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Estado de Minas INFLA��O ALTA

Com disparada de pre�os das carnes, o frango vira o rei da ceia de Natal

Mais barata, ave dever� desbancar tradi��o dos cortes de porco durante o jantar da festa crist� dos consumidores assustados com os aumentos neste ano


19/12/2020 04:00 - atualizado 19/12/2020 07:23

Consumidor é atraído pelo valor mais baixo do quilo do frango, ante outras carnes, e que teve reajuste de preços de metade do observado para o porco(foto: Fotos Leandro Couri/EM/D.A Press)
Consumidor � atra�do pelo valor mais baixo do quilo do frango, ante outras carnes, e que teve reajuste de pre�os de metade do observado para o porco (foto: Fotos Leandro Couri/EM/D.A Press)
Na mesa natalina, quem vai cantar de galo, em meio � pandemia do novo coronav�rus, � o frango, que promete desbancar a leitoa assada, o pernil e at� o peru na prefer�ncia do consumidor, assustado com a disparada dos pre�os dos alimentos neste ano. Para reduzir a press�o sobre o bolso, as tradicionais carnes que comp�em as ceias de fim de ano devem ser substitu�das pelos galin�ceos inteiros, recheados ou em partes, feitos no forno ou na grelha da churrasqueira.

As fam�lias j� vinham substituindo a carne vermelha e a de porco pelo frango nos �ltimos meses. Levantamento feito pelo site de pesquisas de pre�os Mercado Mineiro em 10 e 11 deste m�s, mostrou quedas insignificantes de pre�os das carnes, a rigor uma estabilidade em alto patamar. Na Grande Belo Horizonte, o reajuste m�dio do pre�o do frango inteiro foi de 5,17% em novembro, a metade da remarca��o da carne de porco (10,72%) e tamb�m inferiores �s altas dos cortes bovinos (7,17% para o pre�o do m�sculo, e 6,25% no pre�o da ch� de dentro). Os percentuais foram apurados na pesquisa do �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).

A ave ganhou receitas mais sofisticadas para se tornar carro-chefe do jantar durante a festa crist� para quem n�o abre m�o de reunir, mesmo com restri��es, os familiares. O tradicional restaurante Xapuri, refer�ncia na culin�ria mineira, instalado h� 33 anos no bairro Trevo, na Pampulha, inovou para atender a esse novo comportamento.

O propriet�rio da casa, o chef Fl�vio Trombino, reconhece 2020 como um ano at�pico que imp�e ceia mais intimista, para menos pessoas, sem grandes reuni�es familiares. “Acreditamos que o frango ser� o grande hit deste Natal, por ser de menor tamanho e mais barato. Por isso, tamb�m procuramos criar acompanhamentos para este frango ganhar sofistica��o, como o arroz com baru (castanha encontrada no cerrado mineiro) e champanhe.”

Diante do cen�rio de restri��es sanit�rias, a casa priorizou card�pio com pratos menores. A maior sa�da nesse per�odo era pernil de porco assado para atender 20 pessoas. “Vamos ter a op��o do capit�o de pernil, que � um corte do perfil, para quatro pessoas.”, conta Trombino.

Gerente por 12 anos da Casa de Carnes Xavier, fundada h� 20 anos no bairro Santa Efig�nia, Regi�o Leste de Belo Horizonte, Geraldo de Souza Machado calcula queda em torno de 30% nas vendas em rela��o ao per�odo de Natal do ano passado. Por experi�ncia, acredita que as mesas neste 2020 ser�o ocupadas por frango e feijoada.

O quilo do frango inteiro resfriado � vendido em BH entre R$ 7,49 e R$ 10,99, dependendo do estabelecimento comercial, de acordo com pesquisa do site Mercado Mineiro. Os cortes de porco variam de R$ 14,95 a R$ 32,95 o quilo. “O movimento � bem menor, a n�o ser que as pessoas estejam deixando para a �ltima hora”, pondera Geraldo Machado. As vendas de pernil, muito comuns nesta �poca, ca�ram muito. Ano passado, a empresa vendeu 4 mil quilos do corte su�no, e at� agora a m�dia di�ria � de tr�s quilos ao dia, segundo o gerente.

(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 9/6/16)
(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 9/6/16)

O frango ser� o grande hit deste Natal, por ser de menor tamanho e mais barato

Fl�vio Trombino, 
chef do restaurante Xapuri

O frango deve ocupar o lugar das demais carnes, observa Geraldo, dizendo que o peru “saiu de linha h� muitos anos” e o leit�o “n�o compensa pelo pre�o”. “N�o trabalhamos mais com o porco em banda ou inteiro h� um bom tempo. Vend�amos 30 unidades pr�ximo do Natal, mas nos �ltimos anos em que oferecemos o produto n�o passou de tr�s unidades. Entre as carnes bovinas mais procuradas, como o lagarto recheado, no Natal, e alcatra, picanha e contrafil� pra churrasco na virada do ano, tamb�m a procura est� em baixa.”

Ex�ticas 


No varejo, o quilo do tradicional leit�o inteiro, que no ano passado foi vendido a R$ 29,90, atingiu, neste ano, o pre�o de R$ 37,90, informa a comerciante Lourdes Belo, da Casa Feijoada de Minas, que funciona h� 30 anos no Mercado Central de BH. O estabelecimento � especializado em carnes ex�ticas, como carneiros, coelhos, r�s e peru caipira, al�m dos leit�es e pertences para feijoada. O movimento despencou em rela��o ao ano passado. Algo em torno de 60%, segundo a comerciante. “A impress�o � de que as pessoas ainda n�o acordaram para o Natal.”

