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Estado de Minas CRISE ECON�MICA

Alta dos juros pode levar Brasil � recess�o

Com chances de n�o cumprir meta de infla��o por dois anos seguidos, Banco Central refor�a pol�tica monet�ria e taxa Selic deve voltar � casa de dois d�gitos


04/01/2022 08:54

Banco Central, no DF
Banco Central, no DF (foto: Arquivo/CB/DA Press)


A escalada da infla��o no ano passado levou o Banco Central (BC) a aumentar novamente os juros, ap�s ter mantido a taxa b�sica da economia (Selic) no menor patamar da hist�ria, de 2% ao ano, entre agosto de 2020 e mar�o de 2021. A Selic encerrou o ano em 9,25%, ao ano, mesmo patamar de julho de 2017, e caminha de volta ao patamar de dois d�gitos ao longo de 2022, preveem especialistas.

A alta de juros, por�m, n�o foi suficiente para colocar a infla��o dentro do limite de toler�ncia de 5,25%. Em novembro, o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulava alta de 9,26% no ano e de 10,74% em 12 meses. Os dados de dezembro devem confirmar que, pela sexta vez desde 1999, o BC n�o conseguiu cumprir a meta de infla��o fixada pelo Conselho Monet�rio Nacional (CMN). Em 2001, 2002, 2003 e 2015 o teto foi rompido. Em 2017, o piso foi furado.

Especialistas ouvidos pelo Correio afirmam que, mesmo voltando aos dois d�gitos em 2022, a Selic tampouco ser� capaz de garantir o cumprimento da meta de infla��o deste ano, cujo teto � de 5%. Pelos c�lculos do economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, h� 100% de probabilidade de novo estouro do teto da meta. Para 2023, a chance tamb�m � elevada, de 73%. Diante desse quadro, ele acredita que o BC dever� refor�ar o aperto monet�rio e levar a Selic para 12,25% at� o fim deste ano. Esse percentual est� acima da mediana das estimativas do mercado, de 11,50%.

"O cen�rio para 2022 � muito preocupante. A infla��o ficar� acima do teto da meta e isso, e isso vai exigir uma dose de juros maior, e por um per�odo mais prolongado. Logo, aquelas proje��es de recess�o da economia est�o come�ando a fazer sentido", alerta Agostini, que prev� alta de apenas 0,3% no Produto Interno Bruto (PIB) de 2022, mas n�o descarta o risco de queda. "H� expectativas de altas e baixas dos pre�os este ano, com o aumento da oferta de gr�os e desacelera��o da China. Mas, a princ�pio, ser� dif�cil para o BC trazer a infla��o para dentro do teto da meta sem uma recess�o", frisa.

O economista-chefe da Confedera��o Nacional do Com�rcio de Bens, Servi�os e Turismo (CNC) e ex-diretor do BC, Carlos Thadeu de Freitas Gomes, tamb�m n�o afasta o risco de o pa�s entrar em uma recess�o por conta da disparada dos juros. "Se precisar elevar a taxa b�sica acima de 11,75% ou 12% ao ano, o BC vai contratar uma recess�o", afirma.

Gomes faz um alerta sobre os riscos de uma alta muito forte nos juros para conter uma infla��o que, em grande parte, n�o � de demanda — e, portanto, n�o ser� afetada pela Selic mais elevada. Ele ressalta que, com juros perto de 12% e infla��o em torno de 6%, os juros reais em 2022 tendem a ficar no patamar de 6%, que inibe qualquer potencial de crescimento da atividade econ�mica.

Apesar disso, a CNC n�o prev� PIB negativo em 2022, devido � expectativa de aumento dos investimentos e das exporta��es de commodities, apostando na confirma��o de um novo recorde na safra de gr�os. Mas reconhece que o consumo das fam�lias dever� encolher, justamente pela alta dos pre�os e por conta dos juros mais salgados. "A renda das fam�lias continuar� em queda no pr�ximo ano", alerta Gomes."Como o endividamento das fam�lias est� elevado, haver� dificuldade para as pessoas pagarem as d�vidas". Para ele, restar� ao BC abandonar a meta de infla��o de 2022 e focar apenas na de 2023, cujo teto � de 4,75%.

Governo ruim

O economista e consultor Roberto Luis Troster refor�a que a volta da infla��o aos dois d�gitos tamb�m reflete a piora na percep��o da qualidade do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), que conseguiu fazer apenas uma grande reforma: a da Previd�ncia. "Os problemas cr�nicos do Brasil, como a carga tribut�ria pesada e a baixa competitividade, n�o foram resolvidos. E, com os juros em alta, a economia continuar� andando de lado em 2022, com infla��o e desemprego elevados", destaca.

De acordo com a economista e consultora Zeina Latif, a grande preocupa��o � o descuido do governo com o equil�brio fiscal. A perspectiva de desajuste das contas p�blicas impacta diretamente na cota��o do d�lar que, mais valorizado, ajuda a pressionar a infla��o e, com isso, exige uma a��o mais dura do BC na pol�tica monet�ria, fechando o c�rculo. Para ela, al�m de abandonar as regras fiscais ao mudar a metodologia de c�lculo do teto de gastos, o governo perdeu o controle do Or�amento para o Centr�o, que ampliou o fundo eleitoral para quase R$ 5 bilh�es e ainda aprovou R$ 16,5 bilh�es para as pol�micas emendas do relator, que viraram moeda de troca para o apoio da base aliada. "Esses excessos do governo e do Congresso criaram problemas para o BC, que, de outro modo, n�o estaria com toda essa pressa para subir os juros", afirma.

Pr�mio de risco

Zeina lembra que, enquanto no Brasil as proje��es para a Selic em 2022 est�o acima de 10%, nos pa�ses vizinhos, que tamb�m sofreram na pandemia e com a quest�o clim�tica, a expectativa � de juros b�sicos em torno de 5%. "Os investidores est�o cobrando um pre�o alto para o risco de curto prazo e, mesmo com o governo fazendo tudo certo, haver� restri��es de longo prazo, que � o baixo potencial de crescimento do pa�s", salienta.


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