
As incertezas sobre o qu�o rapidamente a pandemia de covid-19 poder� ser superada, especialmente diante do r�pido avan�o da Delta e da amea�a de novas variantes, levaram o FMI (Fundo Monet�rio Internacional) a revisar levemente para baixo suas proje��es de crescimento para a economia mundial.
De acordo com o relat�rio World Economic Outlook ("Perspectivas da Economia Mundial"), divulgado nesta ter�a-feira em Washington, o PIB global dever� avan�ar 5,9% neste ano. A proje��o anterior, de julho, era de 6,0%. No ano que vem, o crescimento dever� ser de 4,9%.
O FMI tamb�m reduziu levemente a proje��o de crescimento para a economia brasileira neste ano, de 5,2%. A proje��o anterior, divulgada em setembro, era de avan�o de 5,3%.
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Nesta semana, o relat�rio Focus, do Banco Central, feito a partir de pesquisa semanal com analistas de mercado, manteve a previs�o de crescimento de 5,04% para a economia brasileira em 2021. Para o ano que vem, a proje��o passou de 1,57% para 1,54%, e para 2023, permaneceu em 2,20%.
Na semana passada, o Banco Mundial tamb�m divulgou proje��es atualizadas para a economia brasileira, com crescimento de 5,3% neste ano, acima do previsto em abril. Segundo o Banco Mundial, o PIB brasileiro dever� avan�ar 1,7% em 2022 e 2,5% em 2023.
Infla��o
O FMI projeta infla��o de 7,7% para o Brasil neste ano e de 5,3% em 2022, acima do que havia estimado anteriormente.
A expectativa do mercado, segundo o �ltimo boletim Focus, � de infla��o de 8,59% em 2021, acima do teto da meta oficial perseguida pelo Banco Central, que � de 5,25%. Para 2022, a proje��o mais recente do Focus � de 4,17%.
Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) divulgou que a infla��o acumulada em 12 meses ficou em 10,25% em setembro. Foi a primeira vez desde fevereiro de 2016 que a alta acumulada atingiu dois d�gitos. Segundo o IBGE, o �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,16% em setembro, maior taxa para o m�s desde 1994.
O FMI observa aumento nas taxas de infla��o em muitas economias e diz que, na maioria dos casos, � reflexo de disparidades entre oferta e demanda relacionadas � pandemia e de pre�os de commodities mais altos do que um ano atr�s.

Entre as economias da Am�rica Latina e do Caribe listadas pelo Fundo, a proje��o de infla��o para o Brasil em 2021 s� fica abaixo de Haiti, Rep�blica Dominicana, Suriname e Venezuela (o FMI n�o publicou proje��es para a Argentina neste ano).
Em termos globais, o Fundo prev� que, em sua maioria, as press�es sobre os pre�os devem diminuir no ano que vem, mas ressalta que ainda h� grande incerteza, especialmente em rela��o � trajet�ria da pandemia.
Pandemia e vacina��o
Quando divulgou suas proje��es anteriores de crescimento da economia brasileira, em setembro, o FMI afirmou que "o desempenho econ�mico foi melhor do que o esperado, em parte devido � resposta en�rgica das autoridades", ressaltando que o PIB havia voltado ao patamar pr�-pandemia no primeiro trimestre deste ano.
No entanto, aquele relat�rio tamb�m salientava que "a incerteza em torno das perspectivas � excepcionalmente alta, mas os riscos para o crescimento s�o vistos como amplamente equilibrados".
O relat�rio desta ter�a-feira n�o traz muitos detalhes especificamente sobre o Brasil. Segundo o FMI, a leve revis�o para baixo no PIB global neste ano � reflexo de fatores como problemas de abastecimento em economias avan�adas e piora na din�mica da pandemia em muitos pa�ses de baixa renda e em desenvolvimento.
Segundo o relat�rio, "isso � parcialmente compensado por expectativas de curto prazo mais fortes" entre algumas economias exportadoras de commodities.
O FMI projeta crescimento de 6,3% para a Am�rica Latina e Caribe neste ano, e de 3,0% em 2022. Nas economias avan�as, a proje��o � de avan�o de 5,2% em 2021 e 4,5% no ano que vem.
Os EUA devem crescer 6,0% neste ano, proje��o abaixo dos 7,0% previstos em julho. Em 2022, a economia americana deve avan�ar 5,2% (proje��o melhor que os 4,9% divulgados no relat�rio de julho).
Para a China, a proje��o � de crescimento de 8,0% neste ano (um pouco abaixo dos 8,1% previstos em julho) e de 5,6% no ano que vem (tamb�m levemente abaixo dos 5,7% projetados em julho).
Crescimento desigual
Na introdu��o do relat�rio, a conselheira econ�mica e diretora do Departamento de Estudos do FMI, Gita Gopinath, alerta que disparidades no acesso a vacinas levam a "diverg�ncias perigosas" nas expectativas econ�micas dos pa�ses.
"Enquanto mais de 60% da popula��o nas economias avan�adas est� completamente vacinada, e alguns est�o agora recebendo a terceira dose, cerca de 96% da popula��o dos pa�ses de baixa renda continua sem vacina", salienta Gopinath.
Diante dessas diverg�ncias, o crescimento � desigual. Segundo Gopinath, enquanto o grupo de economias avan�adas dever� ultrapassar proje��es de m�dio prazo pr�-pandemia at� 2024, as emergentes e em desenvolvimento (com exce��o da China) dever�o permanecer 5,5% abaixo das previs�es pr�-pandemia. O FMI projeta crescimento global de 3,3% em 2023.
Gopinath tamb�m observa que "muitos mercados emergentes e economias em desenvolvimento, diante de condi��es financeiras mais apertadas e um risco maior de desancorar expectativas de infla��o, est�o retirando pol�ticas de apoio mais rapidamente".
O relat�rio destaca que, enquanto um consider�vel apoio fiscal permanece em economias avan�adas, muitas emergentes est�o reduzindo suas pol�ticas nesse sentido, diante da dura��o da pandemia.
"Alguns bancos centrais em mercados emergentes, incluindo no Brasil, Chile, M�xico e R�ssia, mudaram para uma postura menos acomodativa em 2021", diz o documento.
Medidas
O FMI afirma ainda que "medidas de gastos que podem melhorar a resili�ncia de indiv�duos e lares e reduzir a desigualdade incluem maior cobertura de assist�ncia social", citando como exemplos transfer�ncias de dinheiro condicionais, benef�cios alimentares e cobertura de sa�de para lares de baixa renda.
Tamb�m cita a import�ncia de benef�cios de desemprego para os aut�nomos e trabalhadores da economia informal e maior disponibilidade de licen�a maternidade, paternidade e para tratamento de sa�de para combater a desigualdade agravada pela pandemia.
Gopinath ressalta que a pandemia � o "principal fator comum atr�s dos desafios complexos" enfrentados pela economia global e que a prioridade � vacinar "n�meros adequados em cada pa�s e evitar muta��es mais virulentas".
"Fabricantes de vacinas e pa�ses de alta renda devem apoiar a expans�o da produ��o regional de vacinas contra a covid-19 em pa�ses em desenvolvimento por meio de solu��es de financiamento e transfer�ncia de tecnologia", afirma.
Outra prioridade urgente, diz Gopinath, � "a necessidade de retardar o aumento nas temperaturas globais e conter os crescentes efeitos adversos das mudan�as clim�ticas sobre a sa�de e a economia".
Segundo a economista, � necess�rio um comprometimento concreto mais forte na COP26, confer�ncia da ONU sobre mudan�as clim�ticas marcada para o final do m�s.
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