
Apesar da melhora, o cen�rio ainda exige cautela. Prova disso s�o os dados estaduais: mesmo com os temporais do �ltimo fim de semana, as grandes represas mineiras n�o ganharam corpo. A Companhia Energ�tica de Minas Gerais (Cemig) monitora, sobretudo, os reservat�rios de Emborca��o, no Rio Paraopeba, e de Nova Ponte, no Rio Araguari. Os dois cursos d'�gua est�o no Tri�ngulo.
N�meros de ontem (11/10), divulgados pelo ONS, mostram que o volume �til de Emborca��o beira os 10%. Em Nova Ponte, est� em 10,14%. No Sul de MG, a represa de Furnas, mantida pela empresa hom�nima no Rio Paraopeba, tem 14,65% de sua capacidade ocupada. Em Mascarenhas de Moraes, no Lago de Peixoto, �ndice ligeiramente superior: 15,43%.
Na semana passada, durante a reuni�o do Comit� de Monitoramento do Setor El�trico (CMSE), a representa��o do operador do sistema, al�m de refutar a hip�tese de desabastecimento, projetou vi�s de alta na ocupa��o dos reservat�rios em outubro.
Segundo a Cemig, a recupera��o dos reservat�rios em estado de alerta depende de significativo per�odo chuvoso e, tamb�m, da pol�tica de despacho energ�tico. O momento cr�tico � consequ�ncia de longo tempo de estiagem.
"Para as pequenas bacias hidrogr�ficas, o reflexo das chuvas tem efeito r�pido. J� para as bacias maiores, � necess�rio um evento mais prolongado e com mais volumes. De maneira geral, o acumulado de chuvas ainda � pequeno para alterar o n�vel dos grandes reservat�rios", informa a estatal.
Raimundo de Paula Batista, s�cio-diretor da Enecel Energia, ressalta a import�ncia das chuvas para a melhora da situa��o nacional, mas prega aten��o. "Ainda estamos com reservat�rios muito baixos. A situa��o � realmente cr�tica. N�o resolveu nada. Podemos, sim, sem d�vida nenhuma, ter problemas pela frente", diz ele.
O especialista cr� que o Brasil pode, sim, terminar o ano sem intemp�ries energ�ticas. "O governo est� dizendo, agora, e a ONS est� reiterando, que n�o vai haver corte de carga por falta de energia em alguns hor�rios", explica. "N�o tendo energia, h� um sistema autom�tico que corta carga de forma aleat�ria. Mas n�o h� essa programa��o hoje", pontua.
A cautela, no entanto, � necess�ria por causa do estresse que problemas h�dricos podem gerar ao sistema de transmiss�o de energia. Raimundo explica que as hidrel�tricas s�o essenciais para acompanhar a carga produzida.
"Como as hidrel�tricas est�o com reservat�rios muito baixos, elas fazem parte de seu papel, mas n�o conseguem fazer todo ele. Falta �gua nos reservat�rios para que eles possam acompanhar a carga durante todo o dia. Isso, sim, � crise energ�tica e crise h�drica, que faz com que o sistema fique no seu limite. (Com) qualquer falha na transfer�ncia de energia, imediatamente, tem corte de energia em parte do sistema".
Ao tratar dos avan�os na situa��o energ�tica brasileira, o ONS aponta boa ades�o dos grandes consumidores ao programa de Resposta Volunt�ria da Demanda (RMV). O mecanismo foi institu�do para diminuir o gasto de luz em determinados per�odos sob recompensa financeira.
"A situa��o hidroenerg�tica ainda � sens�vel � eventual frustra��o dos recursos considerados nesta avalia��o e as medidas excepcionais que vem sendo gradualmente adotadas ser�o mantidas", pondera a entidade.
Racionamento e pol�tica
Por ora, a palavra racionamento vai ficar apenas na mem�ria. Isso porque Fernando Henrique Cardoso (PSDB), presidente da Rep�blica em 2001, decidiu impor regime de economia de luz para estancar a crise daquele ano. Vinte anos depois, Raimundo Batista n�o cr� na ado��o de medida semelhante por parte de Jair Bolsonaro (sem partido).
"Considerando o momento pol�tico em que estamos, o governo tem toda a raz�o quando fala que n�o vai ter racionamento. Bolsonaro n�o vai decretar racionamento. Independentemente de precisar, ou n�o, Bolsonaro, como a Dilma (Rousseff) n�o fez, n�o vai decretar racionamento em uma condi��o onde h� risco de ter problemas de desabastecimento", opina, citando a ex-presidente.
Entre 2014 e 2015, na gest�o petista, o Brasil tamb�m atravessou problemas. � �poca, o governo recha�ou criar pol�tica p�blica para equacionar o consumo.
Embora tenha ido a p�blico refutar qualquer possibilidade de racionar energia, Bolsonaro tem clamado ao povo em prol da diminui��o do consumo. Por meio de suas lives semanais, ele j� sugeriu aos brasileiros que apaguem um "ponto de luz" de suas casas.
A utiliza��o de elevadores tamb�m foi desaconselhada pelo presidente, que no m�s passado fez outra proposta: "Tomar banho � bom, mas se puder tomar banho frio, � muito mais saud�vel. Ajude o Brasil".