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Estado de Minas REFLEXOS DA PANDEMIA

Bares e restaurantes de BH buscam reerguer neg�cio, ap�s reabertura

Com os efeitos da COVID-19, 29% dos estabelecimentos da capital fecharam as portas. Recupera��o aposta em meses de economia mais aquecida e na gastronomia


09/08/2021 04:00 - atualizado 09/08/2021 15:06

O Churrasquinhos do Luizinho deixou saudades no Prado, afetado também pelos efeitos da crise sanitária(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 6/7/21)
O Churrasquinhos do Luizinho deixou saudades no Prado, afetado tamb�m pelos efeitos da crise sanit�ria (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 6/7/21)
O retorno de poucas tradi��es foi t�o aguardado na Belo Horizonte conhecida como a capital nacional dos bares quanto o da boemia. Fato inedito em um ano e quatro meses de pandemia da COVID-19, a libera��o do funcionamento das casas, incluindo os restaurantes, com a venda de bebidas alco�licas at� �s 23h diminuiu a restri��es para os bo�mios, mas quem viveu as madrugadas anteriores � crise sanit�ria n�o se conforma com a sucess�o de portas fechadas. O setor trabalha, agora, pela recupera��o, amparada na diversidade e qualidade do servi�o associada aos costume da popula��o e � fama da gastronomia mineira.
 
Segundo a Associa��o Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel-MG), 3,5 mil estabelecimentos encerraram as atividades em BH desde mar�o de 2020, ou seja, 29% dos empreendimentos, amea�ando o t�tulo associado aos h�bitos e � famosa gastronomia que caracterizam os dias e noites da capital. A despeito de tamanha turbul�ncia, a entidade avalia que BH n�o corre o risco de perder o trono da boemia e demonstra certo otimismo para o segundo semestre.
 
As perspectivas que o presidente da Abrasel-MG, Matheus Daniel, vislumbra nos pr�ximos meses s�o positivas. Ele estima que, nesta etapa de reabertura do setor em BH, as empresas devem atingir o patamar de faturamento de 2019, o que deve frear a onda de fal�ncias. “No in�cio de junho fui convidado para a inaugura��o de um bar em BH erguido com investimentos de mais de R$ 1 milh�o. Aos poucos, as coisas v�o melhorando”, comemora.


 
O t�tulo de BH surgiu em 2013, quando um estudo divulgado pelo Minist�rio do Turismo apontou que o munic�pio oferecia um bar para cada conjunto de 170 habitantes – at� ent�o, a maior concentra��o do Brasil. “De maneira alguma a cidade perdeu esse t�tulo, porque o conquistamos tamb�m pela diversidade de bares que temos, pela qualidade dos nossos estabelecimentos, al�m da inventividade da nossa gastronomia. Al�m disso, precisamos nos lembrar de que a pandemia n�o afetou apenas o setor gastron�mico de Belo Horizonte, � um fen�meno global. Todo mundo sofreu perdas”, avalia.
 
O percentual da quebradeira � superior ao encontrado nas duas maiores capitais do pa�s. Em S�o Paulo, a Abrasel-SP estima que 21,82% empresas tenham fechado nos �ltimos 16 meses. No Rio, o sindicato estadual das empresas calcula que 25% dos CNPJs foram baixados no mesmo per�odo. A recupera��o do empresariado deve levar ao menos uma d�cada.
 
Entre as 6 maiores capitais, BH � a terceira que mais fechou botecos e restaurantes. As primeiras da lista s�o Salvador (31%) e Fortaleza (30%). Rio de Janeiro (25%), S�o Paulo (21%) e Bras�lia (20%) completam a lista. Os dados s�o da Abrasel e do Sindicato Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro (SindRio).
 
A m�dia nacional da quebradeira � de 30%, isto �, 300 mil, dos cerca de 1 milh�o de neg�cios voltados � alimenta��o fora do lar em todo o Brasil foram � fal�ncia ao longo de 2020. A crise em BH tamb�m resultou na dispensa de 30 mil dos 72 mil trabalhadores do setor, e queda vertiginosa no faturamento. Nos per�odos de maior restri��o, quando as empresas podiam operar apenas com o servi�o de delivery, as receitas foram reduzidas em 70%.

Finan�as Em junho deste ano, quando a cidade j� experimentava est�gio razo�vel de reabertura, a sa�de financeira dos neg�cios se mostrou fr�gil. Outro levantamento da Abrasel, realizado junto a 288 empreendimentos de BH, mostrou que 26% deles tiveram problemas para pagar integralmente os sal�rios do m�s, com vencimento no quinto dia �til. O �ndice melhorou em rela��o ao �ltimo estudo, feito em maio, no qual foram constatados 58% de inadimpl�ncia.
 
Ap�s as baixas da pandemia, BH passou a apresentar a propor��o de um bar para 320 habitantes, �ndice atualmente superado por cidades como S�o Paulo, com um estabelecimento por grupo de 286 pessoas, e Bras�lia, com 248 habitantes por boteco. Matheus Daniel pondera que a coroa de BH � sustentada por outros fatores al�m do n�mero de empreendimentos gastron�micos.

