
Quem perdeu as promo��es da Black Friday de ontem na capital mineira ainda tem tempo para buscar descontos. Agora, a hora � de garimpar as lojas que aderiram �s recomenda��es da C�mara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Belo Horizonte e v�o esticar a temporada de ofertas at� a pr�xima ter�a-feira. A orienta��o tem alvo direto: 30 de novembro � a data-limite para o pagamento do 13º sal�rio, conforme as leis do trabalho, e os recursos para dar um �nimo extra ao consumidor para aproveitar os abatimentos nos pre�os. A expectativa da CDL � a Black Friday esticada injete ao menos R$ 2,11 bilh�es na economia da capital mineira.

Neste ano, o pagamento das duas parcelas do 13º ao trabalhador – a segunda deve ser depositada at� 20 de dezembro – deve injetar na economia do Brasil um total de R$ 232,6 bilh�es, estima o Departamento Intersindical de Estat�sticas e Estudos Socioecon�micos (Dieese). O valor equivale e a cerca de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB), beneficiando cerca de 83 milh�es de pessoas, ainda segundo o Dieese. Tradicionalmente, parte dos recursos vai para pagamento de d�vidas e outra para o consumo de fim de ano, esperan�a do com�rcio para recuperar perdas acumuladas durante a pandemia de COVID-19, iniciada em 2020.

Ontem, a sexta-feira mais popular do calend�rio capitalista foi comemorada em Belo Horizonte por comerciantes e consumidores, �vidos por descontos estimados em at� 80% nos produtos. Muitas lojas aproveitaram o dia para abrir mais cedo.

�s 7h30, a bab� Cristiane Ferreira j� havia comprado uma geladeira. O produto foi adquirido com 40% de desconto numa loja do Centro da capital mineira. "Eu planejava essa compra j� h� algum tempo e tinha um modelo em mente. Mas quando cheguei aqui, achei um outro modelo, com pre�o mais vantajoso, e fechei o neg�cio", conta a mo�a. A loja abriu �s 6h, com movimento ainda t�mido. "Nossa estrat�gia foi abrir antes da concorr�ncia para atender a clientela que, a essa hora, est� indo para o trabalho", contou o gerente Daniel Cangu�u. A t�tica parece ter funcionado. A maior parte das lojas do entorno come�ou o expediente a partir de 8h. A recepcionista Telma Soares parou no local para comprar uma batedeira. "Comprei � vista. O desconto compensou. Fa�o muitos bolos e, agora, estou equipada", comenta a cliente.

