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Estado de Minas CUSTO DE VIDA

Alta de pre�os muda almo�o de trabalhadores fora de casa

Custo for�a substitui��o das refei��es em restaurantes por marmitas preparadas em casa ou lanches r�pidos


03/08/2021 06:00 - atualizado 03/08/2021 11:58

O motorista Derico Gomes trocou o prato feito por lanche, segundo ele mais barato e rápido (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
O motorista Derico Gomes trocou o prato feito por lanche, segundo ele mais barato e r�pido (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

 
O almo�o no restaurante teve de dar lugar � marmitinha caseira ou mesmo ao lanche r�pido para ficar mais barato. Com a assustadora disparada da infla��o nos g�neros aliment�cios de primeira necessidade – como arroz, feij�o, �leo e carnes no geral –, fam�lias e trabalhadores tiveram de se adaptar a uma nova rotina para conseguir aproveitar o sal�rio da melhor forma poss�vel. A alta dos pre�os interfere tamb�m no faturamento dos restaurantes da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, que precisam manter o equil�brio no que � cobrado por prato e os gastos mensais.
 
A terceira reportagem da s�rie sobre o impacto da infla��o na vida dos brasileiros que vem sendo publicada pelo Estado de Minas desde domingo traz exemplos de trabalhadores que deixaram de almo�ar fora durante a jornada de trabalho. Para eles, a economia feita com a alimenta��o � essencial para controlar os gastos do m�s, al�m de sobrar recursos para outros fins.
 
Uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) mostra que a alimenta��o fora do domic�lio sofreu varia��o de 7,76% nos �ltimos 12 meses na Grande BH, com dados levantados at� junho. O lanche r�pido, por sua vez, encareceu 8,36%, enquanto refei��o aumentou 7,78%. O �ndice Nacional de Pre�os do Consumidor Amplo (IPCA) indica que a infla��o no per�odo foi de 9,08%. Outros subitens que comp�em a varia��o da alimenta��o tamb�m sofreram reajuste. O refrigerante encareceu 2,81% e a cerveja, 4,2%.
 
Diante do crescimento dos pre�os, o motorista de aplicativo Derico Gomes, de 56 anos, deixou de lado as refei��es di�rias e passou a fazer um lanche simples. Al�m de economizar tempo, ele evita gastar de R$ 90 a R$ 120 por semana com um prato feito. “A vantagem de comer lanche � financeira. Hoje em dia, � muito caro comer em restaurante. E voc� perde muito tempo. N�o est� valendo a pena e n�o temos condi��es. Os aplicativos est�o com ades�o muito baixa e a reposi��o por parte da empresa n�o � favor�vel. Prefiro fazer as refei��es em casa, � noite. Geralmente, eu trago uma fruta ou mesmo um p�o para completar a refei��o”, diz.
 
O condutor tamb�m tem de enfrentar os aumentos constantes no pre�o dos combust�veis, j� que a gasolina teve aumento de 43,56% e o etanol sofreu varia��o de 67,36% na Grande BH nos �ltimos 12 meses. “Fa�o o lanche de uns seis meses para c�. Antes, eu comia no restaurante ou comprava uma marmita, mas nem sempre tinha onde esquentar. Com a alta do combust�vel e dos alimentos ficou invi�vel sentar para comer. Outros colegas tamb�m t�m feito isso. Sempre que estamos lanchando, h� dois ou tr�s colegas com o aplicativo ligado. Isso mostra uma crise sem fim”, ressalta Derico.

Na tentativa de economizar, a vendedora Ana Carolina leva refeição de casa para o trabalho (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Na tentativa de economizar, a vendedora Ana Carolina leva refei��o de casa para o trabalho (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

 
Com a op��o de poder aquecer o almo�o, a vendedora Ana Carolina Mendes, de 21, preferiu levar sua pr�pria comida feito em casa para o trabalho, que fica no Bairro Funcion�rios. “Fazer a compra do m�s j� est� sendo bem puxado. Uma compra feita no supermercado para uma fam�lia de tr�s pessoas fica muito caro. Gastando R$ 15 numa marmita por dia ficaria ainda mais dif�cil, at� porque trabalhamos aos s�bados at� as 13h. Sairia mais caro do que a pr�pria compra. A infla��o sobe e somos n�s que temos que pagar”.
 
Outra vantagem citada por ela � poder se alimentar de uma maneira mais saud�vel, evitando o card�pio denso dos restaurantes. “Na nossa comida, sabemos o que foi colocado. Comer no restaurante muitas vezes me faz passar mal. Agora n�o tem esse problema”, conta.
 
A manicure Marta da Concei��o Lucas, de 51, tamb�m leva sua pr�pria refei��o ao trabalho, que fica no Bairro Guti�rrez. Ela sentiu o peso das medidas de isolamento em virtude do coronav�rus, j� que o sal�o onde trabalha teve de fechar as portas por v�rios meses em BH: “Quando chega o fim do m�s, vemos a economia que fizemos ao levar a marmita de casa. Eu pagaria R$ 15 por dia num restaurante, que cobra muito caro pela refei��o. Tivemos  perdas na pandemia com o fechamento do sal�o onde trabalho. Agora, com a abertura, temos de correr atr�s do preju�zo e economizar o quanto pudermos”.

Varia��o


(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
O coordenador da pesquisa do �ndice de Pre�o ao Consumidor Amplo (IPCA) na Grande BH, Ven�ncio Ara�jo da Mata, diz que a varia��o de diversos produtos interfere na alta do pre�o da alimenta��o fora de casa. “A m�dia de varia��o do pre�o da alimenta��o � um somat�rio da eleva��o de todos os itens que comp�em a refei��o. O �leo, as carnes e o arroz, que tiveram aumentos grandes, elevam muito o custo do almo�o. No entanto, como o �ndice geral ficou abaixo, muitas vezes, a margem de lucro dos estabelecimentos que trabalham com refei��o e lanche foi diminu�da. Podemos interpretar que os propriet�rios n�o repassaram para o cliente o aumento de custos, j� que ficou com medo de perder vendas”.
 
O presidente da Associa��o Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel-MG), Matheus Daniel, entende que os estabelecimentos t�m ajustado o pre�o dos pratos de forma mais lenta que os supermercados, que j� aumentam determinados produtos quando a infla��o tem alta. “Tem de haver equil�brio. N�o conseguimos repassar totalmente o pre�o, mas o restaurante tem de buscar justamente esse equil�brio para tentar ajustar as contas. N�o d� para n�o repassar o custo para os consumidores. No supermercado, todo dia o pre�o � diferente. Se subir (no fornecedor), o propriet�rio tamb�m eleva o pre�o. No restaurante, temos de fazer card�pios e um monte de material. Por isso, n�o conseguimos repassar os pre�os na mesma velocidade”.
 
Em vez de reajustar as refei��es, o empres�rio Anderson Sorriso, dono de um restaurante na Regi�o Centro-Sul da capital, tem buscado comprar os ingredientes com menor pre�o para evitar os aumentos no card�pio. “Tenho andado mais, olhando com mais fornecedores, para comprar com pre�o melhor. Estou tendo mais trabalho para pesquisar mais e levar para a mesa do cliente com a mesma proposta, tradi��o e qualidade. Em v�rias ocasi�es, infelizmente, temos de aumentar o valor do servi�o, mas os clientes normalmente entendem que vivemos um momento de grande infla��o e que ainda � justo se alimentar conosco. Meus clientes n�o me abandonaram”.


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