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Estado de Minas SOBREVIVENTES DA PANDEMIA

Comerciantes que resistiram pedem a Papai Noel a recupera��o de presente

Sobreviventes da pandemia apostam nas festas de fim de ano para retomar bons neg�cios. E alguns chegam com mais for�a que antes


15/11/2021 04:00 - atualizado 15/11/2021 07:23

 Henrique Grochowiski, sócio da Lalka balas e bombons, conta como empresa sobreviveu à pandemia
Henryk Grochowski, da quarta gera��o a comandar a Lalka Bombons, j� prepara novas contrata��es e inclusive at� a abertura de filiais: sabor de sucesso (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.a press)

As fam�lias j� fazem planos para a ceia de fim de ano. Os noivos voltaram a sonhar com a cerim�nia de casamento. Nas docerias, o consumidor passou novamente a fazer encomendas e a frequentar os balc�es, movimentando a produ��o e a caixa registradora. Ap�s 20 meses de sucessivos preju�zos, o com�rcio de Belo Horizonte parece dar os primeiros sinais de efetiva recupera��o – fruto do avan�o da vacina��o e da melhora dos indicadores da pandemia.

N�o que o caminho da retomada esteja livre. Mesmo para aqueles que mantiveram o f�lego na crise – privil�gio de poucos setores, como o de supermercados –, a maratona � desafiadora. A expectativa, por�m, � de que as vendas de fim de ano, sobretudo no Natal e na Black Friday, alavanquem o com�rcio ao longo de 2022, estancando a sangria hist�rica de fal�ncias que, segundo Confedera��o Nacional do Com�rcio de Bens, Servi�os e Turismo (CNC), extinguiu 9,55 mil empreendimentos mineiros em 2020.

Em tom cauteloso, mas otimista, o presidente da C�mara de Diretores Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Marcelo de Souza, faz previs�es positivas para os pr�ximos tr�s meses. Ele aposta na flexibiliza��o das atividades econ�micas e sociais na cidade, que atingem o maior patamar em quase dois anos, mas, sobretudo, no poder do 13º sal�rio em 2021.

“No ano passado, tivemos um fim de ano magro, entre outros fatores porque muitas pessoas n�o foram �s compras com o valor integral 13º em m�os. Muitos trabalhadores tiveram o contrato suspenso pela empresa (a��o autorizada pelo governo devido ao estado de calamidade p�blica) e, assim, receberam o benef�cio em valor menor. Portanto, tiveram menos dinheiro para consumir. Este ano, isso est� equalizado. Outra not�cia muito boa � que o governo estadual passou a pagar o 13° em dia, o que significa R$ 800 milh�es a mais injetados na economia”, calcula o dirigente.

“Estamos falando de um empurr�o no varejo. Uma esp�cie de luz no fim do t�nel. � claro que, diante de todo o preju�zo acumulado pelo com�rcio at� aqui e do cen�rio econ�mico atual, com infla��o e desemprego, ainda teremos pela frente uma longa jornada de dificuldades at� que o setor volte a lucrar como antes”, pondera.

Para o megaevento de descontos Black Friday, previsto para 26 de novembro, �ltima sexta-feira do m�s, a CDL/BH calcula aumento de 6% nas vendas em rela��o a 2020. O t�quete m�dio de compras na capital � estimado em R$ 261,72. A expectativa � de que cada consumidor compre dois produtos, totalizando R$ 523,52.

J� para o Natal, a entidade prev� alta de 5% nas vendas, com t�quete m�dio de R$ 101, patamar similar ao de 2019. A CDL/BH destaca ainda o aumento das contrata��es tempor�rias no com�rcio, que come�aram em setembro e devem seguir aquecidas at� o fim de dezembro.