"Quem n�o chora n�o mama", brinca a cuidadora de idosos Penha Soares, que aproveitou a Black Friday, para comprar uma TV de 43 polegadas. A frase da consumidora refletia o clima do com�rcio do Centro de Belo Horizonte, onde os neg�cios eram fechados ap�s muita pesquisa e, principalmente, pechincha. O arsenal de artif�cios para cativar a clientela incluiu sorteios, pagamentos facilitados e atendimento caprichado.
Mas o consumidor foi mesmo atr�s dos descontos. O gari Jo�o Pedro Almeida encheu as sacolas nas lojas de departamento e de cosm�ticos em um shopping. Ele conta que pretende aproveitar temporada de liquida��es para montar um pequeno estoque de fraldas e produtos de higiene e beleza. "Tamb�m comprei um t�nis, que eu estava precisando bastante, adiantei a compra de presentes de Natal e ainda estou levando alguns enfeites natalinos", enumerou o rapaz, que chegou ao shopping por volta de 7h30.
Ele classificou os descontos oferecidos no local como "razo�veis". "As lojas ficam oferecendo para n�s um monte de 'firulas', como joguinhos para ganhar brinde, sorteio disso, sorteio daquilo. E os vendedores est�o cheios de l�bia. Isso tudo � muito agrad�vel, mas o cliente quer mesmo � desconto bom! O com�rcio podia economizar no 'bl�, bl�, bl�' e baixar mais os pre�os para a gente!", brincou o gari.
Pesquisa divulgada pela C�mara dos Diretores Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) apontava que o consumidor chegaria � Black Friday com expectativa de descontos m�dios em torno de 41%. Segundo a entidade, os produtos mais cobi�ados s�o eletroeletr�nicos, roupas e cosm�ticos. Mas algumas pessoas aproveitaram para comprar produtos de uso no dia a dia, como a dona de casa Ana Vit�ria Santos, de 23 anos, que adquiriu pacotes de fraldas e len�os para uso de um filho com necessidades especiais, embora n�o tenha encontrado o desconto desejado. "H� tr�s dias passei na loja e encontrei a um pre�o, no dia seguinte eles aumentaram e hoje voltaram ao pre�o de tr�s dias atr�s, como se fosse promo��o."
A queixa da recepcionista Fernanda Costa � parecida. Com o beb� de 2 meses no colo, ela relata que comprou fraldas na liquida��o. "Rodei umas tr�s lojas, mas cad� o descont�o? No fim, achei os produtos que eu queria com um pre�o um pouco melhor que de costume, mas nada muito vantajoso n�o", afirma a jovem.
A 'pechincha' � justamente a estrat�gia que o gerente Tiago Batista, de uma loja de t�nis, sua a camisa para driblar. N�o que o estabelecimento n�o tenha preparado descontos. As etiquetas dos produtos apontam abatimentos de at� 50%. "O problema � que o consumidor, com toda raz�o, �s vezes chora mais um descontinho. Mas �s vezes fica dif�cil mexer no valor dos cal�ados, que j� est�o com o melhor pre�o que podemos oferecer. Para n�o perder o fregu�s, caprichamos no atendimento e oferecemos outras vantagens, como pagamento facilitado. Fizemos at� um treinamento para a Black Friday", diz o funcion�rio.
SHOPPINGS A sexta-feira foi de altas expectativas nos shoppings, que prosseguem at� o fim do ano. No Shopping Cidade, por exemplo, o c�lculo do gerente Marketing, Bruno Salib, era de que 50 mil pessoas circulariam por suas lojas at� as 23h, hor�rio de fechamento. A equipe do centro de compras para o fim do ano est� sendo refor�ada. De acordo com Saliba, at� o Natal, o shopping ter� 3.400 trabalhadores, aumento de 15% em rela��o ao quadro normal. "Muitas das vagas j� est�o abertas e a pessoa pode se informar sobre o processo seletivo no pr�prio site do shopping", orienta Bruno.
J� o Boulevard Shopping BH, resolveu estender a campanha at� amanh�, com o lan�amento do Week Tudoooo. Os hor�rios de funcionamento ser�o ampliados. Hoje as lojas estar�o abertas a partir das 9h e o encerramento ser� �s 23h. Amanh�, domingo, o hor�rio de funcionamento � facultativo, das 10h �s 21h. “Esse � um momento muito aguardado, tanto pelos lojistas quanto pelos clientes. � a hora certa de comprar aquele item t�o desejado com um pre�o mais interessante. Estamos todos com boas expectativas para o per�odo”, disse Nadinne Matos, gerente de Marketing do Boulevard Shopping.
A t�cnica de enfermagem Eliana Os�rio, de 50, e sua filha Juliana Os�rio, de 16, disseram que sa�ram de Contagem "sem pensar em comprar um produto espec�fico”. Mas dispostas a comprar se encontrassem boas ofertas. “Se aparecer algo com pre�o bom a gente aproveita n�o �?", disse a m�e. Suely Fernandes, de 50, cozinheira, saiu de Sabar�, na Regi�o Metropolitana, em busca de melhores pre�os. "Comprei alguns produtos, porque j� estava aqui mesmo, mas n�o vi coisas muito atraentes como anunciaram", ressalvou.
Quem tamb�m veio � capital para fazer compras foi Penha Soares, que mora em Ribeir�o das Neves, na Regi�o Metropolitana de BH. "O desconto foi bom, mas confesso que esperava mais", reclamou. Antes de adquirir a desejada TV Smart de Led e resolu��o 4k, ela conta que percorreu ao menos quatro estabelecimentos. O �ltimo cobriu as ofertas que ela j� havia pesquisado previamente na internet.
O supervisor Gild�sio Rodrigues est� satisfeito com sua aquisi��o. Ou melhor, conformado. Ele comprou um forno el�trico por R$ 400 – R$ 200 a menos que o valor praticado fora da Black Friday. "N�o foi aquele desconto de 70% que o pessoal anunciou por a� e eu tive que 'chorar' pra chegar nos R$ 400, mas deu para economizar. Estou satisfeito" comenta.
No endere�o mais tradicional de uma loja de departamentos, no Centro, o estabelecimento criou um espa�o espec�fico para a retirada de mercadorias. O motoboy Marcos Paulo de Souza, de 20, disse que o servi�o de entrega por aplicativo quase que dobrou no dia de ontem. "J� � a terceira vez que venho receber mercadoria para entrega aqui nesta loja."
CAUTELA Mas houve tamb�m comerciante que preferiu a cautela neste ano. O gerente do restaurante Pop Kid, que funciona desde 1980 no quarteir�o fechado da Rua Rio de Janeiro, naPra�a Sete, resolveu n�o aderir � campanha desta vez. "No �ltimo colocamos o chopp com 50% de desconto, mas neste ano ainda estamos em fase de recupera��o. Mesmo com o movimento j� atingindo 70% do que era antes da pandemia, em 2021 decidimos n�o fazer a promo��o", explicou.