Ecoturismo abre novas oportunidades de investimento em Nova Lima
Com extensa �rea verde, Nova Lima atrai visitantes de todo o pa�s. Atividade em meio � natureza est� em ascens�o na cidade
05/02/2021 06:00
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atualizado 05/02/2021 07:14
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Todas as regi�es do munic�pio t�m trilhas para caminhadas e bicicletas, reunindo dezenas de pessoas (foto: Igor Sales/Ag�ncia Trilhei
)
Nova Lima ainda tem uma das maiores faixas verdes da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. Essa caracter�stica abriu espa�o para uma das principais atividades econ�micas da cidade na atualidade: o ecoturismo. Todas as regi�es t�m trilhas para caminhada e bicicletas – uma das mais tradicionais fica na regi�o de Trilhas Perdidas.
Al�m disso, parques como o do Serra do Rola Mo�a e do Rego dos Carrapatos est�o nos limites do munic�pio. A regi�o atrai turistas de todo o pa�s e oferece oportunidade de investimento e crescimento para quem investe.
O turismo de natureza existe em Nova Lima pelo menos desde a d�cada de 70, segundo a diretora do Departamento de Turismo da prefeitura, Renata Couto. “Os precursores foram os motoqueiros. E depois vieram os jipeiros e ciclistas. N�o tem como separar turismo de ecoturismo em Nova Lima”, explica.
Cachoeiras e contato com a natureza confirmam a voca��o de Nova Lima para o turismo ecol�gico (foto: Igor Sales/Ag�ncia Trilhei )
Apesar de antiga, a atividade passou a contar com maior incentivo do poder p�blico na �ltima d�cada. Em 2011 foi feito um plano municipal de ecoturismo. J� em 2013, um decreto tombou quatro monumentos naturais: a Serra do Souza, a Serra da Cal�ada, o Morro do Pires e o Morro do Elefante. Outra determina��o, de 2016, tombou 300 quil�metros de trilha. Segundo Renata Couto, o desenvolvimento do ecoturismo � prioridade da administra��o municipal atual.
Com a procura por regi�es de natureza pr�ximas � capital, o turismo ecol�gico est� em ascens�o na cidade. O mercado atraiu o investimento de Igor Tomaz Sales, que fundou a Ag�ncia Trilhei h� dois anos.
O empres�rio trabalhava na �rea banc�ria, mas estava insatisfeito. A ideia de trocar de ramo veio do h�bito de ir para as trilhas. “Convidei umas pessoas para ir e gostaram. Muitas nunca nem tinham ido. Trabalhei por um ano sem fins lucrativos”, conta.
Hoje, a empresa tem tr�s funcion�rios e trabalha com roteiros de turismo ecol�gico n�o s� em Nova Lima como em outras partes do estado. “Nova Lima tem um potencial tur�stico muito grande. A gente n�o conhece todas as trilhas aqui. A fauna e a flora s�o muito ricas”, aponta Igor. Ele diz se sentir muito satisfeito trabalhando com isso e tem como miss�o oferecer roteiros que desenvolvam a consci�ncia ambiental. “O legado que a gente quer deixar � um legado sustent�vel”, afirma.
Gera��o de renda no campo
No esfor�o coletivo da cidade em diversificar a economia, os agricultores de Nova Lima buscam se capacitar para sair de uma atividade de complementa��o de renda para um setor estabelecido.
A produ��o agr�cola familiar se desenvolveu paralelamente � minera��o, mas sem incentivos, segundo Glaidson Guerra, extensionista agropecu�rio da Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) em Nova Lima.
A partir de 2010, a Emater passou a oferecer cursos de base para os produtores rurais nas culturas que eles j� desenvolviam. “Nosso trabalho � muito pautado na gera��o de renda e desenvolver potenciais produtivos. Outra parte � inova��o e tecnologia para novos produtos que eram impens�veis de se desenvolver no munic�pio”, explica.
A apicultura � uma das atividades que j� existiam no campo de Nova Lima, mas passou a se estabelecer depois da capacita��o oferecida pela Emater. Um total de 25 fam�lias do munic�pio produz entre sete e 10 toneladas de mel por ano. A regi�o conta com a Associa��o de Apicultores das Cidades de Rio Acima e Nova Lima (Acranoli), que tamb�m investiu na capacita��o dos produtores.