Do�ura resiste de pai para filho


Tradicional marca de chocolates e balas da capital mineira, a Lalka articula novas contrata��es para os pr�ximos 30 dias, al�m da abertura de filiais dentro e fora de Minas. Henryk Grochowski, da quarta gera��o a comandar o neg�cio, fundado em 1925, prev� que este Natal ser� “um dos melhores dos �ltimos anos”. “A ideia � abrir ao menos mais dois atacados no interior e mais um quiosque no shopping Del Rey”, prev� o empres�rio que, atualmente, mant�m cinco pontos s� na capital mineira.

Davidson Junior, gerente da Neuza Noivas, em Venda Nova, conta como empresa sobreviveu à pandemia
Davidson J�nior, gerente da Neuza Noivas, diz que negocia��o permitiu a sobreviv�ncia da empresa, que aproveitou para tocar antigos projetos e agora quer voltar a festejar (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.a press)


A Lalka faz parte do seleto grupo de empreendimentos que prosperaram durante a pandemia. Grochowski diz que a crise deu oportunidade de expans�o para a empresa, que multiplicou as vendas on-line e at� as exporta��es. As famosas balas de ma�� e “beijinho” da marca, hoje, chegam ao Canad� e aos Estados Unidos.

“A dificuldade nos deu for�as para sair da in�rcia e mudar o neg�cio. A principal mudan�a foi na parte digital. Contratamos uma equipe para cuidar do nosso site e, hoje, expandimos as vendas para todo o Brasil. At� ent�o, nosso alcance era mais local. Deu muito certo”, comemora o s�cio-propriet�rio.

A antiga rela��o com a clientela tamb�m ajudou a manter a doceria de p�. “� s� passar meia hora em uma das lojas para ver. Temos clientes muito fi�is, que compram conosco desde a �poca da balan�a com pesinhos. Hoje, os netos dessas pessoas tamb�m nos procuram. Esse relacionamento, felizmente, n�o se perdeu enquanto as lojas ficaram fechadas”, ressalta Grochowski.

Supermercados e as ilhas de prosperidade

Para a rede de supermercados Roma Plus, com atividades iniciadas h� 20 anos em BH, o saldo de perdas e ganhos durante a epidemia tamb�m foi positivo. Em agosto do ano passado, a empresa inaugurou mais uma filial no Bairro Dom Cabral, Regi�o Noroeste de BH – a oitava do grupo.

A expans�o acompanha o bom momento do setor que, de acordo com a Associa��o Mineira de Supermercados, faturou R$ 41,39 bilh�es em 2020, uma alta de 10,97% ante 2019. E, no primeiro semestre de 2021, o crescimento acumulado foi de 3,88% na compara��o com o mesmo per�odo do ano passado.

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O salto foi ainda mais expressivo para o setor de supermercados de bairro ou vizinhan�a. Pesquisa divulgada em junho pela consultoria Nielsen mostrou que, no primeiro trimestre de 2021, os mercados que n�o pertencem a grandes redes varejistas, caso do Roma Plus, cresceram 21,2% em valor e 9,4% em volume

O s�cio-diretor do Roma Plus, Jos� Luiz Oliveira, faz proje��es otimistas para o Natal e a Black Friday. Ele espera lucrar sobretudo com a venda de bebidas, carnes e enlatados. “Neste fim de ano, apostamos tamb�m na venda de produtos de fabrica��o pr�pria, como pizzas e p�es. Tivemos que suspender a oferta desses itens durante um bom tempo, pois as normas sanit�rias n�o permitiam degusta��o dentro da loja. Agora, com a flexibiliza��o, vamos retomar a produ��o. Estamos inclusive abrindo vagas no setor de padaria”, diz o varejista.

A maior dificuldade enfrentada pelo neg�cio, pontua o gestor, � a competi��o com os tubar�es do setor supermercadista. Especialmente diante da infla��o – o �ndice acumulado em 2021 j� � de 6,9%. “N�o temos tanto capital de giro para operar nessas condi��es”, diz o supermercadista.

