
A Companhia Energ�tica de Minas Gerais (Cemig) informou que come�ar�, nesta sexta-feira (14/1), a abertura de comportas na Usina Hidrel�trica de Tr�s Marias, para controlar o volume causado pelas chuvas constantes deste o in�cio de janeiro.
“Tr�s Marias � uma exce��o. Ela fica na Regi�o Central de Minas Gerais e � um reservat�rio muito pequeno no Sudeste. Quando se observa a Regi�o Sudeste como um todo, os reservat�rios est�o com 34,52% apenas da sua capacidade. Eles est�o em n�veis melhores que no ano passado, mas n�o est�o cheios”, explica Walter Fr�es, CEO da CMU Comercializadora de Energia.
Segundo ele, Belo Horizonte registrou chuvas muito acima da m�dia. Mas em outras cidades da Regi�o Sudeste e Centro-Oeste, as chuvas est�o exatamente em cima da m�dia hist�rica para janeiro. “Ano passado, por exemplo, n�o choveu a m�dia hist�rica. Come�amos o ano pior do que vamos come�ar este ano. O m�s de maior aflu�ncia � fevereiro. Continuando como est� - e o progn�stico � favor�vel - com as chuvas sendo boas como em janeiro, devemos chegar com os reservat�rios acima de 50%, talvez 60% da capacidade no final de fevereiro. � um bom n�vel para come�ar o ano.”
Com isso, Fr�es acredita que devemos ter um ano melhor em termos de pre�os de energia.
Bandeira de escassez h�drica mantida at� abril
O governo federal n�o planeja antecipar o fim da vig�ncia da bandeira da escassez h�drica, que cobra um adicional de R$ 14,20 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) dos consumidores. Ela foi criada em agosto do ano passado em raz�o da crise h�drica e deve permanecer at� abril, mesmo diante das fortes chuvas registradas em diversas regi�es do pa�s, segundo o Minist�rio de Minas e Energia.
A bandeira foi estabelecida para cobrir os custos da gera��o de energia pelas termel�tricas, acionadas para preservar o n�vel dos reservat�rios. Ela cobre os custos do sistema no ano passado e n�o neste ano, no in�cio do per�odo �mido.
Raimundo Batista, s�cio-diretor da Enecel Energia Comercializa��o e Consultoria Energ�tica, compara o uso das termel�tricas com o do cheque especial. “Voc� parou de fazer a despesa, mas a conta tem que ser paga. As usinas t�rmicas continuaram funcionando e foram desligadas h� pouco tempo. Tem uma conta que precisa ser paga em raz�o da crise energ�tica.”
Ele acredita que a decis�o de prorrogar a tarifa de escassez h�drica at� abril pode ser uma estrat�gia para tentar recuperar o caixa das distribuidoras. “As distribuidoras s�o aquelas que, normalmente, financiam os consumidores e depois recuperam na tarifa.
J� para Silvia Brunelli Machado, engenheira, especialista em planejamento financeiro, pode ser uma estrat�gia do governo para segurar o consumo, “j� que toda vez que eles voltam para a tarifa anterior, neste caso a vermelha, as pessoas voltam a consumir. Rapidamente essa sobra acaba indo embora.”
Segundo ela, o efeito das chuvas n�o � t�o imediato. “N�o acontece a chuva e conseguimos ter, imediatamente, uma sobra suficiente nos reservat�rios para garantir mais seis meses, por exemplo. Acredito que quando tivermos um n�vel dos reservat�rios suficientes para seis a oito meses, a tarifa deve ser revista.”
Ela tamb�m lembra que apesar das chuvas na Regi�o Sudeste, o restante do pa�s n�o vive a mesma realidade. “Mesmo na Bahia, a chuva n�o foi suficiente para chegar aos n�veis satisfat�rios.”
Batista explica ainda que os reservat�rios levam alguns anos para recuperar a condi��o m�dia e voltar aos n�veis m�ximos (acima de 90%).
“Temos em Minas, a Usina Hidrel�trica de Emborca��o, a de Itumbiara e a S�o Sim�o que absorvem o que vem do Rio Parana�ba. Temos outro grande reservat�rio em Araguari e em Nova Ponte. Esses reservat�rios, principalmente, Emborca��o e Nova Ponte, n�o v�o ter condi��es, mesmo com essa chuva, em chegar em n�veis muito altos. Eles precisariam de um outro ciclo, t�o bom quanto este para chegar nos 85% a 90%.”
De acordo com ele, os reservat�rios precisam de dois a tr�s anos para se recuperar quando s�o usados os n�veis m�ximos de sua capacidade.
Batista acredita que, no final de janeiro, os reservat�rios j� estar�o em um n�vel bom, considerando a situa��o do ano passado. “Pode ser que em mar�o, os n�veis sejam bons que permitam a bandeira verde o resto do ano.”
“Os reservat�rios estar�o em um n�vel muito melhor que no ano passado e em v�rios anos anteriores, conforme proje��o. Isso pode dar uma condi��o de oferta de energia para o sistema muito boa, que n�o seria mais necess�ria a bandeira de escassez h�drica. Principalmente se o governo mantiver essa pol�tica das t�rmicas at� abril”, completa.
Fr�es tamb�m compartilha da mesma opini�o. “Se tivermos uma chuva abundante em fevereiro pode ser que antecipem o fim da bandeira de escassez h�drica.”
Uso consciente da energia
Silvia ressalta que os consumidores devem aprender a fazer um uso consciente da energia el�trica. “N�s brasileiros temos p�ssimos h�bitos de consumo de energia. Precisamos mudar no longo prazo para evitar que, cada vez que tenhamos uma crise h�drica nos reservat�rios, sejamos t�o penalizados.”
Ela afirma que o consumidor s� se preocupa com o consumo excessivo quando a tarifa de energia aumenta.
“S� come�amos a ter conscientiza��o quando pesa no bolso. Por que quando estamos nas bandeiras verde e amarela ningu�m pergunta como economizar energia? Na hora que diminuir a tarifa, a gente para de prestar aten��o.”
Suspens�o da tarifa de escassez h�drica em Minas
Na tarde desta quinta-feira (13/1), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), informou que pediu ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, a suspens�o da bandeira de escassez h�drica para o estado.
“Enviei ao Ministro de Minas e Energia pedido de suspens�o da Bandeira vermelha de Escassez H�drica na conta de luz em nosso Estado. Neste momento de recupera��o econ�mica dos efeitos da pandemia, agravado pela crise das finan�as estaduais, em que somos atingidos por chuvas que ocasionam verdadeiro cen�rio de guerra, a solidariedade com os mineiros � emergencial. N�o podemos ser penalizados com o custo determinado pela C�mara de Gest�o Hidroenerg�tica e aplicado pela ANEEL”, disse em publica��o nas redes sociais.
%u2026que ocasionam verdadeiro cen�rio de guerra, a solidariedade com os mineiros � emergencial. N�o podemos ser penalizados com o custo determinado pela C�mara de Gest�o Hidroenerg�tica e aplicado pela ANEEL. #GovernoPresente
%u2014 Romeu Zema (@RomeuZema) January 13, 2022
*Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Eduardo Oliveira