Endividamento de fam�lias atingiu n�vel recorde em mar�o

Em Belo Horizonte, o total de endividados se manteve est�vel em fevereiro, com 89%, ao contr�rio da inadimpl�ncia que teve alta de 3,3%, em rela��o ao m�s anterior, conforme pesquisa de Endividamento e Inadimpl�ncia do Consumidor (Peic), elaborada pela Federa��o do Com�rcio de Bens, Servi�os e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecom�rcio MG), com base na pesquisa da CNC.

 

Para a economista da Federa��o, Gabriela Martins, o in�cio do ano � caracterizado por gastos sazonais, como o pagamento de impostos, mensalidade e rematr�cula e materiais escolares. "Dessa forma, muitas fam�lias acabam fazendo o uso do cr�dito para conseguir suprir toda a sua demanda. Entretanto, fatores como o desemprego e o aumento da infla��o - com destaque para os combust�veis e alimentos, acabam achatando a renda das fam�lias, acarretando um comprometimento da capacidade de pagamento das contas levando os consumidores a se tornarem inadimplentes", explica.

 

O levantamento apontou ainda que o cart�o de cr�dito continua se destacando como o principal meio de pagamento (84,2%.). Em seguida, aparecem os clientes que optaram pelo carn� (18,5%); pelo cr�dito pessoal (8,3%); e pelo cheque especial (7,4%).

 

Os demais subitens da pesquisa apresentaram que 48,5% das fam�lias da capital mineira est�o com as contas em atraso e 33,4% n�o ter�o condi��es de arcar com as d�vidas.  J� o tempo m�dio de comprometimento da renda � de seis meses, sendo que 30% do or�amento compromete a renda familiar.

 

As taxas de juros m�dias nas linhas de cr�dito com recursos livres (taxas de juros livremente pactuadas entre mutu�rios e institui��es financeiras) �s pessoas f�sicas aumentaram de 39,4% em janeiro de 2021 para 46,3% em janeiro de 2022, segundo dados recentes disponibilizados pelo Banco Central (Bacen). As concess�es de cr�dito com recursos livres para pessoas f�sicas aumentaram 13,1% em termos reais na compara��o interanual, mas ca�ram 2,7%em janeiro ante dezembro, na m�dia di�ria.

 

O custo do cr�dito mais elevado e o pr�prio endividamento alto entre as pessoas que vivem no mesmo domic�lio dificultam a contrata��o de novas d�vidas, como tamb�m o pagamento dos compromissos na data de seus vencimentos.

 

Gerente de marketing da Serasa em S�o Paulo, Thiago Ramos, explica que o n�vel de inadimpl�ncia em Minas (38%) est� abaixo da m�dia brasileria (40,3%). No Amazonas, por exemplo, � a atxa � de  52%. S�o 6 mil inadimplentes em Minas Gerais e 931 mil inadimplementes somente em Belo Horizonte.

 

A Serasa encerrou em 31 de mar�o um "feir�o em car�ter ermegencial" em todo o pa�s, conforme Ramos, diante do aumento de inadimplentes, 65,9 milh�es que ultrapassou a barreira de 65,2 milh�es registrada em abril de 2020, primeiro ano da pandemia. Foram concedidos R$5,7 milh�es em descontos e 3,3 milh�es de acordos, destes, 1,6 milh�o na regi�o sudeste. 

 

Thiago Ramos aponta dois fatores para esse quadro:  educa��o financeira e o cen�rio econ�mico. O mundial foi agravado pela guerra entre Ucr�nia e Russia, quando o mundo come�ava a relaxar da pandemia da COVID-19 e em n�vel interno o aumento do n�mero de trabalhadores informais que chegam a mais de 38 milh�es de brasileiros, al� de 12 milh�es de desempregados. "Outro ponto importante � a renda m�dia do brasileiro que est� no menor valor esde 2012, segundo IBGE", aponta o gerente da Serasa.

 

Educa��o financeira 

Para o brasileiro que sempre viveu no limite de sua renda, Thiago Ramos indica que a educa��o financeira ajudaria muito a equilibrar as contas "que hoje � um malabarismo." Levantamento da Serasa sobre percep��o de d�vidas na pandema, apontou que entre as pessoas entrevistadas "mais de 50% perceberam que gastavam muito com o que n�o precisavam, e que agora 67% vem dando mais import�ncia para guarda dinheiro do que antes da pandemia. Tamb�m o n�mero de pessoas que anotam despesas, comparando ao rendimento para n�o gastar mais do que recebe, dobrou e chegou 42% no segundo ano da pandemia."

