(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas CONJUNTURA

Infla��o n�o dar� tr�gua t�o cedo, segundo o mercado financeiro

Nova previs�o de economistas projeta infla��o de 7,11% ainda este ano; expectativa reflete n�o s� quest�es macroecon�micas, mas ru�dos pol�ticos-fiscais


24/08/2021 10:57

(foto: Cristiano Gomes/CB/D.A Press)
(foto: Cristiano Gomes/CB/D.A Press)
A infla��o n�o dar� tr�gua em 2021 e dever� "respingar" no ano que vem, pelo menos segundo aponta o mercado financeiro por meio do Boletim Focus, divulgado, semanalmente, pelo Banco Central (BC). O �ltimo relat�rio, liberado nesta segunda-feira (23/8), elevou, pela vig�sima vez consecutiva, a proje��o do �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA - a infla��o oficial do pa�s), desta vez de 7,05% para 7,11%.

O aumento na expectativa da infla��o para 2021 se distancia cada vez mais da meta de 3,75% estabelecida pelo Conselho Monet�rio Nacional e perseguida pelo BC para este ano, mesmo considerando a toler�ncia de 1,5 ponto percentual para cima, que estende o limite 5,25%.

Os fatores que t�m elevado a infla��o v�o desde a crise sanit�ria, ainda presente em todo o mundo, aos ru�dos pol�ticos e fiscais no cen�rio dom�stico, e � alta do d�lar que, apesar de ter operado em queda nesta segunda-feira, segue a R$5,38/US$, apontam especialistas. Para Eduardo Velho, economista da JF-Trust, diante dessa press�o inflacion�ria, o pa�s dever� se deparar com juros ainda maiores do que o previsto pelo mercado financeiro.

"Na aus�ncia de indicadores de infla��o e atividade dom�stica, esperamos um vi�s de alta dos juros futuros, sobretudo na curva m�dia e longa, com percep��o de receita fiscal menor na Reforma Tribut�ria, isen��es fiscais de diesel e press�o por queda da tarifa de gasolina. Estimamos que a Selic de 8,5% n�o garante IPCA inferior a 4% em 2022, muito pelo contr�rio", afirmou Velho, em relat�rio.

Outro motivo para o incha�o na infla��o e, provavelmente, o principal, segundo Daniel Xavier, economista do Banco ABC Brasil, � o choque de pre�os de commodities. "A gente teve altas de pre�os relevantes de commodities agr�colas e industriais, que incluem gr�os e petr�leo, e nas commodities sider�rgicas. O petr�leo, principalmente, subiu quase 50% nessa primeira metade do ano", pontua.

Al�m disso, a retomada das atividades econ�micas no Brasil tem gerado press�o no setor de servi�os, o que tamb�m reflete na acelera��o dos n�meros apontados pelo Focus. "A economia tem melhorado, conforme as vacina��es v�o progredindo. As pessoas est�o voltando ao padr�o de consumo de antes, fazendo maior press�o dos itens de servi�o", conta Xavier.

Para conter essa demanda aquecida, o Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) aumenta a taxa b�sica de juros (Selic), uma vez que os juros mais altos tornam o cr�dito mais caro, estimulando a poupan�a. A taxa b�sica � o principal instrumento utilizado pelo BC para tentar controlar a infla��o. Atualmente, a Selic estabelecida pelo Copom � de 5,25% ao ano. A expectativa do mercado financeiro � de que a taxa encerre 2021 em 7,5%.

Segundo a �ltima divulga��o do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), no m�s de julho, a infla��o subiu 0,96%, sendo o maior resultado para o m�s desde 2002, quando a alta foi de 1,19%. Com o aumento, o IPCA acumula alta de 4,76%, no ano, e 8,99%, nos �ltimos 12 meses. A an�lise do mercado financeiro divulgada, ontem, tamb�m traz expectativa para a cota��o do d�lar, que dever� se manter em R$ 5,10 este ano. J� no ano no pr�ximo ano, a moeda norte-americana deve fechar em R$ 5,20, segundo a previs�o.

Na avalia��o de Eduardo Velho, a press�o do d�lar dever� ser superior a R$ 5,40, aumentando a possibilidade de leil�o de linha do BC. "O contexto de desvaloriza��o das moedas emergentes e ajustes dos fluxos devem persistir, pois n�o se pode descartar por completo uma retirada mais r�pida ou robusta de liquidez pelo Federal Reserve", disse, referindo-se ao sistema de bancos centrais dos Estados Unidos.

Ru�dos pol�tico-fiscais

Al�m das quest�es macroecon�micas, os ru�dos pol�ticos e fiscais refletem no cen�rio econ�mico e criam um ambiente de incertezas no mercado financeiro. O presidente da Rep�blica, Jair Bolsonaro, mant�m um ambiente de "pol�tica fiscal mais expansionista na margem", ao sinalizar, por exemplo, o reajuste de R$ 300 no Bolsa Fam�lia e a redu��o do Imposto de Renda e dos tributos sobre o diesel, explica Eduardo Velho.

"H� especula��es de que a queda do pre�o do petr�leo para um novo patamar, na faixa de US$ 60 a US$ 65, possa induzir a press�o do Executivo sobre a Petrobras para reduzir de forma mais expressiva o pre�o da gasolina e evitar uma infla��o mais elevada em 2021. O governo tamb�m ainda pode perder mais receita na tentativa de parlamentares de reduzir a al�quota na taxa��o de dividendos", alerta o economista.

Na avalia��o de Daniel Xavier, tanto as incertezas pol�tico-fiscais quanto parte da alta infla��o deste ano dever�o ficar para 2022, ano eleitoral. "Ela (infla��o) tem um efeito sobre 2022, que � o que chamamos de efeito inercial. Conforme a infla��o corrente fica mais pressionada, a tend�ncia � de que isso se estenda para os meses � frente", diz o economista.

De acordo com o �ltimo boletim Focus, a estimativa de infla��o para 2022 � de 3,93% ao ano. Para 2023 e 2024, as previs�es s�o de 3,25% e 3%, respectivamente. Daniel Xavier, explica que essa an�lise a m�dio e longo prazo � importante para a pol�tica monet�ria no pa�s. "O BC est� monitorando esses anos para calibrar a pol�tica monet�ria", afirma.

Ao contr�rio da infla��o, que teve alta na proje��o do mercado, o Produto Interno Bruto (PIB) do pa�s, tanto para 2021 quanto para os pr�ximos anos, apresentou recuo. Conforme o relat�rio, a redu��o na expectativa para a economia em 2021 foi discreta, de 5,28% para 5,27%. Para 2022, o mercado financeiro diminuiu a previs�o de avan�o do PIB de 2,04% para 2,00%. 

Confirmando os fatores apontados por especialistas, o mercado financeiro de investimentos tem operado com cautela frente aos resultados negativos no mercado externo e aos ru�dos sobre riscos pol�ticos e fiscais em Bras�lia. Com 118.052 pontos, o Ibovespa encerrou a �ltima semana com perda acumulada de 2,5%. Nesta segunda, mais uma queda de 0,49% foi registrada, com recuo do �ndice para 117.471 pontos. 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)