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Estado de Minas Crescimento

Infla��o e falta de vacina contra a COVID podem frustrar rea��o da economia

Amea�am tamb�m as previs�es de expans�o do Brasil neste ano e em 2022 uma 3� onda de contamina��es


31/05/2021 04:00 - atualizado 31/05/2021 07:41

Alerta de emergência de crise hídrica já anunciado pelo governo pode não levar à apagão, mas reflexo na conta de energia já será donoso (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 28/8/17)
Alerta de emerg�ncia de crise h�drica j� anunciado pelo governo pode n�o levar � apag�o, mas reflexo na conta de energia j� ser� donoso (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 28/8/17)
Bras�lia – �s v�speras de o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) divulgar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto da produ��o de bens e servi�os do pa�s) do primeiro trimestre de 2021, houve enxurrada de revis�es das proje��es de analistas de bancos e corretoras embaladas pelo fato de os impactos da segunda onda da COVID-19 n�o terem sido t�o ruins quanto eles esperavam. Esse movimento � um alento para o governo, pois, entre os integrantes da c�pula do Pal�cio do Planalto, h� consenso de que, se a economia crescer entre 4% e 5%, neste ano, e mais de 3%, em 2022, o presidente Jair Bolsonaro estar� reeleito.

Contudo, h� d�vidas sobre se esse cen�rio otimista realmente vai se concretizar, porque h� muitas incertezas pelo caminho. As novas estimativas apontam alta de at� 5% no PIB deste ano, o que, mesmo se confirmado, deixa o Brasil abaixo da m�dia global projetada pelo Fundo Monet�rio Internacional (FMI) e de bancos internacionais, – em torno de 6%. Analistas ouvidos pelo Estado de Minas reconhecem que o avan�o da vacina��o ser� crucial para a concretiza��o desse cen�rio otimista, apesar de as perspectivas para os pa�ses emergentes serem mais fr�geis do que para as economias desenvolvidas.

A depender do impacto da terceira onda da pandemia, e do risco de apag�o, que foi reconhecido pelo pr�prio governo, o cen�rio desenhado para a economia pode ficar comprometido. Outra dificuldade est� em  ressalvas quanto ao desempenho que o Brasil ser� capaz de mostrar em 2022, devido ao elevado grau de incertezas em um ano eleitoral.

Inflação, com previsões de alta, deve ter impacto mais forte sobre o comportamento da economia(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press - 9/5/20)
Infla��o, com previs�es de alta, deve ter impacto mais forte sobre o comportamento da economia (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press - 9/5/20)

Resta saber o que far� o Banco Central (BC), que iniciou, em mar�o, outro ciclo de alta da taxa b�sica de juros (Selic, aquela que remunera os t�tulos do governo no mercado financeiro e serve de refer�ncia para as opera��es nos bancos e no com�rcio). A autoridade monet�ria pode atrapalhar os planos de reelei��o de Bolsonaro se realmente focar em exercer a autonomia rec�m-conquistada no Congresso. Isso pode ocorrer porque a principal miss�o do BC � combater a infla��o e preservar o poder de compra do real, apesar de, agora, ter se preocupar com a atividade e o emprego, teoricamente.

Como a carestia n�o d� sinais de tr�gua, especialmente agora, diante da perspectiva de novos aumentos na conta de energia, resta saber se a autoridade monet�ria continuar� insistindo no discurso da “normaliza��o parcial”, sinalizando que vai elevar a Selic a at� 5,5% anuais, o que, de certa forma, ajudar� Bolsonaro. “O BC vai passar por um teste sobre a autonomia e vai ter que se explicar muito bem nas atas cada passo tomado em rela��o � Selic”, aponta o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.

Roberto Padovani, economista-chefe do Banco BV, n�o v� espa�o para o BC interromper o ciclo de alta dos juros neste ano, porque as press�es inflacion�rias devem continuar at� 2022. Ele prev� a Selic chegando a 6,25% anuais, em dezembro, pr�ximo do limite de 6,5% para uma taxa estimulativa para a atividade. econ�mica  “O problema maior da crise h�drica ser� o impacto no pre�o, porque a economia j� n�o deve crescer muito, pois o carregamento estat�stico do PIB de 2020 neste ano � de 3,6%”, explica Padovani.

Segundo o economista, o ano de 2022 exige muito mais cautela e ser� dif�cil apostar no crescimento robusto da economia, devido � volatilidade e �s incertezas elevadas, com os juros internacionais em alta, o ambiente pol�tico ruidoso e o d�lar valorizado. “Um crescimento do PIB pr�ximo de 2% faz mais sentido”, resume.

Marcelle Chauvet, professora de Economia da Universidade da Calif�rnia, tamb�m n�o v� chances de o PIB brasileiro conseguir crescer acima de 2% em 2022 e reconhece que as incertezas em rela��o � retomada da economia brasileira s�o elevadas. A economista n�o descarta a possibilidade de apag�o neste ano.

“Existe um risco de emerg�ncia h�drica no segundo semestre deste ano para v�rios estados do Brasil. Se esse cen�rio for concretizado, sim, haveria um risco maior de apag�o neste ano. Mas, � muito cedo para se ter proje��es de chuvas para o ano que vem”, afirma.

