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Estado de Minas EFEITOS DA CRISE

Polos comerciais de BH lutam para manter portas abertas na pandemia

Lojas especializadas que se concentram em bairros de BH, com longo hist�rico de vendas, enfrentam da dr�stica queda dos neg�cios ao desafio de vender pela WEB


31/05/2021 04:00 - atualizado 31/05/2021 07:39

No polo de moda do Barro Preto, mais de 30% das lojas fecharam por não resistir à queda dos negócios com a quarentena contra o vírus(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
No polo de moda do Barro Preto, mais de 30% das lojas fecharam por n�o resistir � queda dos neg�cios com a quarentena contra o v�rus (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Os duros efeitos da falta de controle sobre a COVID-19 e o impacto da doen�a numa economia fragilizada nos �ltimos anos transformam at� mesmo corredores tradicionais do com�rcio de Belo Horizonte, que passaram a fazer parte da vida da cidade e se tornaram refer�ncia em algumas �reas e bairros da capital. Portas fechadas ou grande queda das vendas se multiplicaram nos polos comerciais de moda do Barro Preto e das antigas peixarias no Bairro Bonfim, dois exemplos do tamanho do desafio que os lojistas enfrentam.

As dificuldades anteriores � crise sanit�ria, diante do baixo crescimento do pa�s e do caixa apertado por custos altos, incluindo os alugu�is, cresceram com as medidas de isolamento social, necess�rias para deter a contamina��o e as mortes provocadas pelo novo coronav�rus. A boa not�cia � que parte dos lojistas foi bem-sucedida ao migrar as vendas para a internet.

O Sindicato do Com�rcio Atacadista de Tecidos, Vestu�rio e Armarinhos de Belo Horizonte (Sincateva BH) estima que fecharam as portas depois da pandemia mais de 30% das lojas do reduto do com�rcio de moda instalado no Barro Preto h� cerca de 50 anos. O presidente da entidade, L�cio Em�lio de Faria, destaca que os centros comerciais tamb�m sofreram o baque nos neg�cios. “No quarteir�o anterior � Pra�a Raul Soares, temos sete lojas fechadas e mais vinte dentro da Galeria Chaves. O Montreal (shoppong local) est� praticamente fechado, Savana (outro centro de compras especializado em vestu�rio e assess�rios) tamb�m com muitas lojas para alugar. Com isso, o n�mero de desempregados � muito grande”, afirma.

� reportagem do Estado de Minas, lojistas do Barro Preto confirmaram o corte de empregos. “Eram 14 lojas e viramos 12 porque t�nhamos 100 clientes, mas hoje se passam dois por aqui � muito. E tamb�m tivemos demiss�o em massa. Sempre mantivemos de tr�s a quatro vendedores e, agora, s�o apenas duas pessoas em cada loja. Tivemos pelo menos 14 funcion�rios dispensados”, afirma Sander Junior dos Reis Rezende, de 27 anos, gerente da empresa Tempus, rede de lojas de de roupa masculina e feminina.

''Era um bairro que despontava como atacado, e hoje perdeu essa identidade'' - Luciana Orlande, de 50, dona de loja no Bairro Barro Preto(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
''Era um bairro que despontava como atacado, e hoje perdeu essa identidade'' - Luciana Orlande, de 50, dona de loja no Bairro Barro Preto (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Para Sander Reis, a regi�o perdeu o t�tulo de poo da moda durante a pandemia. “Com todas as palavras e sinceridade, tem sido p�ssimo. O Barro Preto todo sofreu esse impacto, muitas lojas ficaram fechadas. Era o polo da moda, mas as ruas ficaram completamente vazias (depois da pandemia)”, lamentou. Concorda com ele Luciana Orlande, de 50, dona da loja Luxs, de roupas femininas. “O Barro Preto morreu. Era um bairro que despontava como atacado, e hoje perdeu essa identidade. A situa��o piorou por causa da pandemia, as pessoas n�o andam mais na rua. O bairro est� deixando a desejar no neg�cio local”, afirmou.