Inseguran�a Ao falarem das perspectivas que veem, empreendedores do setor ouvidos pelo Estado de Minas assumem um tom de desamparo e inseguran�a, j� que a pandemia lhes imp�s d�vidas, al�m de transformar o mercado de forma disruptiva. Rodrigo Cunha, propriet�rio do Stonehenge Rock Bar, fechou seu estabelecimento em abril �ltimo, ap�s 21 anos de atividades. Reduto de mineiros f�s de rock n’ roll, o espa�o ficava no Barro Preto, na Regi�o Central. Ele conta que, a princ�pio, manteve a casa fechada e abriu uma hamburgueria para tentar manter os compromissos financeiros, mas a estrat�gia deu certo por pouco tempo.
 
“N�o � vi�vel. No meu espa�o, cabem 430 pessoas. Para seguir os protocolos, eu teria que atender 70. Essa din�mica n�o cobre os custos de opera��o. Al�m disso, eu n�o me sinto seguro. Meus funcion�rios t�m comorbidades, � muito arriscado. Quem quiser voltar a funcionar que volte, eu n�o julgo, mas eu n�o vou. Para mim, � como sair para a guerra de peito aberto para tomar um tiro. No atual caos em que vivemos, esta � a situa��o”, comenta Cunha, que dispensou cerca de 30 empregados, entre gar�ons, cozinheiros, seguran�as, bartenders e caixas.
 
Maki Fangawa, que comandou por dois anos o boteco japon�s Dona Tomoko Izakaya, diz que ainda tem esperan�a de retornar ao setor gastron�mico. O empres�rio reconhece o desafio: ter� de montar outro bar, possivelmente em outro ponto da cidade, j� que entregou o im�vel onde operava, no Sion, Regi�o Centro-Sul da capital.
 
“Encerrei em julho do ano passado, assim que percebi que, caso continuasse funcionando, acumularia d�vidas. Mas quero sim abrir outro bar. Agora, no entanto, n�o � o momento. Vou aguardar at� que a vacina��o avance um pouco mais e a situa��o do mercado se estabilize”, projeta.

Abrasel pede repara��o em todo o pa�s

 A lucratividade do neg�cio dos bares e restaurantes tende a se ressentir por bom tempo, de acordo com Matheus Daniel, presidente da Abrasel-MG. “A grande maioria (das empresas) est� endividada. S�o d�bitos que n�o se pagam em menos de cinco anos. O custo dos insumos est� alt�ssimo. E a recupera��o do patrim�nio perdido. Isso leva pelo menos 10 anos (para recupera��o)”, diz.
 
Em meados de junho, a Abrasel acionou a Justi�a para responsabilizar o poder p�blico pela reabilita��o dos neg�cios, o que a entidade chama de repara��o financeira. A associa��o move a��es contra todos os estados da federa��o, al�m 270 munic�pios, exigindo benef�cios como isen��o de impostos como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) pelos pr�ximos cinco anos.
 
“Tudo o que sofremos na pandemia foi consequ�ncia direta de decis�es tomadas pelo Executivo municipal e estadual. Ningu�m aqui quer discutir se eles fizeram escolhas certas ou erradas, mas � dever do poder p�blico nos oferecer alguma repara��o. O que recebemos at� o momento dos prefeitos e governadores n�o basta. Grosso modo, eles nos ofereceram parcelamento e posterga��o de d�vidas. Sabemos que n�o voltaremos a operar como antes por um bom tempo. Ent�o, a conta n�o fecha”, analisa o presidente da Abrasel-MG.
 
Dono do extinto Bitaca da Leste, misto de bar e vendinha do interior que funcionou at� setembro de 2020 no Bairro Santa Tereza, Regi�o Leste de BH, Luiz Mairink tamb�m n�o faz planos de voltar ao mercado. Ele pondera que o formato de funcionamento definido PBH favorece ainda menos o retorno de bares pequenos como o dele.
 
“Era um lugar pequeno, intimista, de 30 metros quadrados. N�o t�nhamos o capital de giro de grandes empres�rios, nem grandes reservas financeiras. Para se sustentar, a casa precisava estar sempre cheia. Al�m disso, nesse espa�o reduzido, com apenas um banheiro dispon�vel, eu n�o teria como cumprir os protocolos”, afirma Mayrink. No in�cio da pandemia, ele tentou operar no delivery, sem sucesso.  (CE) 
 

Ranking da quebradeira

Retra��o nas 6 maiores metr�poles e a concentra��o do neg�cio

» SALVADOR (31%)
» Bares fechados: 4 mil
» Restaram: 8.511
» 1 bar a cada 339 habitantes

» FORTALEZA (30%)
» Bares fechados: 1,8 mil
» Restaram: 4,2 mil
» 1  bar a cada 639 habitantes 

» BELO HORIZONTE (29%)
» Bares fechados: 3,5 mil
» Restaram: 8,5 mil
» 1 bar a cada 320 habitantes

» RIO DE JANEIRO (25%)
» Bares fechados: 2.750
» Restaram: 8,25 mil
» 1 bar a cada 817 habitanttes

» S�O PAULO (21,82%)
» Bares fechados: 12 mil
» Restaram: 43 mil
» 1 bar a caa 286 habitantes 


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