Rea��o lenta 

Na avalia��o do economista Claudio Considera, coordenador do N�cleo de Contas Nacionais (NCN) do Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Getulio Vargas (FGV IBRE), as chances de o PIB crescer 5% s�o m�nimas, especialmente, porque o desemprego vai continuar elevado enquanto o ritmo da vacina��o contra o coronav�rus continuar lento, como atualmente, e abaixo das proje��es iniciais. “O emprego vai acabar se recuperando mais devagar, porque a �rea de servi�os, que inclui com�rcio, transporte, hotelaria, bares e restaurantes e � o setor que mais emprega e que  representa cerca de 70% do PIB, n�o vai retomar a normalidade enquanto n�o houver vacina��o em massa. Sem isso, n�o � poss�vel retomar as atividades desse segmento, que precisa da intera��o das pessoas”, afirma

Considera n�o descarta os riscos da uma terceira onda da pandemia. “Sem a vacina��o em massa, a economia n�o vai se recuperar. N�o sei se o PIB vai retomar o patamar pr�-crise neste ano, mas a economia vai crescer pouco no ano que vem”, acrescenta o coordenador da FGV. No entender de Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, h� espa�o para o PIB brasileiro ser mais robusto neste ano, mas tudo vai depender da vacina��o. “A demanda por consumo e servi�os est� reprimida e ela aumenta, no exterior, quando h� aumento da vacina��o e o brasileiro tende a ter um comportamento semelhante”, aposta.

Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, destaca que o risco de apag�o apontado pelo governo � uma condi��o adicional para que o PIB n�o cres�a muito no segundo semestre, apesar de o impacto ser maior na infla��o do que na falta de energia. “� mais um risco pela frente e ajuda a colaborar para mantermos a nossa proje��o de crescimento do PIB em 3,2%, porque vai depender das condi��es de vacina��o e do impacto da terceira onda, que ainda n�o est�o muito claros”, afirma ele, que prev� alta de 1,8% no PIB de 2022 e n�o descarta os riscos da terceira onda.
 

Vacina��o necess�ria 

As proje��es para o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, que ser� divulgado amanh� pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), antes negativas em meio � segunda onda da COVID-19, passaram a crescimento variando de 0,2% a 2,12% na margem, ou seja, na compara��o com os tr�s meses imediatamente anteriores. As revis�es para cima feitas no mercado financeiro foram intensificadas ap�s o surgimento de dados mais positivos do que o esperado, mas analistas reconhecem que os indicadores de confian�a, tanto do consumidor quanto dos empres�rios, ainda s�o baixos. Isso ocorre devido, principalmente, ao desemprego recorde e �s incertezas sobre o processo de vacina��o.

 
As novas estimativas, apesar de mais otimistas, continuam apontando desacelera��o na economia brasileira desde o �ltimo trimestre de 2020, se compararmos e evolu��o das taxas trimestrais. Al�m disso, analistas ouvidos pelo Estado de Minas lembram que o pa�s continua apresentando crescimento menor do que o resto do mundo, sem contar que o pa�s nem sequer figura entre as 10 maiores economias do planeta.

Claudio Considera, coordenador do N�cleo de Contas Nacionais (NCN) do Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Getulio Vargas (FGV IBRE), refor�a a necessidade de vacina��o para garantir a melhora no mercado de trabalho, que registra taxa de desemprego recorde, de 14,7%. Sem que mais de 70% da popula��o seja vacinada, ressalta, “n�o ser� poss�vel assegurar uma retomada mais robusta da economia”. Nesse sentido, ele cita a afirma��o recente do Papa Francisco, sobre o fato de o Brasil n�o ter salva��o, “porque o brasileiro toma muita cacha�a e ora pouco”. “A �nica salva��o do pa�s est� na vacina��o”, frisa.

Para Jos� Marcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, que elevou de 3% para 4,3% a previs�o do PIB deste ano, o risco de apag�o “� muito baixo” em 2021.  “Temos muita usina t�rmica para ser acionada”, afirma. Segundo ele, essa onda de otimismo nas proje��es est� mais relacionada com a expectativa de avan�o das reformas estruturais, como a administrativa e a tribut�ria, que est�o caminhando no Congresso e com o fato de as reformas microecon�micas, que foram realizadas ou pautadas desde o governo Michel Temer, est�o come�ando a fazer efeito, como a trabalhista, que tem ajudado na gera��o de emprego formal neste ano.

“As reformas microecon�micas demoram para fazer efeito, mas quando s�o feitas, ajudam a melhorar o potencial de crescimento da economia”, completa Camargo. Problemas estruturais no Brasil que n�o s�o resolvidos � que fazem com que o pa�s apresente taxas de crescimento abaixo da m�dia global, resume Alex Agostini, economista-chefe da consultoria Austim Rating. Ele prefere manter em 3,3% a proje��o para o avan�o do PIB em 2021, mas tem a previs�o mais otimista para o PIB do primeiro trimestre, de 2,12%.  A previs�o do Fundo Monet�rio

“A parte tribut�ria ainda � muito complexa e afugenta o investidor. E h� o problema fiscal que vem impactando fortemente no c�mbio mais valorizado. O governo vem registrando deficit prim�rio desde 2014, mas nunca teve um superavit grande que permitisse investimentos em robustos em infraestrutura de forma estrat�gica, a fim de reduzir a depend�ncia do modal rodovi�rio, e mal consegue preservar o estoque, que est� se deteriorando”, lamenta. Segundo ele, por conta desses problemas dom�sticos maiores do que os de outras economias, “o real apanha mais quando as moedas de pa�ses emergentes s�o desvalorizadas”.


 


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