Os per�odos de fechamento e reabertura do com�rcio de produtos e servi�os n�o essenciais na capital contribu�ram para o abalo que as vendas sofreram, como avalia Lucas Almeida, de 37, dono de uma loja de bolsas. “Quando abre e fecha, at� engrenar de novo demora muito tempo e tem muito amigo meu fechando, mas agora o com�rcio est� voltando. O que preocupa � se parar de novo”. Lucas precisou se desdobrar para garantir o sustento na atividade. Al�m da loja, ele trabalha nas feiras de Contagem, na Grande BH, e aos s�bados e domingos comercializa seus produtos na Feira de Artes, Artesanato e Produtores de Variedades de Belo Horizonte, conhecida como Feira Hippie.

Reposi��o

Os fornecedores tamb�m foram afetados pelos efeitos da pandemia de COVID-19, dificultando tamb�m a reposi��o de estoques pelos lojistas que continuam na atividade, como conta Maria Cristina Balduino, de 50, gerente da Loja Vivest, de roupa masculina e feminina “Tem sido complicado porque n�o conseguimos comprar mercadoria. Quase n�o encontramos. De clientes, tem sido esse vazio”, lamenta. O movimento caiu 70% nas estimativas da gerente. A empresa fez expressivo corte de funcion�rios, eliminando uma dezena dos 15 empregos que mantinha.

Na loja gerenciada por Sander Rezende, houve perda de vendas por falta de mercadoria. “Quando a f�brica est� fechada n�o temos o que fazer. As pessoas chegam procurando a novidade e n�o temos como oferecer. Est� muito dif�cil arrumar fornecedores. Trabalhamos com marca de uma f�brica que mal abriu e j� fechou por causa da pandemia”, reclama. Para Lucas de Almeida, um problema adicional na reposi��o de pe�as � o aumento dos pre�os, barreira � tentantiva de oferecer diversidade de modelos ao consumidor.

Campanhas

''Agora, o comércio está voltando. O que preocupa é se parar de novo'' - Lucas de Almeida, dono de loja no Bairro Barro Preto(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
''Agora, o com�rcio est� voltando. O que preocupa � se parar de novo'' - Lucas de Almeida, dono de loja no Bairro Barro Preto (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
O sentimento dos lojistas do Barro Preto une o receio de avan�o dos indicadores da pandemia nos pr�ximos meses e incerteza quanto a poss�vel fechamendo do com�rcio de produtos e servi�os n�o essenciais. “Sabemos o impacto que causam as lojas fechadas. Se isso voltar a acontecer vai ser um desastre para todo mundo”, afirma Sander Rezende.

As datas comemorativas t�m ajudado a reerguer as vendas. O Dia das m�es, comemorado no �ltimo dia 9, levou movimento �s ruas e �s lojas. “Ao longo da semana n�o s� clientes, quem est� trabalhando na regi�o tamb�m compra”, acrescentou o gerente da loja Tempus. As expectativas se voltam agora para o Dia dos Namorados, em 12 de junho.

Lojistas como Luciana Orlande j� planejou campanha de vendas. “Teremos uma campanha direcionada para as mulheres que se amam, se cuidam e v�o se presentear”, conta. Outra alternativa adotada foi partir para as vendas digitais. A conquista de clientes pelas redes sociais animou a lojsta a inaugurar um espa�o de e-commerce. “O que a pandemia trouxe de positivo foi que me desenvolvi no on-line. Foi uma reinven��o”, destaca. No com�rcio de bolsas de Lucas Almeida, metade das vendas passou a ser feita pela internet.

Custos maiores e oferta menor na rua Bonfim

''A gente atende muito restaurante, nosso forte é o atacado'' - Eder Diniz Souza, comerciante da Rua Bonfim (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
''A gente atende muito restaurante, nosso forte � o atacado'' - Eder Diniz Souza, comerciante da Rua Bonfim (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Sem o movimento de clientes que transformou a rua Bonfim, na Regi�o Noroeste de BH, em polo comercial de peixes, os lojistas desse conhecido corredor de empresas lutam para manter o t�tulo desde o in�cio da pandemia. Ap�s o bom resultado das vendas durante a Semana Santa, os comerciantes renovaram o �nimo com a volta dos consumidores, mas a preocupa��o cresce, agora, frente aos repasses dos fornecedores que encarecem a mercadoria levada �s prateleiras.

