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Estado de Minas CRISE H�DRICA

Falta de chuvas e investimentos traz risco de novo apag�o no Brasil

Estiagem se agrava, e governo emite alerta de emerg�ncia h�drica para cinco estados que concentram a maior parte da gera��o hidrel�trica do Brasil


29/05/2021 07:37 - atualizado 29/05/2021 08:38

(foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press)
(foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press)
A falta de chuvas e de investimentos em energia levar� cinco estados brasileiros a risco iminente de apag�o. O alerta vem sendo feito por especialistas desde o m�s passado. Ontem, por�m, o perigo de a popula��o ficar sem energia el�trica ficou mais evidente. O Sistema Nacional de Meteorologia (SNM) emitiu um comunicado de emerg�ncia h�drica a �rg�os de meteorologia federais e ao Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), deixando claro que a situa��o � cr�tica em Minas Gerais, Goi�s, Mato Grosso do Sul, S�o Paulo e Paran� — e essa condi��o vai se estender de julho a setembro de 2021. Esse � o primeiro alerta desse tipo em 111 anos.

“As perspectivas clim�ticas para 2021/2022 indicam que a maior parte da regi�o central do pa�s, a partir de maio at� final de setembro, entra em seu per�odo com menor volume de chuvas (esta��o seca). A previs�o clim�tica elaborada conjuntamente pelo Inpe, Inmet e Funceme indica para o per�odo Junho-Julho-Agosto/2021 a mesma tend�ncia, ou seja, pouco volume de chuva na maior parte da bacia do Rio Paran�”, afirma o documento do SNM. Os reservat�rios do subsistema Sudeste/ Centro-Oeste, respons�vel pela gera��o da maior parte da energia do pa�s, t�m a situa��o mais preocupante, come�ando o per�odo de seca com apenas 32,30% da capacidade de gera��o de energia. No Sul, o n�vel dos reservat�rios est� em 55,49%; no Nordeste, em 63,95%; e no Norte, em 84,41%.

A crise poderia ser minimizada com investimentos em infraestrutura energ�tica, em fontes alternativas, sustent�veis e renov�veis, como a e�lica, solar e o bicombust�vel, segundo especialistas. Dados da Resenha Mensal do Mercado de Energia El�trica, da Empresa de Pesquisa Energ�tica (EPE), apontam que o consumo de energia el�trica no Brasil foi de 474.231 GWh em 2020. O volume do ano passado correspondeu a uma queda de 1,6% na compara��o com 2019. Com mais pessoas em casa em raz�o da pandemia, o consumo residencial cresceu 4,1%, para 148.223 GWh. Foi o �nico segmento que registrou crescimento em 2020.

A situa��o pode se tornar cr�tica, no entanto, se forem confirmadas as previs�es de crescimento econ�mico este ano, situa��o em que o consumo industrial, por exemplo, deve crescer. Segundo o estudo do EPE, os investimentos necess�rios em infraestrutura energ�tica para suportar o crescimento do consumo no pa�s at� 2029 devem ser da ordem de R$ 2,3 trilh�es: 77,4%, desse montante, para o setor de petr�leo e g�s; 19,6% para gera��o e transmiss�o de energia el�trica; e 3% para a oferta de biocombust�veis. Mas, segundo o Minist�rio das Minas e Energia (MME), os investimentos totais em transmiss�o devem bater R$ 103,7 bilh�es, na d�cada, sendo R$ 73,6 bilh�es em linhas de transmiss�o e R$ 30,1 bilh�es em subesta��es. Para evitar racionamento, o governo pode lan�ar m�o das termel�tricas, mas o custo � muito maior e vai ter impactos no bolso do consumidor.

Infla��o

“A partir de agora, com a bandeira vermelha e alta no custo de energia, aumenta a press�o na produ��o das empresas. Assim, al�m da infla��o dos alimentos e combust�veis, vai haver uma despesa maior se for preciso recorrer �s termel�tricas, mais caras, porque dependem do �leo diesel. Esse cen�rio vai afetar os �ndices de infla��o”, afirmou o economista Cesar Bergo, s�cio-consultor da Corretora OpenInvest. Ele calcula que, no final, a fatura vai cair no colo do consumidor residencial, que vai ter que desembolsar mais 20% do or�amento com a conta de luz.

“Na pr�tica, como funciona esse aumento? Imaginemos que o consumidor gasta R$ 42,00 por m�s. Se continuar consumindo a mesma quantidade de KWh, com a bandeira vermelha a R$ 7,50, 100 a 200 KWh consumido, vai passar a pagar R$ 49,50”, disse Bergo. �tore Sanchez, economista-chefe da Ativa, por outro lado, entende que o alerta do CNM pouco dever� afetar os pre�os imediatamente. “Mas, para 2022, a situa��o � marginalmente mais grave, uma vez que entramos no per�odo seco em n�vel muito baixo e a eventual revers�o depender� de um grande regime de chuvas no per�odo compreendido entre janeiro e mar�o”, destaca.