No ano passado, a loja vendeu, at� a primeira quinzena de dezembro, uma tonelada de leit�es. "Neste ano, at� o momento (quinta-feira), n�o sa�ram 300 quilos ainda”, revela Lourdes Belo. Mudan�a nos h�bitos do consumidor tamb�m foi observada no estabelecimento. “Com as recomenda��es de cuidados com aglomera��es, o n�mero de pessoas para uma ceia tamb�m diminuiu. Se no ano passado a procura era de leitoa de 10 quilos para 15 pessoas, hoje a venda �, em m�dia, de cinco quilos para quatro ou cinco convidados”. A sa�da de carneiro, tamb�m muito procurado nesta �poca, despencou.

Há 12 anos na gerência de açougue de BH, Geraldo Machado acredita que frango e feijoada vão dominar as mesas
H� 12 anos na ger�ncia de a�ougue de BH, Geraldo Machado acredita que frango e feijoada v�o dominar as mesas

Mesa pequena e modesta

O vendedor Luiz Henrique de Matos Costa admite que, neste ano, n�o “vai dar pra variar muito” na ceia de Natal. Ele conta que ao reunir a fam�lia, “que � bem grande”,  era comum, em �poca de festa crist�, comprar op��es variadas de carnes como chester, lombo e pernil. �s v�speras do Natal, os familiares “ainda estudam alternativas”. Primeiro, Luiz reconhece que o encontro ser� mais restrito, apenas com os parentes que moram no mesmo terreno, sem convidados, e o card�pio ainda vem sendo avaliado. “� um ano at�pico, todos sem dinheiro e os pre�os em a�ougues e supermercados muito altos”, observa.
A cadeia produtiva do frango, por sua vez, n�o tem tido motivo para reclamar de 2020.

A Associa��o dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig), informou que o setor tem crescido significativamente nestes �ltimos 20 anos. A produ��o de frangos e ovos, e os principais insumos (milho e soja), al�m do melhor desempenho gen�tico das aves, os conhecimentos de ambi�ncia de galp�es planejados cientificamente, que promovem melhor bem-estar desses animais, e todo o conhecimento desenvolvido de nutri��o e manejo, acrescidos nessas duas d�cadas, explicam o bom resultado.

De acordo com a entidade, os custos de produ��o de frangos e ovos aumentaram de forma significativa entre janeiro de 2019 e o m�s passado. Em m�dia, o pre�o do farelo de soja aumentou em 100% e o do milho, 123%. Dados da Associa��o Brasileira de Prote�na Animal (ABPA) indicam que o consumo per capita dessa prote�na vem aumentando a cada ano.

Em 2019, o consumo era de 42,84 kg per capita, e, neste ano, alcan�a 45kg. A proje��o � de que em 2021 chegue a 47kg de carne de frango, o que significaria aumento de 4,4%. Da mesma forma, o consumo per capita do ovo vem aumentando, e chega agora a 250 unidades, 8,7% maior que o ano anterior. A previs�o para o ano que vem � 265 ovos per capita, aumento de 6%.

Apesar de o Brasil ser o maior exportador de carne de frango do mundo, o mercado interno � o principal comprador da prote�na. Em 2019, o Brasil produziu 13,2 milh�es de toneladas de carne de frango, sendo que 68% foram destinados ao mercado interno e 32% �s exporta��es. Neste ano, at� novembro, os embarques ao exterior somaram 350,7 mil toneladas, volume 5,6% superior ao registrado no mesmo per�odo de 2019, quando foram exportadas 332 mil toneladas. Em todo este ano, o setor estima que vai exportar 4,23 milh�es de toneladas,  representando acr�scimo de 0,5% em rela��o ao ano passado. Espera elevar os volumes em 3,6% em 2021.


Frigor�ficos projetam exporta��o recorde

As exporta��es de carne bovina in natura e processada avan�aram 9,7% em novembro na compara��o com igual m�s de 2019, para 196 mil toneladas, informou ontem a Associa��o Brasileira das Ind�strias Exportadoras de Carnes (Abiec), com base em dados da Secretaria de Com�rcio Exterior (Secex) do Minist�rio da Economia. O faturamento avan�ou 0,4% na mesma compara��o, para US$ 844,3 milh�es.

No acumulado dos 11 primeiros meses de 2020, o volume embarcado subiu 9% na compara��o anual, para 1,84 milh�o de toneladas. A receita dos embraques no per�odo avan�ou 13,9%, para US$ 7,76 bilh�es. A proje��o da associa��o � encerrar 2020 com novo recorde de volume e faturamento com as exporta��es brasileiras de carne bovina. A estimativa aponta para embarques de 2,02 milh�es de toneladas neste ano, o que representaria alta de 8,8% ante 2019. Em receita, o total foi projetado em US$ 8,53 bilh�es, 11,8% a mais do que no ano passado.

O expressivo volume de vendas externas de carne � um dos fatores que explicam a disparada dos pre�os da carne no mercado brasileiro este ano, devido � redu��o da oferta do produto no pa�s. Entre janeiro e novembro, o volume embarcado para a China foi de quase 780 mil toneladas, segundo a Abiec, avan�o expressivo de 88%, na compara��o com o mesmo per�odo de 2019.

O ganho financeiro com as exporta��es para a pot�ncia asi�tica, nesse sentido, cresceu 65,8%, para um total de US$ 3,62 bilh�es. Com os dados, a China passou a responder por um total de 42,3% dos embarques totais da prote�na brasileira.

Entretanto, para 2021, a pandemia do novo coronav�rus implica estimativas mais conservadoras, comentou o presidente da Abiec, Antonio Camardelli. A previs�o apresentada por ele aponta para crescimento de cerca de 6% em volume exportado, a 2,14 milh�es de toneladas, enquanto o faturamento deve subir 3%, para US$ 8,78 bilh�es.


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