
O governo estuda a possibilidade de aumentar o valor de benef�cios pagos aos servidores federais, como vale alimenta��o, em vez de conceder reajuste salarial, como a categoria reivindica.
A medida � vista uma como uma forma de aplacar o �mpeto do movimento da categoria por corre��o dos vencimentos, e considerada uma alternativa de custo reduzido, se comparada ao impacto que a corre��o dos sal�rios teria nas contas da Uni�o.
Dirigentes de entidades representativas do funcionalismo, no entanto, recha�am a ideia.
Os c�lculos da �rea econ�mica apontam que cada 1% de reajuste concedido a servidores eleva os gastos federais em pelo menos R$ 3 bilh�es.
O problema � que a verba dispon�vel para corre��es salariais no Or�amento de 2022 � de somente R$ 1,7 bilh�o, suficiente apenas para um reajuste linear de 0,5% no contracheque dos servidores.
Uma oferta desse tipo seria recebida como ofensiva pelos funcion�rios. J� os benef�cios, de acordo com fontes que tiveram acesso aos estudos, por serem de valor menor, podem ter um percentual de reajuste mais robusto. Procurado, o Minist�rio da Economia n�o quis fazer coment�rios.
O aux�lio-alimenta��o � de R$ 458 mensais para os servidores ativos do Poder Executivo. H�, ainda, outros tipos de benef�cio. Servidores com filhos de at� 6 anos de idade, por exemplo, t�m direito a receber aux�lio pr�-escolar de at� R$ 321 mensais.
Para representantes de entidades sindicais dos servidores, a possibilidade de aceitar apenas corre��es nos benef�cios em vez de reajustes nos sal�rios est� fora de cogita��o.
"Temos que recompor as perdas inflacion�rias, ao menos em parte, que j� passam de 28% desde o �ltimo aumento", disse o presidente do F�rum Nacional Permanente de Carreiras T�picas de Estado (Fonacate), Rudinei Marques, um dos l�deres do movimento por atualiza��o dos sal�rios do funcionalismo.
Al�m disso, ele observou os servidores aposentados – mais da metade da categoria – n�o recebem esses benef�cios, e, portanto, ficariam de fora de qualquer ganho nos vencimentos.
Para S�rgio Ronaldo da Silva, coordenador do F�rum das Entidades Nacionais dos Servidores P�blicos Federais (Fonasefe), o governo "est� achando que est� em um pesque pague".
"Ele est� jogando seu anzol em �guas turvas, porque todo dia sai com uma ideia assim, testando o conjunto dos servidores pra ver qual � a onda em que o servidor vai embarcar com a sua prancha de surfe."
O coordenador do Fonasefe declarou que � preciso que o governo d� tratamento ison�mico para o conjunto dos 1,2 milh�o de servidores.
"Que ele instale uma mesa de negocia��o, coloque os nossos pontos, nossos pleitos na mesa e que nos d� uma resposta oficial", disse. "N�o que fique nos testando. Estamos unidos", afirmou.
Possibilidade de reajuste para uma categoria gerou revolta
No ano passado, o presidente Jair Bolsonaro havia acenado um reajuste apenas para os policiais. Nesse caso, a verba existente no or�amento deste ano seria suficiente.
A promessa do presidente, no entanto, deflagrou a mobiliza��o das demais categorias por corre��o geral de sal�rios. A �ltima vez que o governo concedeu um reajuste generalizado ao funcionalismo foi em 2017.
Em janeiro, Bolsonaro declarou que o aumento aos policiais estava suspenso. Desde ent�o, ele tem batido na tecla de que n�o h� espa�o no Or�amento para corrigir a folha de pagamento do governo.
Mais recentemente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, argumentou que o pa�s ainda enfrenta os efeitos da pandemia de COVID-19 e que os servidores p�blicos n�o perderam emprego ou renda, como aconteceu com os trabalhadores da iniciativa privada.
Segundo S�rgio Ronaldo da Silva, o governo est� testando possibilidades para poder sair da encrenca que se meteu. "Ele poderia j� ter resolvido a situa��o ao mandar a proposta da Lei Or�ament�ria ao Congresso. Mas preferiu criar essa encrenca. Ent�o ele, agora, vai ter que se virar", afirmou.