A apicultura � uma das atividades que j� existiam em Nova Lima, mas passou a se estabelecer depois da capacita��o oferecida pela Emater (foto: Arquivo pessoal)
Um dos beneficiados pelo trabalho � Paulo S�rgio Machado Dias, que tem uma propriedade ap�cola no distrito de Hon�rio Bicalho. ““Desde crian�a, meu pai tinha enxame de abelha. Eu era criador, para uso dom�stico, tinha duas ou tr�s caixas. Consegui caixas da prefeitura, e come�amos a produ��o com 12. Hoje tenho cerca de 40”, conta.
Dias n�o trabalha apenas com a produ��o de mel, j� que presta consultoria ambiental. Segundo ele, a atividade tamb�m � complementar na renda da maioria dos produtores da regi�o. Por�m, acredita ser uma oportunidade, j� que a vegeta��o da regi�o � muito rica e diversificada. “O gasto no in�cio � um pouco alto, mas depois o retorno � r�pido”. O produtor vende mel e pr�polis de porta em porta, para restaurantes e comerciantes.
Mesmo com os avan�os, Dias ainda acredita que falta incentivo para a atividade. Um problema s�o as queimadas, que fazem perder os enxames. A produ��o do ano passado foi de cerca de 500 quilos, reflexo de uma queimada em 2015, que destruiu 19 enxames, segundo o produtor.
“Estamos precisando de incentivo, para comprar caixa, cera. Pretendemos fazer parcerias com as escolas para fornecer na merenda.” A pandemia de coronav�rus, por outro lado, foi boa para Dias. “Vendi muito pr�polis”, diz.
Antes mesmo do mel, a produ��o de cogumelo j� era estabelecida na regi�o, e come�ou a se desenvolver a partir de 2005. Hoje, a produ��o anual � estimada entre cinco e seis toneladas. J� a agricultura familiar rural e urbana de hortali�as produz entre 35 e 40 toneladas por ano. Na busca por novas culturas, o munic�pio est� investindo em estudos para a produ��o de pitaya e l�pulo, voltados para a cadeia de produ��o de cervejas artesanais.
Artesanato diversificado
A diversifica��o recente da economia de Nova Lima tamb�m permitiu a evolu��o do artesanato. Os artes�os da cidade trabalham com serralheria art�stica, biscuit, cer�mica, imagens sacras, velas, croch� e joalheria, entre outros.
Os artistas buscam reproduzir e preservar o patrim�nio local nesses trabalhos, influenciado fortemente pela presen�a hist�rica dos ingleses na regi�o. A complementa��o de renda � o principal objetivo.
A tradi��o que Nova Lima constr�i nas artes manuais n�o � secular, como em outras cidades mineiras. Entre o final da d�cada de 60 e o in�cio dos anos 70 um grupo de professores alem�es passou uma temporada na cidade e repassaram conhecimento em joalheria e funilaria. Antes disso, haviam alguns ourives, que n�o chegavam a constituir um setor.
J� em 1997, a Secretaria de Cultura de Nova Lima fundou a Escola Casa Aristides de Artes�os e Of�cios. A partir da�, uma s�rie de encontros dos artistas da cidade acabou por resultar na cria��o da Associa��o Artes da Terra, em 2002. Hoje, o grupo re�ne 25 artes�os, que tamb�m vendem a arte que produzem na sede da entidade.
Entre esses artistas, encontram-se hist�rias de pessoas que apostaram no artesanato pela realiza��o pessoal, al�m de complementar a renda de uma profiss�o original. � o caso de �caro Eust�quio Silva, que trabalhava na ind�stria mec�nica. Na d�cada de 80, resolveu mudar de vida e estudar joalheria na Escola Mineira de Joalheria.
“O meu pai trabalhava com metal, era fundidor. Eu ia pra l� com 10 anos e ficava mexendo nas coisas”, conta. O artes�o acredita que a tradi��o de passar as t�cnicas de pai para filho j� n�o existem mais, mas as escolas cumprem bem esse papel.
Ao falar sobre o que o satisfaz no trabalho, �caro destaca o controle autoral que o artes�o tem sobre todo o processo. “Ele pensa e executa. N�o � uma coisa que um projetista pensa e passa pra algu�m fazer. Ele funde as duas coisas. Fa�o a liga met�lica, transformo, serro, soldo, at� o polimento. Tudo isso passa na minha m�o. O objeto ao final nasceu de mim”, diz.
O artista afirma que os trabalhos vendem bem, mas lamenta que ainda n�o permitem trabalhar apenas com isso. “Isso n�o desanima ningu�m n�o, � uma luta”, conclui.