
Carro-chefe das exporta��es de Minas, os embarques de caf� aumentaram quase 77% em receita e 4% em volume no primeiro bimestre deste ano. Al�m disso, a estimativa de produ��o do Brasil para 2022/23 � de alta de 8% ante a temporada atual, para 61,1 milh�es de sacas, volume que representa, no entanto, um recuo de 12% ante o recorde de 2020, de acordo com a consultoria Safras & Mercado.
As exporta��es brasileiras de caf� totalizaram 3,441 milh�es de sacas de 60kg de caf� em fevereiro de 2022, o que implica queda de 13,6% na compara��o com as 3,983 milh�es aferidas no mesmo m�s do ano passado. Apesar do recuo na compara��o anual, o volume apresenta avan�o de 1,6% frente a janeiro, sinalizando uma leve melhora no cen�rio log�stico do com�rcio mar�timo global. As informa��es constam do relat�rio estat�stico mensal do Conselho dos Exportadores de Caf� do Brasil (Cecaf�).
De acordo com o presidente da entidade, Nicolas Rueda, pelo fato de o Brasil estar na entressafra de um ciclo menor na produ��o cafeeira, o resultado do m�s passado � positivo, n�o ficando distante do desempenho de fevereiro de 2021, que foi bastante significativo.
"Houve melhora no cen�rio log�stico, o que contribuiu para a performance do m�s passado. Apesar disso, estamos longe da normalidade, com bastante instabilidade, alternando semanas boas com outras ruins, pois a disponibilidade de cont�ineres e espa�os nos navios continuam insuficientes para escoar o que estava represado no porto e embarcar as cargas que est�o chegando para exporta��o, exigindo que os departamentos log�sticos dos exportadores antecipem a confirma��o de seus bookings para a consolida��o de seus volumes", comenta.
"Como o caf� � uma commodity precificada em bolsa, houve aumento de receita devido � situa��o de valoriza��o de bolsa internacional. O ar�bica, nas institui��es em Nova York e Londres, nos dois primeiros meses de 2022, chegou a 55%. A quest�o cambial ficou inalterada. Por�m, houve uma disfun��o de todo o fluxo do caf� e de mercadorias em todo o mundo, primeiramente devido � pandemia, que ao final do ano passado come�ou a normalizar. Novos problemas surgiram com a guerra na Europa", avalia Claudio Castello Branco Ribeiro Filho, trader de caf� verde da Expoccafe, Cooperativa de Cafeicutores do Cerrado, com impacto nas rotas de navega��o e restri��es econ�micas � Russia.
De acordo com o trader, houve um aumento de volume de contratos n�o embarcados por problemas de log�stica. Mas o especialista diz que o momento � de cautela, devido �s incertezas geradas pela crise entre R�ssia e Ucr�nia e os impactos da pandemia. "A hora � de fazer somente o b�sico, sem inventar muito, esperando dias melhores. Mas n�o de paralisar e sim continuar produzindo e negociando contratos", observa Claudio Castello Branco.
Entretanto, segundo o empres�rio, suprimindo os dois pa�ses em guerra, a comercializa��o continua normal, com vendas do produto para a Am�rica do Sul, do Norte, Europa e �sia. O advento da guerra prejudicou o fluxo, se agravando no final de fevereiro, quando alguns navios j� se encontravam a caminho da R�ssia e da Ucr�ncia, sendo que alguns sequer conseguiram atracar no destino. Com a evolu��o do conflito, alguns navios retornaram com a carga aos portos de origem.
Os caf�s da regi�o do Cerrado mineiro com destino aos mercados da R�ssia e Ucr�nia , segundo Castello Branco, vendidos principalmente a torrefadores e comerciantes, enfrentaram outras situa��es. A carga foi desviada para pa�ses pr�ximos, uma vez que n�o poderiam atracar nos dois pa�ses. As restri��es � Russia impediam que grandes companhias de navega��o que chegassem ao pa�s pudessem operar em outros pa�ses, mais expressivamente no Ocidente. A falta de cont�ineres tamb�m impactou na comercializa��o.
