
Leia tambe�m: Academia que permite malhar pelado chega ao Brasil e hor�rios est�o cheios
Ele conta que antes de se tornar naturista, j� tinha um centro de est�tica e bronzeamento que atendia o p�blico feminino e masculino. “S� que o p�blico masculino sempre se manteve mais presente. Como o centro levava meu nome, acho que acabava chamando muito pra mim. Sempre atrai esse p�blico.”
Segundo Rodney, quando o governador do estado decretou lockdown, ele precisou se reinventar. “� agora que vou ter que colocar em a��o novas ideias e como eu sempre fui muito curioso pelo mundo do naturismo, sempre fiz muito teatro, tinha essa viv�ncia da liberdade, da natureza”, lembra.
Foi ent�o que o empres�rio, inspirado pelo naturismo, teve a ideia de abrir a barbearia. “Se existe praia de naturismo, por que n�o podem existir servi�os naturistas? Se n�o existe, vou fazer agora. Entrei em contato com um amigo, que � barbeiro, perguntei se ele topava, ele aceitou. Comecei a fazer a divulga��o, vi que tive um retorno bom e foi a� que tudo come�ou.”
No come�o, o estabelecimento oferecia apenas o servi�o de barbearia. “Eu fazia depila��o, limpeza de pele, bronze, mas era normal (vestido). Foi a� que eu pensei que n�o fazia sentido s� o barbeiro trabalhar assim. Ent�o, decidi atender tamb�m no naturismo. Contratei outras pessoas que toparam tamb�m.”
Problemas de aceita��o e liberta��o
Apesar da decis�o, Rodney conta que enfrentou algumas dificuldades quando tamb�m come�ou a trabalhar nu.
“Tive muito bloqueio com meu corpo no come�o porque sempre tive muito pudor. Mas, com a liberdade que � trabalhar com o naturismo, hoje me sinto mais confiante e liberto, autoestima l� em cima e � essa mesma sensa��o que proporcionamos para nossos clientes. Essa liberta��o.”
O estabelecimento foi inaugurado h� nove meses, j� tem duas filiais na capital cearense e conta com seis funcion�rios. “� um centro de est�tica e barbearia naturista e tem todos os servi�os voltados para a �rea da beleza. Temos os mesmos servi�os de um estabelecimento convencional.”
O empres�rio explica que, no in�cio, n�o teve problema na contrata��o dos profissionais para trabalhar no local. Por�m, quando o barbeiro teve que sair, por causa de problemas pessoais, Rodney encontrou dificuldade para encontrar outro que quisesse ocupar a vaga e chegou, ele mesmo, a fazer um curso de barbearia. “Hoje j� n�o tenho mais esse problema porque ganhei um nome no mercado. Ent�o, as pessoas que j� conhecem o trabalho me procuram perguntando se tem vaga de emprego.”
Curiosidade e preconceito
Segundo o empres�rio, logo no come�o, ele percebeu que o neg�cio atrairia o p�blico.
“Quando fizemos a primeira postagem para ver como ia ser a aceita��o, muita gente curtia, comentava, elogiava. Come�aram a vir os agendamentos e diante deles � que vimos que havia p�blico. Quando os clientes vinham vivenciar a experi�ncia na pr�tica achavam interessante, diferente.
Ele conta que o servi�o atrai homens de todos os tipos. “Muitas vezes vem com a namorada, com o namorado, sozinho, com um amigo. A curiosidade sempre fala mais alto. Tenho v�rios clientes fixos, que amam. Mas tamb�m tenho muitos clientes que vem uma vez, vivenciam a pr�tica e n�o voltam mais. A gente tamb�m atrai muitos turistas."
Apesar do sucesso, Rodney tamb�m precisou lidar com o preconceito.
“Quando houve a primeira entrevista (para falar da barbearia), fui muito bombardeado com cal�nias, difama��es e cr�ticas destrutivas. Era muito criticado no bairro onde morava. Dava aula de dan�a na comunidade, muitas alunas se viraram contra mim, come�aram a colocar meu nome em fofoca.”
“Como sempre fui de igreja evang�lica e minha fam�lia era muito conhecida no bairro, muitas pessoas diziam que eu era a vergonha do bairro. Quando tinha algum homem na porta da minha casa, passava algu�m e gritava: ‘Vai cortar o cabelo pelado.’”, lembra.
At� a m�e do empres�rio se tornou alvo. “Minha m�e � diretora de escola e foi muito bombardeada por uma coisa que ela nem sabia. Ela quase ficou ref�m das m�es que queriam se unir para tirar ela da coordena��o da escola. Foi muito complicado, psicologicamente para mim foi terr�vel.”
Rodney precisou fazer acompanhamento com um psic�logo para conseguir continuar trabalhando. “Agora vou ter que fazer dar certo porque n�o vou passar por isso em v�o.”
*Estagi�ria sob supervis�o da editora-assistente Vera Schmitz