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Estado de Minas SOBE E DESCE

D�lar a R$ 5,40: por que cota��o da moeda americana tem confundido economistas

Para cima ou para baixo? Real dribla estimativas mais otimistas e mant�m desvaloriza��o recorde


20/08/2021 15:07 - atualizado 20/08/2021 17:02

Real dribla estimativas mais otimistas e mantém desvalorização recorde(foto: Getty Images)
Real dribla estimativas mais otimistas e mant�m desvaloriza��o recorde (foto: Getty Images)


Em mar�o de 2020, quando o d�lar passava de R$ 4,60, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que, "se fizesse muita besteira", a cota��o da moeda americana poderia passar de R$ 5.

Dias depois, em 16 de mar�o, diante do avan�o do coronav�rus e de turbul�ncias internas no Brasil, esse limite foi ultrapassado pela primeira vez e praticamente n�o cedeu desde ent�o. Na quinta-feira (19/8), fechou cotado acima da R$ 5,40 pela primeira vez desde o fim de maio.




O exerc�cio de tentar prever o comportamento do d�lar tem dividido os economistas: a parte otimista acredita que a cota��o pode fechar o ano abaixo de R$ 5; os pessimistas apostam que o d�lar encerra dezembro ainda mais caro do que est� hoje.

Essa diverg�ncia fica bem vis�vel na pesquisa Focus do Banco Central. As proje��es enviadas por cerca de 100 consultorias e institui��es financeiras est�o dispersas em um intervalo longo, mais ou menos de R$ 4,60 a R$ 5,30.

Atualmente, pouco menos da metade aposta em um d�lar em torno de R$ 5,06 no fim do ano — o patamar que concentra o maior volume de estimativas. Dois meses atr�s, em junho, o consenso era maior: quase 70% das proje��es giravam por volta de R$ 5,15.

Para cima ou para baixo?

A b�ssola usada pelos economistas para tentar prever a dire��o do c�mbio por vezes parece descalibrada.

Entre maio e junho, pelo menos dois sinais indicavam que o real poderia finalmente ganhar for�a, depois de meses ocupando as primeiras posi��es do ranking das moedas mais desvalorizadas do mundo.

A taxa b�sica de juros entrava em um ciclo de alta. De forma geral, eleva��o da Selic pelo Banco Central favorece a aprecia��o do real. A ideia � que os juros mais elevados aumentam a rentabilidade de t�tulos do governo e de renda fixa e, assim, atraem mais capital estrangeiro.

Em paralelo, os pre�os de commodities subiam. Min�rio de ferro, soja, celulose, milho, entre outros produtos que comp�em a pauta de exporta��o do Brasil ficaram mais valorizados. As vendas desses produtos no exterior traz mais d�lares ao pa�s, empurrando a cota��o da moeda americana para baixo.

"Quando a taxa de c�mbio l� em abril chegou a R$ 5,80, com bastante press�o no mercado, a gente ouviu que 'n�o, n�o tem como voltar'. E agora, mais recentemente, em julho, voc� ouviu o oposto, muita gente falando que o c�mbio vai pra baixo de R$ 5,00, R$ 4,50, R$ 4,70", relembra a economista-chefe do banco J.P. Morgan no Brasil, Cassiana Fernandez.

O d�lar a menos de R$ 5, contudo, n�o durou muito tempo.

Mediana das estimativas para o câmbio. Boletim Focus (janeiro a agosto 2021) - R$/US$ em dezembro.  .

Empurr�o das commodities

A proje��o do J.P. Morgan desde o fim do ano passado apontava para uma cota��o mais pr�xima de R$ 5,40 no fim de 2021.

Dois fundamentos pesaram nessa avalia��o: os termos de troca (a rela��o entre os pre�os das exporta��es e importa��es, onde entram as cota��es das commodities) e o diferencial de crescimento entre a economia brasileira e o restante do mundo.

No primeiro caso, a equipe avaliou que o aumento dos pre�os de mat�rias-primas observado a partir de mar�o n�o se sustentaria por tanto tempo quanto alguns especialistas acreditavam.

"Eu diria que as commodities j� atingiram o pico, muitas delas j� come�am a mostrar uma queda", afirma Fernandez.

"Se a gente olhar o min�rio de ferro, que � uma das mais importantes na nossa pauta de exporta��o, ele chegou a US$ 200 dois meses atr�s, agora j� est� de novo a US$ 100 — que � um valor muito bom, sim, mas menos do que era l� atr�s."