As sinaliza��es de um acordo entre os pa�ses envolvidos s�o vistas com otimismo, "mas � dif�cil prever o futuro, com rela��o a mercado e log�stica. Estamos em stand by, porque � uma situa��o que n�o se resolve rapidamente. Ap�s o acordo entre as duas partes, v�m as discuss�es sobre a evolu��o das restri��es adotadas pelos demais pa�ses".
Claudio avalia que n�o h� uma "corrida em busca de novos mercados" e h� uma retomada da discuss�o de contratos de comercializa��o. As condi��es vegetativas est�o saud�veis e, se n�o houver mais surpresas, como secas e geadas, a expectativa � que para ano que vem as coisas voltem a normalizar. "Este ser� um ano dif�cil, com problemas de safra, mercado, log�stica a serem superados. A cadeia n�o parou, a desvaloriza��o do d�lar e o aumento de juros no Brasil fez os pre�os ca�rem, desanimando um pouco o setor produtivo para vender o caf�. Muitos est�o aguadando safra nova".
Ana Carolina Gomes, analista de Agroneg�cios do Sistema Faemg, classifica de "singela" a melhora de 4% em rela��o a 2020, com problemas log�sticos, falta de cont�ineres e incertezas mercadol�gicas que afetaram a produ��o diante da pandemia.
"O que vemos para este ano � a pandemia passando e o recome�o do fluxo log�stico, tendendo a melhorar com a safra que ser� colhida. Temos que pensar a exporta��o de caf� e sua import�ncia para Minas Gerais, � o carro-chefe." Conforme a analista, o caf� exportado atualmente � da safra passada: "Estamos na entressafra".
No tocante � guerra, o impacto � pequeno, j� que os dois pa�ses em conflito n�o est�o entre os principais compradores - Alemanha, Estados Unidos, B�lgica, Jap�o e It�lia. "O que mais afeta a quest�o da guerra s�o os fertilizantes, pot�ssio principalmente, adquirido nos dois pa�ses, mas n�o s�o �nicos. Importamos do Canad� e da China, e temos outras fontes a absorver."
A exporta��o de caf� do Brasil dever� crescer 3% na temporada 2022/23 (julho/junho), para 39,25 milh�es de sacas de 60kg, ap�s uma queda acentuada na temporada atual (2021/22), � medida que a safra de ar�bica brasileira estar� em seu ano de alta produtividade, prev� a consultoria Safras & Mercado.
Em 2021/22, a exporta��o dever� cair 18% na compara��o com o recorde do ciclo anterior, segundo n�meros da consultoria, ap�s a safra do Brasil ter sido atingida por seca e geadas, com impacto tamb�m na colheita que deve come�ar nos pr�ximos meses.
"Vemos que o crescimento da oferta do Brasil � limitado, n�o permite grande sobra na oferta mundial, tanto que a exporta��o cresce 3%... o que limita a corre��o nos pre�os", disse o analista Gil Barabach.
Barabach aponta que o mercado global de caf� vem passando por corre��o de pre�os ap�s m�ximas em mais de 10 anos em Nova York em fevereiro, movimento este que foi acentuado pela guerra na Ucr�nia, com fundos migrando investimentos para o segmento de gr�os.
No in�cio de fevereiro, o caf� ar�bica negociado em Nova York teve o maior patamar desde 2011, cotado a cerca de 2,60 d�lares por libra-peso, enquanto vem sendo negociado nesta semana a cerca de 2,27 d�lares. "Sem novidades fundamentais, o mercado assume novo tra�ado, atingiu um pico e vive um momento de corre��o", declarou.
Exporta��es de caf� - at� 30 de mar�o de 2022
3.555.903
Embarque em janeiro
2.932.670
Embarque em janeiro
2.932.670
Embarque em fevereiro
3.440.963
3.440.963