Ele explica que a carestia acaba pressionando em duas frentes: aumenta o custo de operacionaliza��o do neg�cio, em despesas como log�stica, transporte e alugu�is, al�m do custo da pr�pria mercadoria. “Esse aumento n�o pode ser repassado totalmente ao consumidor, cujo poder de compra j� est� muito reduzido. Se o fizermos, ele foge. A margem de lucro, ent�o, acaba ficando bem apertada. Redes muito grandes conseguem driblar melhor essa situa��o, pois compram quantidades astron�micas a um pre�o muito melhor dos fornecedores. O resultado � uma margem de lucro maior e pre�os mais atrativos � freguesia. As m�dias e pequenas empresas n�o conseguem fazer isso. Sobreviver nessa selva n�o � f�cil”, afirma Oliveira.

Para se manter, as pequenas redes apostam na conveni�ncia. “O pre�o que oferecemos pode n�o ser o melhor da cidade, mas estamos situados em bairros residenciais, a que o consumidor recorre n�o para fazer estoque de produtos, mas para compras pequenas, do dia a dia”, diz o administrador.

Hora de voltar a comemorar

Na Rua Padre Pedro Pinto, na Regi�o de Venda Nova, um castelo cor-de-rosa abriga outro neg�cio s�lido, que n�o s� resistiu � maior recess�o do setor de eventos nos �ltimos 30 anos, como planeja novas filiais e diversificou sua linha de produtos.

Especializada em servi�os para casamentos, festas e formaturas, como aluguel de roupas, maquiagem e fotografia, a Neuza Noivas reabriu as portas h� pouco mais de seis meses, t�o logo BH e demais munic�pios da Regi�o Metropolitana anunciaram a libera��o gradativa de eventos. Desde ent�o, a agenda das equipes n�o fica vazia.

“Ainda n�o recuperamos os resultados do per�odo anterior � pandemia, quando chegamos a atender mais de 20 noivas por dia, fora madrinhas, formandas e pajens. Mas j� alcan�amos ao menos metade dessa demanda di�ria, e estamos confiantes para o fim deste ano e in�cio do ano que vem”, conta o gerente Davidson J�nior.

Para novembro e dezembro, o funcion�rio se diz entusiasmado com a retomada das festas de formatura canceladas de 2020. J� para o primeiro semestre do ano que vem, a aposta � a retomada dos casamentos. “Estamos at� com uma certa dificuldade de conciliar nossa disponibilidade com a agenda da clientela”, diz o gestor

Ele destaca que o principal segredo da sobreviv�ncia do empreendimento foi a flexibilidade. “Fomos atr�s dos clientes, um a um, para renegociar contratos. Abrimos m�o de multas, melhoramos as condi��es de pagamento. Com isso, conseguimos evitar converter o cancelamento de muitas festas em adiamento. No fim, 40% dos contratos foram cancelados, mas 60% permaneceram conosco. Consideramos isso uma vit�ria. Ou o suficiente para n�o quebrarmos ou demitirmos um funcion�rio sequer”, relata Davidson.

Quase metade das empresas de eventos do estado n�o tiveram a mesma sorte. Levantamento feito pela Associa��o Mineira de Eventos e Entretenimento de Minas Gerais (Amee) apontou que, at� junho deste ano, 46% dos neg�cios do setor foram � fal�ncia.

Com o bom movimento observado na retomada, o ateli� estuda abrir filiais em cidades da Regi�o Metropolitana de BH, como Nova Lima e Santa Luzia. Enquanto isso, aproveita para renovar a linha de produtos. “Enquanto n�o foi poss�vel fazer eventos, tiramos do papel um projeto antigo, de criar uma cole��o pr�pria de vestidos de noiva. Era um sonho nosso. Agora, nossas noivas, se quiserem, poder�o se casar vestidas com pe�as totalmente exclusivas, pensadas e desenhadas por n�s”, comemora o gerente. 
 


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