Em rela��o ao crescimento, a economista destaca que, apesar de os indicadores econ�micos do Brasil terem surpreendido positivamente no primeiro semestre — o que tamb�m ajudou a alimentar as estimativas mais otimistas —, outros pa�ses t�m apresentado desempenho melhor, como os Estados Unidos.

A proje��o do FMI (Fundo Monet�rio Internacional) � de alta de 7% no PIB (Produto Interno Bruto) do pa�s, enquanto para o Brasil � de 5,3%.

O d�lar, ali�s, vem em uma tend�ncia de fortalecimento n�o apenas por conta da expectativa de crescimento, lembra a economista s�nior da LCA Consultores Thais Zara.

O Federal Reserve, Banco Central americano, tem sinalizado que vai come�ar a retirar no fim do ano os est�mulos monet�rios, reduzindo seu programa de compra de t�tulos. � medida que deixa de injetar d�lares no mercado, o "tapering", no jarg�o do mercado, ajuda a empurrar a cota��o da moeda para cima.

A esse movimento se junta ainda a expectativa de aumento dos juros no pa�s, que costuma desviar o fluxo de investimentos de mercados considerados mais arriscados, como o Brasil, para os EUA.

Todos esses fatores jogam a favor do d�lar e, por consequ�ncia, contra o real.

Zara mant�m a estimativa de d�lar a R$ 5,10 no fim do ano, mas com vi�s de alta. "O risco fiscal vai dizer pra que lado a balan�a vai pender", ressalta a economista, referindo-se � situa��o das contas p�blicas.

Desde o in�cio da gest�o Bolsonaro, o mercado em geral reage mal �s sucessivas queda de bra�o protagonizadas pela equipe de Paulo Guedes, que defende um controle maior de despesas, e setores do governo que querem expandir os gastos.

A nova onda de alta do d�lar nos �ltimos dias reflete mais um epis�dio da novela: as not�cias sobre a PEC dos precat�rios enviada pelo governo ao Congresso (que posterga o pagamento de d�vidas da Uni�o) e as discuss�es sobre a cria��o de despesas fora do teto de gastos.

"A quest�o fiscal � o elo fraco do Brasil", diz Martin Castellano, chefe para a Am�rica Latina do Institute of International Finance (IIF), associa��o que re�ne mais de 400 bancos no mundo.


Alta do dólar pressiona inflação e reduz poder de compra dos salários(foto: Getty Images)
Alta do d�lar pressiona infla��o e reduz poder de compra dos sal�rios (foto: Getty Images)

Para o economista, a fragilidade fiscal do Brasil e o "ru�do pol�tico" est�o entre os principais fatores que explicam porque o d�lar n�o cede. Tomando a desvaloriza��o acumulada desde 2013, o real hoje s� perde para a lira turca: � a segunda moeda que mais perdeu valor, levando em considera��o a taxa de c�mbio de equil�brio.

O c�lculo desse par�metro varia entre os economistas, mas, de forma geral, ele indica a taxa de c�mbio que manteria o equil�brio da conta de transa��es correntes (que engloba a balan�a comercial, de servi�os e as transfer�ncias unilaterais). Conforme os c�lculos do IIF, a taxa de c�mbio de equil�brio estaria por volta de R$ 4,50.

O J.P. Morgan estima algo mais perto de R$ 5 e a LCA Consultores, um intervalo entre R$ 4,70 e R$ 4,80.

Diante das incertezas dom�sticas, o real, que j� � uma moeda que costuma oscilar mais do que as de mercados mais maduros, fica ainda mais vol�til. O resultado � o sobe e desce dos �ltimos meses.

Nesse sentido, as incertezas em rela��o �s elei��es de 2022 tamb�m j� come�am a entrar na conta.

"Voc� tem um governo acuado, que est� buscando confronto com outras esferas do poder. Tudo isso gera instabilidade pol�tica, o que tende a afugentar os investidores", pontua Rafael Le�o, economista-chefe da consultoria Parallaxis.

O impacto do real desvalorizado, ele lembra, vai muito al�m de quem precisa de d�lares para viajar ou comprar bens importados.

O real desvalorizado encarece insumos importados e promove um aumento generalizado de pre�os, pressionando a infla��o e reduzindo o poder de compra dos sal�rios. Nos 12 meses at� julho, o IGP-M, �ndice de infla��o que leva em considera��o os pre�os pagos por consumidores e produtores, acumula alta impressionante de 33,83%.

O �ndice oficial, o IPCA, que capta apenas a infla��o ao consumidor, chegou a 8,99% na mesma compara��o, maior alta desde maio de 2016.

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