uma das frentes que mais v�m crescendo no mercado desde o in�cio da pandemia.

Diante dos quase 1,7 milh�o de �bitos no planeta, mais de 180 mil deles no Brasil, a covid19 obrigou o mundo todo a falar mais sobre a morte e tamb�m jogou luz no trabalho das startups do setor, as chamadas "death techs" (ler mais ao lado).

Dono de dez cemit�rios e com faturamento anual de R$ 89 milh�es, o Grupo Cortel espera levantar R$ 400 milh�es na sua oferta inicial de a��es (IPO, na sigla em ingl�s), prevista para 2021, apurou o Estad�o. A empresa quer usar o dinheiro para sair em busca de ativos e cumprir um papel de consolidadora do mercado.

Investidores, entre eles fundos de private equity (que compram participa��o em companhias), est�o mapeando o segmento, que no Brasil conta com mais de cinco mil funer�rias, 750 cemit�rios, 147 cremat�rios e 250 empresas de plano funeral - de acordo com pesquisa que acaba de ser feita pela consultoria RGF, que considera apenas os ativos da iniciativa privada. A maior parte das empresas tem perfil familiar.

Diante do aquecimento do setor, e depois de quase duas d�cadas administrando um cemit�rio, a executiva Gisela Adissi resolveu abrir uma consultoria dedicada ao mercado do luto, a Flow Death Care. Al�m de assessorar opera��es de fus�es e aquisi��es (M&A, do ingl�s), a empresa planeja fomentar as startups do segmento. "Os fundos ainda n�o estavam com os olhos t�o abertos para o mercado de death care. Agora isso mudou", comenta Gisela.

Compra

Neste ano, o segmento de assist�ncia � morte acompanhou ainda a maior opera��o de aquisi��o j� feita no setor: o fundo Crescera (ex-Bozano) fez um aporte de R$ 150 milh�es (podendo subir para R$ 350 milh�es) no Grupo Zelo, uma das maiores empresas de cemit�rio do Brasil.

A companhia mineira, alvo do investimento, nasceu, em 2017, da uni�o de duas empresas familiares - a Santa Clara, cujo maior neg�cio era o fundo funeral, e o Bom Jesus, com foco em cemit�rios. De acordo com presidente do Grupo Zelo, Lucas Provenza, os primeiros aportes vieram logo ap�s � fus�o, no modelo de investimento chamado de "family and friends" (fam�lia e amigos). At� o ano passado, esse grupo, que segue como s�cio, j� tinha aportado R$ 130 milh�es.

Com esses recursos e com a entrada do Crescera, o Grupo Zelo j� colocou embaixo do seu guarda-chuva cerca de 40 empresas do setor. O foco da companhia � o plano funeral. "� um produto que d� previsibilidade ao neg�cio, j� que h� recorr�ncia de receitas", explica o executivo.

Embora o Cortel deva marcar a entrada do segmento na B3, j� existe hoje no mercado op��o de investimento no setor acess�vel �s pessoas f�sicas. A gestora Zion tem na sua prateleira o fundo Brazilian Graveyard, que investe em seis ativos, entre eles, o pr�prio Grupo Cortel. "Em reuni�es com leigos nesse setor, me perguntam se, ao se comprar uma cota do fundo, haver�, no futuro, inclu�do, um jazigo", conta o s�cio da Zion, Jo�o Santiago, explicitando a falta informa��o sobre o mercado.

Diversifica��o

� frente de dois cemit�rios - o Terra Santa (MG) e o Vale do Cerrado (GO)
-, Guilherme Santana, engenheiro civil que est� nesse mercado h� 18 anos, diz que o setor, assim como outros da economia, se movimenta com frequ�ncia para diversificar sua base de receitas, algo importante para qualquer companhia que queira manter o neg�cio mais firme diante de qualquer flutua��o econ�mica.

Foi assim que foi lan�ado um produto que � hoje uma grande aposta desse mercado, que � o de crema��o de animais de estima��o. "Tamb�m j� come�amos a observar jurisprud�ncia para o sepultamento de humanos com seus pets", conta.

No mercado internacional, j� come�am a surgir cemit�rios no oceano mar ou a possibilidade de compostagem humana - m�todo de decomposi��o que transforma os restos mortais em adubo.

Mercado tamb�m atrai startups

O mercado que envolve a morte tamb�m est� atraindo um n�mero cada vez maior de empresas de tecnologia, j� batizadas de "death techs". A atua��o delas vai desde a facilita��o de processos burocr�ticos, como o invent�rio, quanto a propostas para o ritual de despedida, que teve de ser pensado com as restri��es impostas pela pandemia.

Nos Estados Unidos, uma startup chamada Cake viu seus neg�cios crescerem em ritmo acelerado nos �ltimos meses. Trata-se de uma plataforma que ajuda qualquer pessoa a planejar quest�es relacionadas � pr�pria morte, passando por assuntos legais, memorial e at� mesmo �ltimos desejos.

Em tempos de pandemia, a plataforma inclui um passo a passo de como organizar um funeral digital, por exemplo. A cofundadora e presidente da startup, Suelin Chen, afirma que a demanda, na pandemia, subiu cerca de 10 vezes, para um volume de 30 milh�es de visitantes no site por ano.

No Reino Unido a startup QR Memories tamb�m atua com homenagens, com uma ideia inovadora. A ideia foi criar uma placa de a�o com um QR code cortado a laser para ser anexado ao t�mulo. Com um telefone, o visitante pode fazer a leitura do c�digo, que leva a uma p�gina da web com fotos, informa��es e �s m�sicas preferidas da pessoa homenageada. "Muitas pessoas usaram nossas p�ginas para celebrar essa nova conex�o", diz o fundador da QR Memories, Stephen Nimmo.

No Brasil esse mercado tamb�m come�a a ser explorado, diz a s�cia da consultoria Flow Death Care, Gisela Adissi. "Tem muita coisa acontecendo e, por aqui, as pessoas tamb�m ficaram mais dispostas a abra�ar essas novidades", afirma.

A startup Benef�cio Legal, por exemplo, tem na prateleira o produto de assist�ncia ao invent�rio. "As pessoas n�o sabem o que � invent�rio, que � uma demanda legal que n�o pode ser adiada", explica o s�ciofundador da empresa, Fabiano Moraes. A venda do produto ocorre, principalmente, por meio do plano funeral. Ou seja: o cliente, ao contratar esse seguro, ter� tamb�m a assist�ncia na hora de fazer o invent�rio, desde que o mesmo seja um consenso entre os familiares.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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