Na Uai Peixes, o atendente Sandro Josu�, de 44 anos, confirma grande queda das vendas. “Tem sido dif�cil. As vendas ca�ram 50% em m�dia”, estima. “A refer�ncia do ponto ajuda, mas j� esteve melhor, n�o � a mesma coisa”, lamenta. As demiss�es foram outra consequ�ncia do aperto financeiro.

Eder Diniz Souza, de 38, dono da Mar�tima Pescados e Frutos do Mar, calcula id�ntica redu��o. Ele deu in�cio ao neg�cio em 2019, apostando na refer�ncia do ponto, e nem poderia imaginar, pouco mais de tr�s meses depois, os efeitos que a pandemia traria ao com�rcio. 

“A gente atende muito restaurante,nosso forte � o atacado. Com o fechamento, eles ainda est�o se reestruturando e as vendas deles tamb�m ca�ram, o que acaba prejudicando a gente tamb�m. No meu estabelecimento tive queda de 50%”, lamentou.

Eles acreditam que o pre�o alto repassado pelos fornecedores tamb�m prejudicou as vendas. Outro problema � a oferta menor de alguns tipos de pescados. “Os pre�os t�m aumentado muito e tamb�m faltam alguns produtos. De R$ 60 o quilo salm�o fresco foi a R$ 90, esse � um produto que est� em falta. Til�pia, tamb�m com pouca oferta, de R$ 32 foi para R$ 50. O pessoal sem dinheiro e as coisas caras, isso prejudica a venda”, ressaltou Sandro Josu�. Eder Diniz lembra que o custo subiu, principalmente, dos itens influenciados pelo d�lar. As vendas reagiram durante a Semana Santa e os comerciantes passaram a ver perspectiva de recupera��o. (NW)

Vizinhos se fortalecem na onda das vendas digitais

Comércio de peças automotivas da Avenida Pedro II se beneficiou de produtos essenciais na pandemia(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press )
Com�rcio de pe�as automotivas da Avenida Pedro II se beneficiou de produtos essenciais na pandemia (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press )
igra��o bem-sucedida de parcela das vendas f�sicas para o ambiente digital e o lema de que a uni�o faz a for�a foram fundamentais para a virada dos neg�cios em pelo menos tr�s polos comerciais conhecidos de Belo Horizonte, o corredor moveleiro da Avenida Silviano Brand�o; o agrupamento de lojas de autope�as instaladas na Avenida Pedro II e o segmento de revendedoras de ve�culos abrigado na Avenida Bar�o Homem de Melo. Nesses famosos polos onde a aglomera��o n�o favorece a COVID-19, lojistas e funcion�rios respiram aliviados com a manuten��o das atividades, a despeito de longos per�odos de fechamento da cidade, necess�rios para deter o avan�o do novo coronav�rus.

O aprendizado de como surfar na onda da internet e explorar a visibilidade oferecida pelas redes sociais impediu queda abrupta de vendas e, ao mesmo tempo, compensou perda de neg�cios na presen�a do consumidor. O setor moveleiro tamb�m se beneficiou do tempo maior que as pessoas est�o passando em casa e o com�rcio de pe�as automotivas tem sua essencialidade.

Quando os indicadores da pandemia na cidade permitiram a reabertura, os estabelecimentos logo se encarregaram de fornecer �lcool em gel e recebem o cliente com o sorriso por tr�s da m�scara de prote��o. Encaradas lado a lado com o com�rcio vizinho, as dificuldades resultantes de atraso na entrega de produtos e de pre�os repassados pelos forneceores parecem ter sido entendidas pelo consumidor, o que tamb�m ajudou na rea��o ao impacto da doen�a respirat�ria sobre a economia.