 

O corte de custos das fam�lias na pandemia j� aconteceu, segundo o gerente, com redu��o do n�mero de contas, mas houve aumento na pontualidade de pagamentos, "principalmente em seguros, planos de sa�de e assinatura de tv para filmes. Precebe-se uma prioriza��o. Cada pessoa tem que ver dentro do seu cen�rio o que ela relamente precisa, pode ser no lazer, em alimentos consumidos. Isso � particular de cada um. Entre os entrevistados 35% buscaram, em 2020, renda pr�pria para complementar receitas na pandemia, vendendo produtos que n�o usavam mais, cozinhando pra fora, free lancer. Esse �ndice em 2021 subiu para 52%. O parcelamento de d�vidas pode ajudar queles que precisam contratar empr�stimos ou adquirir cart�o de c�rdito. Ap�s um acordo, na primeira parcela, o nome j� estar� limpo."

 

 

Para ter o controle das suas contas, lembre-se de anotar todos os gastos. Assim, voc� saber� exatamente para onde o seu dinheiro est� indo. Outro ponto � n�o se perder em meio a v�rios pagamentos que precisam ser feitos.

 

Elabore metas para sair das d�vidas at� o fim do ano. Com essa meta em mente, voc� pode separar as d�vidas priorit�rias e criar estrat�gias, como o pagamento das contas mais caras ainda no primeiro semestre. Al�m disso, voc� tamb�m pode dividir as metas por m�s, e dar um passo de cada vez.

 

Uma atitude fundamental para sair do vermelho e se livrar das d�vidas � organizar o seu or�amento. Voc� pode usar um aplicativo de telefone, uma planilha do computador ou mesmo um caderno. O importante � que voc� anote todo o dinheiro que voc� recebe no m�s e todos os gastos. O recebido pode ser sal�rio, b�nus, aposentadoria, dinheiro de bicos, etc. E os gastos precisam ser detalhados, para voc� conseguir cortar o que � desnecess�rio.

 

� muito importante envolver toda a fam�lia na organiza��o do or�amento e no processo de acabar com as d�vidas. Cada membro da sua casa pode ajudar com id�ias para diminuir as contas ou conseguir mais dinheiro, com um trabalho extra ou venda de itens que voc�s n�o usam mais.

 

Enquanto voc� est� com d�vidas, fica dif�cil realizar sonhos maiores. Ent�o, por um per�odo ser� necess�rio apertar o cinto e cortar alguns gastos. Lembre-se das pequenas economias, como: apagar a luz do quarto quando sair, colocar o chuveiro na posi��o ver�o no per�odo de calor, juntar as roupas para usar a m�quina de lavar na capacidade m�xima. O estilo de vida e as necessidades de cada fam�lia v�o indicar quais gastos podem ser cortados. Mas n�o se esque�a de que para sair das d�vidas, voc� ter� que fazer um esfor�o.

 

�s vezes, s� cortar n�o basta, ou mesmo com todos os cortes poss�veis ainda falta dinheiro para se livrar das d�vidas. Se essa for a sua situa��o, o caminho pode ser a renda extra. Pode ser com um trabalho nas horas que estavam livres, bicos nos finais de semana ou mesmo com vendas.

Voc� pode se desfazer de itens que n�o usa mais ou criar produtos, bolos, doces, artesanatos, e vender para amigos, vizinhos ou mesmo na internet. Descubra alguma atividade que voc� leva jeito e comece a empreender.

Com o or�amento em ordem e com as economias de corte de gastos ou renda extra, procure os seus credores. Com dinheiro na m�o � mais f�cil negociar e conseguir desconto.

 

Se voc� tem mais de uma d�vida, temos dicas para saber qual voc� deve pagar primeiro. O importante � dar prioridade para as d�vidas que t�m os maiores juros para n�o virar uma bola de neve.

 

Pesquisar antes de comprar qualquer produto � a garantia de que voc� vai encontrar o melhor pre�o e, claro, economizar. Mesmo se o que pretende adquirir � um empr�stimo para quitar uma d�vida, � preciso pesquisar. ]

A �ltima dica para sair das d�vidas at� o fim do ano � uma reflex�o. Pare e pense no que aconteceu para voc� ficar nessa situa��o. Isso � importante para voc� evitar a inadimpl�ncia no futuro e saber sair do problema o quanto antes.