A reuni�o do aguardado "Dia D" da Petrobras ser� virtual e n�o dever� ter muitas surpresas ap�s a confus�o com as �ltimas indica��es do presidente Jair Bolsonaro (PL), que, como representante do acionista controlador, a Uni�o, resolveu trocar o comando da estatal depois de a empresa anunciar um mega reajuste de at� 24,9% nos combust�veis, que passou a valer em 11 de mar�o.
O Comit� de Pessoas recomendou a aprova��o do nome do qu�mico Jos� Mauro Ferreira Coelho para o Conselho de Administra��o da estatal, conforme comunicado divulgado, na ter�a-feira (12/4), pela estatal, para substituir o general Joaquim Silva e Luna. A decis�o ocorreu ap�s reuni�o extraordin�ria realizada na noite da v�spera pelo colegiado.
No documento, o Comit� informou que o executivo preenche os requisitos necess�rios para o cargo e recomendou que a indica��o "est� apta para ser apreciada" na AGO. Logo, como membro do Conselho, Coelho poder� ser eleito presidente da companhia na AGO. A Uni�o tem a maioria (oito) dos 11 membros do Conselho. A assembleia tamb�m decidir� a nova remunera��o dos conselheiros e da diretoria da empresa, que lucrou R$ 106,7 bilh�es no ano passado.
No fim de mar�o, Bolsonaro decidiu trocar o comando da Petrobras, ap�s novamente criticar a pol�tica de paridade de pre�os internacionais da estatal, a PPI. Foi a segunda troca desde o in�cio do mandato. Os combust�veis s�o os principais vil�es da infla��o e Silva e Luna, escolhido por Bolsonaro para substituir Roberto Castello Branco - indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes -, n�o conseguiu evitar a disparada dos pre�os dos combust�veis no in�cio de mar�o em meio � guerra da Ucr�nia. Depois de 57 dias de congelamento de pre�os, a empresa anunciou um mega reajuste nas refinarias, de 24,9%, no diesel, e de 18,7%, na gasolina.
Descontente, o chefe do Executivo partiu para a escolha de um substituto com a ajuda do Minist�rio de Minas e Energia (MME) e indicou o economista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) e, para a presid�ncia do Conselho, escolheu o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim. Contudo, Pires e Landim renunciaram logo em seguida devido �s suspeitas de conflitos de interesses apontadas pelos �rg�os de governan�a da estatal.
Ambos, inclusive, s�o bem relacionados com pol�ticos do Centr�o e amigos do empres�rio baiano Carlos Suarez, dono da OAS, uma das empreiteiras envolvidas no esc�ndalo do Petrol�o.
Diante da ren�ncia dupla, o MME divulgou, na semana passada, novos indicados e escolheu Coelho, presidente do Conselho de Administra��o da Pr�-Sal Petr�leo SA (PPSA), para o lugar de Pires, e o engenheiro M�rcio Weber, que j� integra o Conselho, para a vaga antes de Landim.
Na avalia��o de especialistas, n�o haver� surpresas na AGO da Petrobras, especialmente, porque o Comit� j� aprovou os nomes e Coelho j� deu declara��es de que � favor�vel � manuten��o da PPI. "A assembleia ser� bem tranquila e a PPI dever� continuar como est�", afirmou Jos� M�rcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos. William Nozaki, coordenador t�cnico do Instituto de Estudos Estrat�gicos de Petr�leo, G�s Natural e Biocombust�veis (Ineep), refor�ou que o interesse da Petrobras � demonstrar para o mercado que essa turbul�ncia foi superada. "Dessa forma, talvez, possamos voltar a discutir o tema que realmente est� afligindo o pa�s: sa�das efetivas para a infla��o de combust�veis", afirmou.
"Com a derrota da estrat�gia inicial do governo de indicar para a Petrobras figuras ligadas ao Centr�o, com o acerto de uma composi��o do Conselho alinhada com as atuais pol�ticas de pre�os, dividendos e desinvestimentos e com a aprova��o Coelho pelo Comit� de Pessoas da empresa, a reuni�o da AGO n�o deve ter maiores sobressaltos", acrescentou Nozaki. Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, lembrou que o mercado j� demonstrou que receber� bem o novo comando, pois as a��es da Petrobras chegaram a subir mais de 5% ap�s o an�ncio da escolha de Coelho para a presid�ncia da estatal na semana passada. "Agora, as a��es n�o devem valorizar tanto quanto ap�s o an�ncio", disse.
Enquanto o �ndice Bovespa fechou, ontem, com queda de 0,69%, a 116.147 pontos, as a��es ordin�rias (com direito a voto) da Petrobras encerraram o preg�o com alta de 0,11%. J� as preferenciais (sem direito a voto,mas prioridade no recebimento de dividendos), recuaram 0,29%. Vale lembrar que, a Petrobras, juntamente com a Vale, sozinhas distribu�ram R$ 146 bilh�es em dividendos em 2021, conforme levantamento da Econom�tica.