Diante do isolamento social, o polo moveleiro da Avenida Silviano Brand�o, na Regi�o Leste de BH, v� movimento t�mido pelas ruas, mas tem o que comemorar. “Como � uma avenida conhecida pelo setor de m�veis, o cliente vem disposto a comprar. Como existem muitam lojas juntas, nos fortalecemos e trazemos o cliente para a avenida. A� nosso papel � ganhar o cliente aqui dentro”, explica Gabriela Rachid, que trabalha h� 10 anos na empresa Marrocos Interiores.

Adequação a negócios pela internet é gradativa para lojas de móveis, assim como vencer dificuldade de reposição, segundo a gerente comercial Gabriela Rachid(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Adequa��o a neg�cios pela internet � gradativa para lojas de m�veis, assim como vencer dificuldade de reposi��o, segundo a gerente comercial Gabriela Rachid (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
O lado saud�vel da concorr�ncia ajuda a convencer o consumidor de que as dificuldades s�o coletivas, como o atraso na entrega dos produtos importados e o aumento do pre�o repassado ao consumidor. “Claro, a gente teve muita dificuldade, mas estamos conseguindo nos adequar, gra�as a Deus. E � um dia de cada vez. O com�rcio fecha hoje e reabre amanh�, a gente nunca sabe... Ent�o, no meio do furac�o que foi esse �ltimo ano, estamos, no final das contas, tendo que agradecer”, ressalta a gerente comercial.

A utiliza��o em peso das redes sociais impulsionada pela quarentena deve permanecer como estrat�gia permanente das empresas. “Nosso ramo de m�veis nunca foi muito adepto � internet porque o cliente quer ver o tecido, quer tocar, quer sentar, pegar no nosso produto e verficar as dimens�es. Foi um desafio at� para os vendedores, mas foi positivo e acho que isso vai permanecer”, destaca Gabriela Rachid.

� dist�ncia de quatro quarteir�es na mesma avenida, a loja Ambient M�veis exibe sof�s que convidam a uma visita imposs�vel de ser feita pelo Instagram, seguido por 40 mil pessoas. “A gente tem uma rede social atuante. Consegui manter mais ou menos 25% a 30% das vendas com a loja fechada”, conta o diretor comercial L�cio Carneiro.

Instalada h� 20 anos na Silviano Brand�o, com quatro lojas, a empresa enfrentou v�rias crises da economia. “O faturamento est� maior, porque o m�vel foi um produto que se valorizou entre 30% e 40% na pandemia. As vendas est�o se mantendo em base de compara��o com os outros anos”, explica.

Sem pitstop 

Na Avenida Pedro II, repleta de lojas de suprimentos para ve�culos, o lucro n�o se compara ao ganho do neg�cio antes da pandemia, mas a atividade se mant�m. “Diminuiu a clientela. No entanto, por se tratar de servi�o essencial, o movimento caiu, mas n�o foi nada significativo n�o”, conta a vendedora Joelma Pires, que trabalha h� 2 anos na empresa 1100 Auto Pe�as.

Localizada na Regi�o Noroeste de BH, a avenida resiste �s mudan�as provocadas pela crise sanit�ria na economia. “Aqui a gente tem autope�as, oficina, distribuidora, nada fechou. Ent�o as pessoas continuam usando o carro e fazendo manuten��o da mesma forma. A gente sentiu sim a pandemia, mas ela n�o teve o mesmo impacto que nos restaurantes, por exemplo”, acrescenta.

A 20 minutos dali, j� na Regi�o Oeste da capital, outra via � s�mbolo dos servi�os buscados pelos amantes do automobilismo: a Avenida Bar�o Homem de Melo. As concession�rias tiveram de se reinventar para n�o perder o cliente que busca seguran�a na compra, como fez a InvestCar BH. “Aqui temos o cuidado de higienizar as m�os e os carros toda hora”, explica a vendedora Isabella Regina Chagas da Silva, feliz em poder trabalhar durante a crise.

A grande quantidade de lojistas atuando no mesmo mercado estimula a concorr�ncia, mas ajuda a atrair os clientes. “Nosso foco � carro para trabalho e  premium. Cada loja tem um tipo de p�blico-alvo. Estarmos juntos n�o chega a atrapalhar, acaba fortalecendo porque as somos parceiros um do outro”, conclui.
 


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