
Os pap�is da Petrobras operaram em queda durante todo o preg�o, pois o mercado viu nas cr�ticas de Bolsonaro o risco de uma interfer�ncia pol�tica que amea�a a governan�a e a rentabilidade da estatal. Por isso, as a��es ordin�rias da Petrobras despencaram 7,92%, a R$ 27,10. J� as a��es preferenciais sofreram um baque de 6,33% e terminaram o dia negociadas a R$ 27,33.
O an�ncio se concretizou. Na noite desta sexta, o presidente Jair Bolsonaro decidiu indicar o presidente da Itaipu Binacional, o general Joaquim Silva e Luna, como o novo presidente da Petrobras. O an�ncio foi publicado nas redes sociais pelo mandat�rio, com uma nota do Minist�rio de Minas e Energia. Luna tamb�m � ex-ministro da Defesa.
O baque reverteu todos os ganhos que haviam sido acumulados pelos papeis da empresa ao longo deste ano. Antes da declara��o de Bolsonaro de que haveria mudan�as na Petrobras nos pr�ximos dias, as a��es da Petrobras estavam se valorizando por conta da recupera��o dos pre�os internacionais do petr�leo. As a��es ordin�rias, por exemplo, registravam um ganho de 2,01% no ano at� quinta-feira, mas agora acumulam queda de 5,77%. J� as preferenciais subiam 3,28% e, agora, est�o desvalorizadas em 3,03%.
Incomodado com os reajustes de combust�veis, o presidente Jair Bolsonaro criticou, na live desta semana, os �ltimos aumentos anunciados pela Petrobras, prometeu zerar os impostos federais que incidem sobre o diesel e o g�s de cozinha e disse que alguma coisa vai acontecer na empresa nos pr�ximos dias. A mudan�a na Petrobras foi refor�ada nesta sexta-feira pelo mandat�rio, sendo mal recebida no mercado.
O analista de Research da Ativa Investimentos Ilan Arbetman afirmou que essas declara��es apontam para o risco de uma interfer�ncia pol�tica do presidente Jair Bolsonaro na Petrobras. O temor do mercado � que essa mudan�a representasse a sa�da do atual presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, ou a altera��o da pol�tica de pre�os da estatal, que hoje busca paridade com os pre�os internacionais de petr�leo.
"O presidente Bolsonaro est� levando essa discuss�o para fora do meio corporativo e levando para a pol�tica. A Petrobras tem uma pol�tica clara de paridade de pre�os. Quando o Castello Branco diz que n�o tem nada haver com os caminhoneiros, ele est� reafirmando essa pol�tica e mostrando que n�o � uma classe ou um segmento da popula��o que vai mudar isso", afirmou Arbetman.
O mercado calcula que, apesar dos �ltimos reajustes dos combust�veis, os pre�os cobrados pela Petrobras ainda est�o abaixo dos pre�os internacionais. Por isso, a Ativa diz que ainda h� espa�o para mais 5% de aumento na gasolina. E a XP Investimentos calcula que os pre�os do diesel ainda est�o defasados em 7%.
"O Brasil n�o � autossuficiente em combust�veis. Por isso, se n�o praticar pre�os alinhados aos pre�os internacionais, a Petrobras vai importar combust�veis com preju�zo. Isso j� aconteceu no governo Dilma, entre 2011 e 2016, e gerou um preju�zo de US$ 30 bilh�es, ou R$ 60 bilh�es no real da �poca, para a Petrobras. E a fala de Bolsonaro gera um receio de que essa pol�tica de pre�os n�o seja mais vi�vel daqui para a frente", alertou o analista de Energia e Petr�leo da XP, Gabriel Francisco.
Os analistas acreditam, ent�o, que, essas mudan�as podem causar novos preju�zos para a empresa, como mostrou o mercado nesta sexta-feira. "� um risco, porque faz pouco sentido para os investidores investir em uma empresa de petr�leo que n�o vai se beneficiar dos pre�os do petr�leo", explicou o analista da XP Investimentos, que, por isso, hoje n�o recomenda a compra de a��es da Petrobras.
Francisco disse ainda que a isen��o dos impostos n�o vai reduzir o pre�o dos combust�veis, j� que o petr�leo est� se valorizando no mercado internacional, por conta da recupera��o da economia global, e o c�mbio segue depreciado no Brasil. O d�lar terminou esta sexta-feira com queda de 0,99%, mas ainda � negociado a R$ 5,38. "Uma quest�o que poderia aliviar o pre�o dos combust�veis � a taxa de c�mbio, que est� muito depreciada pelos questionamentos sobre a situa��o fiscal, a recupera��o econ�mica e a falta de reformas no pa�s", avaliou.