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Estado de Minas Empoderamento

'Empreendedorismo negro no Brasil' vem ganhando for�a, diz IBGE

Brasileiros desse segmento representam 56% da popula��o e empreendedores investem em produtos e servi�os para eles


03/01/2021 04:00 - atualizado 03/01/2021 08:29

As empreendedoras Elissandra Flávia dos Santos e Patrícia Kelly dos Santos criaram a Niari Cosméticos, com itens para pele e cabelo para o consumidor negro
As empreendedoras Elissandra Fl�via dos Santos e Patr�cia Kelly dos Santos criaram a Niari Cosm�ticos, com itens para pele e cabelo para o consumidor negro (foto: Sebrae/Divulga��o - 26/11/20)
Os movimentos de empoderamento e afirma��o das pessoas de pele preta v�m ganhando for�a em todo o mundo e chamando a aten��o do mercado brasileiro. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica ( IBGE ), em pesquisa realizada entre os anos de 2015 e 2018, o grupo de pessoas que se declararam pretas ou pardas foi o �nico que cresceu.

Em 2019, essa parcela da popula��o j� representava mais de 56% dos brasileiros, dos 209,2 milh�es de habitantes do pa�s, 19,2 milh�es se assumiram como pretos e 89,7 milh�es pardos.

Dados coletados em estudo “ Empreendedorismo negro no Brasil ”, realizado pela aceleradora de empres�rios negros PretaHub, da Feira Preta, em parceria com a Plano CDE e o JP Morgan, empreendedoras e empreendedores negros movimentam R$ 1,7 trilh�o por ano no Brasil e mais da metade – cerca de 51% dos brasileiros que empreendem – s�o pretos ou pardos. Destes, 52% s�o mulheres.

Empreendedores atentos �s novas tend�ncias de mercado t�m investido em neg�cios especializados em atender �s necessidades de homens, mulheres e crian�as da ra�a negra.

E entre os empreendimentos mais promissores est�o ind�strias e estabelecimentos comerciais especializados em produtos cosm�ticos e acess�rios voltados para o segmento.

O setor de beleza � o que mais tem investido em produtos para pessoas negras. S�o itens para cabelo, maquiagem e acess�rios, sal�es especializados nos cuidados com o cabelo e a pele negra, entre outros, que t�m ganhado for�a.

“No meu tempo, se a gente quisesse usar um shampoo, s� t�nhamos como op��o o que todo mundo usava. Voc� s� conseguia escolher entre shampoos para cabelo seco, oleoso ou misto. Agora n�o, tem quase tudo personalizado para meu tipo de cabelo e meu tom de pele. Isso � maravilhoso, mas ainda falta muito para se chegar ao ideal”, comenta a professora M�rcia L�cia da Silva.

Patr�cia Kelly dos Santos � mestre em qu�mica e h� 15 anos trabalha com cabelos blacks, um aprendizado que iniciou com as amigas africanas que conheceu na Universidade Federal de Vi�osa (UFV), onde se formou. Hoje ela � propriet�ria da Niari Cosm�ticos, em sociedade com Elissandra Fl�via dos Santos, cujos produtos s�o de fabrica��o pr�pria.

A trajet�ria profissional da Patr�cia come�ou aos 12 anos, trabalhando como dom�stica em casas de fam�lia. “Aos 16 anos, passei a me envolver com o empreendedorismo. Produzi e vendi doces e atuei no setor de confec��o de roupas, com minha irm�. Mas, para n�s, mulheres e negras, empreender n�o � algo t�o f�cil. Ent�o, fomos estudar”, conta.

''Alguns estudos t�m mostrado que o poder de compra do negro est� crescendo. Por isso, investir em neg�cios que possam suprir mais e melhor a necessidade desse grupo de pessoas pode ser algo bastante promissor''

Leonardo M�l, gerente da Regional Centro-Oeste e Sudoeste do Sebrae Minas



Ao concluir a faculdade, ela retornou a Divin�polis, no Centro-Oeste de Minas, e passou a lecionar. “Nos fins de semana, trabalhava com penteados afro. A demanda cresceu tanto que resolvi abandonar a carreira de professora para me dedicar � beleza negra, porque isso fazia mais sentido para mim”, diz.

Foi por meio do incentivo de um amigo que trabalhava com cosm�ticos que ela come�ou a fabricar produtos qu�micos voltados para pessoas pretas. “� muito dif�cil encontrar algo que realmente nos represente. E assim passei a associar esse trabalho com meu sal�o”, recorda.

Consci�ncia


Segundo a ativista e cantora Y�da Labrunie, o crescimento de neg�cios destinados a esse p�blico se deu pelo fato de o povo preto estar ganhando mais for�a e consci�ncia para assumir de fato sua ra�a, por meio de trabalhos realizados por diversos movimentos pretos. “Uma prova disso � que o preto est� assumindo mais seu cabelo, entendendo que somos bonitos como somos”, diz Labrunie.

“Alguns estudos t�m mostrado que o poder de compra do negro est� crescendo. Por isso, investir em neg�cios que possam suprir mais e melhor a necessidade desse grupo de pessoas pode ser algo bastante promissor”, observa o gerente da Regional Centro-Oeste e Sudoeste do Sebrae Minas, Leonardo M�l.

Patr�cia refor�a o quanto � importante ter um produto ou servi�o voltado para um p�blico-alvo. “Todos os p�blicos t�m um produto espec�fico para eles e n�s, negros, ainda n�o somos nem considerados como p�blico. Por isso, esse mercado ainda � muito pequeno”, explica.

Carla Caroline dos Santos � irm� da Patr�cia e propriet�ria de uma loja em Divin�polis. Ela vende cabelos e acess�rios como brincos, tiaras, apliques, turbantes e cosm�ticos. A loja � muito movimentada e as vendas n�o pararam nem mesmo no auge de pandemia.

“Nosso maior p�blico, sem d�vida, s�o mulheres pretas. A maioria delas est� passando ou j� passou pelo processo de transi��o, que consiste em assumir o “black “, seu cabelo natural. Quando tivemos que fechar a loja na onda vermelha da pandemia, as vendas on-line e delivery bombaram”, conta a empres�ria.

M�rcia L�cia da Silva � professora de L�ngua Portuguesa e Literatura e trabalha com alunos do ensino fundamental e m�dio da rede estadual de Minas Gerais.

“Convivo com jovens de todas as classes sociais. N�o sei ainda com exatid�o, mas percebo que a valoriza��o da ra�a negra trouxe para esta comunidade o desejo de empreender." A educadora acredita que � hora de o mercado ter um olhar mais apurado para o p�blico jovem negro.




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