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Estado de Minas DESEMPREGO

Crise da COVID-19 tira 6,6 milh�es de mulheres do emprego

N�mero de trabalhadoras que deixaram de exercer atividades remuneradas � bem maior do que o de homens. Muitas n�o conseguir�o voltar quando o pior passar


09/05/2021 07:45 - atualizado 09/05/2021 09:23

Boa parte das mulheres sem emprego não conseguirá retornar ao mercado quando condições sanitárias melhorarem(foto: Ana Rayssa/CB/D.A Press)
Boa parte das mulheres sem emprego n�o conseguir� retornar ao mercado quando condi��es sanit�rias melhorarem (foto: Ana Rayssa/CB/D.A Press)
A taxa de desocupa��o entre mulheres (16,4%), no quarto trimestre de 2020, foi maior do que entre homens (11,9%), segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios (Pnad) Cont�nua, e apresentou aumento em rela��o ao in�cio de 2020, quando era de 14,5%. Mas o n�mero que chama mais aten��o � o de pessoas fora da for�a de trabalho — aquelas que n�o est�o trabalhando nem tomando provid�ncia efetiva para conseguir emprego — que cresceu de modo significativo durante a pandemia do novo coronav�rus.

Pesquisadores apontam que essa � uma caracter�stica da crise sanit�ria — o crescimento do n�mero de pessoas que deixam a atividade por doen�a ou por outros motivos, e n�o retornam imediatamente ao mercado de trabalho. Dentre essas pessoas, as mais atingidas s�o as mulheres, sobretudo as m�es solos. Entre o quarto trimestre de 2019 e o mesmo per�odo do ano passado, 6,6 milh�es de mulheres deixaram a for�a de trabalho, enquanto no caso dos homens, o n�mero foi de 4,2 milh�es.

Moradora de Guarulhos (SP), Susana Mattos, 29 anos, � uma das brasileiras que est� fora da for�a de trabalho. Ela perdeu o emprego em abril do ano passado, em consequ�ncia de uma demiss�o em massa feita pela empresa na qual trabalhava. Como estava empregada havia menos de seis meses, n�o recebeu o seguro-desemprego, e a casa passou a depender 100% da remunera��o do marido, que cuida das despesas essenciais. Susana diz contar tamb�m com um aux�lio-merenda de R$ 80 e com doa��es. “Nossa alimenta��o � meio prec�ria. Apenas o b�sico”, diz.

Sem poder recorrer a creches, e com os filhos fora da escola, devido � suspens�o das aulas, ela passou a cuidar deles, ficando apenas em casa, sem exercer nenhuma atividade remunerada. “Queria trabalhar, mas n�o tenho com quem deixar meu filho mais novo, e tenho ficado com ele em casa desde ent�o. No come�o da pandemia, fiquei bem perdida, me cobrava demais. Mas fiz duas mentorias sobre organiza��o do lar e gest�o do tempo, e estou me saindo melhor. Por�m ainda fico muito triste por n�o ter encontrado uma sa�da, uma outra renda. Me sinto incapaz”, conta.

 

Efeitos econômicos da pandemia atingem as mulheres em escala maior(foto: CB/D.A Press)
Efeitos econ�micos da pandemia atingem as mulheres em escala maior (foto: CB/D.A Press)
 

Crise at�pica


A pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea) Joana Costa afirma que “a crise econ�mica gerada pela pandemia � muito at�pica, por aumentar n�o s� o desemprego, como a inatividade, em especial, em rela��o �s mulheres”. “Essa n�o � uma caracter�stica do Brasil; � do mundo inteiro”, diz. Um dos fatores que explicam o fato de as mulheres estarem em casa e sem procurar emprego � o fechamento de creches e escolas, sobrecarregando o trabalho dom�stico que, segundo a pesquisadora, por uma quest�o social, acaba ficando sob responsabilidade maior das mulheres.

Com o v�rus circulando, n�o � poss�vel contar com amigos ou familiares para ficarem com os filhos enquanto a mulher trabalha. “Tudo isso contribui para que a mulher tenha sofrido um impacto maior no mercado de trabalho com a crise”, relata. Joana frisa que as diferen�as por g�nero no mercado de trabalho n�o foram criadas com a crise. “A crise s� refor�ou a desigualdade”, diz.

Doutora em economia e professora da Faculdade de Economia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Diana Gonzaga comenta que, como ainda s�o atribu�das �s mulheres boa parte das atividades dom�sticas, muitas que s�o m�es e que n�o puderam trabalhar remotamente acabaram desistindo do emprego ou escolheram n�o retornar, entrando para a estat�stica do contingente de pessoas consideradas “fora da for�a de trabalho” (inativas).

Apesar do agravamento das dificuldades enfrentadas pelas mulheres, no ano passado, o Minist�rio da Mulher, da Fam�lia e dos Direitos Humanos deixou de executar recursos, chegando ao final de 2020 com um saldo de mais de R$225 milh�es, como aponta um estudo do Instituto de Estudos Socioecon�micos (Inesc). A assessora pol�tica do instituto, Carmela Zigoni, explica que a an�lise observou o fen�meno ocorrendo mesmo em um cen�rio de crise econ�mica e social.

Mais afetadas


Daniela Freddo, professora do Departamento de Economia da Universidade de Bras�lia (UnB), afirma que, entre as mulheres, as mais afetadas s�o as m�es de crian�as pequenas. Pesquisa do IBGE aponta que resid�ncias com crian�as de at� tr�s anos de idade t�m menor n�vel de ocupa��o de mulheres. Neste cen�rio, a professora ressalta que, no caso das mulheres que n�o s�o chefes de fam�lia, fica comprometida a independ�ncia que elas vinham conquistando em rela��o ao marido como provedor.

Economista e pesquisadora do Ipea, Maria Andreia Lameiras explica que a pandemia aprofundou as diferen�as, e o caminho ser� mais �rduo rumo � igualdade no mercado de trabalho. Assim, quando a economia come�ar a retomar o crescimento, e houver abertura de mais vagas de emprego, a mulher demitida durante a pandemia, ou que teve que deixar a for�a de trabalho para cuidar dos filhos ou familiares, ir� concorrer com homens mais qualificados que n�o deixaram o mercado.

“A mulher com baixa qualifica��o, baixa escolaridade, que estava sem trabalhar, vai demorar mais a ser absorvida”, diz.

*Estagi�rias sob a supervis�o de Odail Figueiredo


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