O pior cen�rio, no momento, na an�lise de Sanchez, � o risco de racionamento energ�tico, principalmente se houver, como se espera, crescimento econ�mico. “N�o se trata de algo iminente, mas o risco se elevou muito em decorr�ncia do baixo n�vel dos reservat�rios no sistema CO-SE. Evidentemente que existe a salvaguarda de todas as usinas t�rmicas do sistema, al�m de avaliarmos que a demanda n�o dever� ser explosiva. Contudo, um crescimento muito pujante do PIB, este ano, vai acelerar o risco de racionamento”, refor�a o economista-chefe da Ativa.

Governo quer contratar usinas

Com a situa��o cr�tica dos principais reservat�rios de usinas hidrel�tricas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) editou ontem um decreto que regulamenta a realiza��o de leil�es para contratar usinas, aumentar a seguran�a do sistema el�trico brasileiro e evitar o desabastecimento de energia.

Os leil�es para aquisi��o de reserva de capacidade na forma de pot�ncia � uma forma de contrata��o de usinas que ficar�o dispon�veis para atender a demanda de energia do Sistema Interligado Nacional (SIN), sempre que houver necessidade. Esse tipo de certame foi autorizado recentemente por meio da Medida Provis�ria nº 998, editada no ano passado, e ainda n�o foi realizado no pa�s.

Caber� ao Minist�rio de Minas e Energia, subsidiado por estudos t�cnicos, definir o montante a ser contratado, via leil�o promovido pela Ag�ncia Nacional de Energia El�trica (Aneel). Os custos para contrata��o dessas usinas ser�o rateados entre todos os consumidores finais do sistema interligado, por meio de um novo encargo na conta de luz, chamado Encargo de Pot�ncia para Reserva de Capacidade, e ser� proporcional ao consumo.

De acordo com a Secretaria-Geral da Presid�ncia, a realiza��o dos leil�es vai permitir que eventuais oscila��es na demanda em raz�o de algum aumento no consumo, ou flutua��es na oferta devido � redu��o de gera��o em algumas usinas possam ser supridas sem que haja interrup��o no fornecimento de energia. “Em �ltima an�lise, a contrata��o dessa reserva de capacidade torna o sistema mais seguro e est�vel”, diz nota emitida pela secretaria.

“A garantia de suprimento de pot�ncia passa a ser cada vez mais relevante com as recentes altera��es na matriz energ�tica brasileira, que deixou de ser formada estritamente por hidrel�tricas com reservat�rios e termel�tricas, passando a contar com relevante participa��o de fontes de gera��o vari�veis e n�o control�veis (usinas e�licas, solares e hidrel�tricas a fio d’�gua, ou seja, sem reservat�rios)”, informou o governo.

O argumento � de que essas fontes n�o possuem capacidade de controlar sua gera��o a cada momento, pois dependem de fatores naturais, como o vento e o sol, para atender as diferentes necessidades do sistema el�trico.

Falha em linha de transmiss�o de Belo Monte

Dois desligamentos na linha de transmiss�o Xingu/Estreito, que escoa a energia da usina hidrel�trica de Belo Monte, no Par�, uma das maiores do pa�s, deixaram algumas regi�es sem luz por cerca de 20 minutos no fim da manh� de ontem. Segundo o Operador Nacional do Sistema El�trico (ONS) �s 11h06 houve o primeiro desligamento, do Polo 1, e �s 11h26, do Polo 2 do mesmo sistema.

“O ONS reitera que, assim que identificou o problema, atuou para restabelecer o mais r�pido poss�vel o fornecimento de energia. O ONS avaliar� as causas da ocorr�ncia junto aos agentes envolvidos”, informou o �rg�o, em nota.

A Ag�ncia Nacional de Energia El�trica (Aneel) pediu explica��es � Belo Monte Transmissora de Energia sobre a ocorr�ncia. A empresa n�o � respons�vel pela gera��o da usina. Segundo a ag�ncia, a primeira ocorr�ncia, �s 11h06, na linha de alta tens�o entre Par� e Minas Gerais, teria causado sobrecarga em outros polos do sistema de transmiss�o associado � usina, “sem maiores consequ�ncias para o Sistema Interligado”.

A Aneel informou ainda que, �s 11h26, houve um segundo desligamento na linha, e a interrup��o de seis unidades geradoras da usina de Belo Monte, o que causou o corte de carga.


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