
No Brasil, n�o � diferente. Na �ltima quarta-feira (4/5), em decis�o un�nime, o Banco Central elevou a Selic, a taxa b�sica de juros, em um ponto percentual, de 11,75% ao ano para 12,75% ao ano. � o d�cimo aumento seguido, e a trajet�ria de alta foi iniciada em mar�o do ano passado.
Para tentar controlar a alta dos pre�os, pa�ses de diferentes regi�es do planeta v�m aumentando o custo do dinheiro, o que, na pr�tica, se traduz em cr�dito mais caro.
Ent�o, com taxas muito altas, n�o interessa a ningu�m se endividar.
Essa situa��o afeta empresas que precisam tomar dinheiro emprestado para realizar seus investimentos, governos que precisam financiar gastos p�blicos e tamb�m afeta pessoas que solicitam empr�stimos para comprar uma casa, um carro ou financiar um gasto imprevisto.
Quem toma a decis�o de aumentar ou diminuir as taxas? O banco central de cada pa�s que, em geral, funciona independentemente do governo no poder.
Desde que a infla��o come�ou a subir rapidamente, primeiro pelos efeitos da pandemia de covid-19 e depois pela guerra na Ucr�nia, o debate se concentrou em qu�o r�pido e qu�o profundamente as autoridades devem agir para cont�-la.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o Federal Reserve System (informalmente conhecido como Fed), o banco central americano, tem sido duramente criticado por ter "demorado demais" para come�ar a aumentar as taxas.
A situa��o se acalmou quando, em mar�o deste ano, a institui��o elevou os juros pela primeira vez desde o in�cio da pandemia, dando o primeiro sinal de que a "era do dinheiro barato", com taxas pr�ximas de zero, estava chegando ao fim.
E na quarta-feira (4/5) elevou as taxas em meio ponto percentual, deixando-as em uma faixa entre 0,75% e 1%, quando o pa�s est� atolado em uma infla��o descontrolada que subiu para 8,5%, o n�vel mais alto dos �ltimos 40 anos.

"A infla��o est� muito alta e entendemos as dificuldades que isso est� causando", disse o presidente do Fed, Jerome Powell. "E estamos nos movendo decisivamente para derrub�-la".
De todos os efeitos que um aumento das taxas de juros pode ter, o mais �bvio � que consegue controlar o aumento do custo de vida.
"Quando a taxa sobe, em teoria, a demanda deve moderar e isso gera menos press�o sobre a infla��o", diz Elijah Oliveros-Rosen, economista s�nior da divis�o Latin America Global Economics & Research da consultoria S&P Global, � BBC News Mundo, o servi�o de not�cias em espanhol da BBC.
"O aumento das taxas � uma tend�ncia global", acrescenta, mas alerta que tem avan�ado em ritmos diferentes em diferentes partes do mundo.
"Come�ou no ano passado na Am�rica Latina. Depois vieram os Estados Unidos, depois o Reino Unido e depois a �sia. Agora, chegou a vez do Banco Central Europeu", diz o economista.
Essas s�o algumas das consequ�ncias mais importantes geradas pelo aumento das taxas de juros.
1. � mais caro pedir dinheiro emprestado
Os bancos comerciais cobrar�o juros mais altos para emprestar dinheiro.
Mesmo que voc� n�o solicite um empr�stimo diretamente, mas use o cart�o de cr�dito, ele funciona com taxa vari�vel.
Ou seja, voc� n�o pagar sua fatura em dia, "a multa" vir� atrav�s da cobran�a de juros muito mais altos.
Resumindo, como � mais caro fazer um empr�stimo, seu poder de compra � reduzido.
Por outro lado, as empresas utilizam muito o cr�dito para investir, de forma que o aumento dos juros n�o incentiva o investimento.
E tamb�m torna o custo do financiamento fiscal mais caro para os pa�ses.
Isso significa que, quando emitem um t�tulo, precisam oferecer uma taxa de juros mais alta para convencer os credores de que est�o fazendo um bom neg�cio ao emprestar recursos.
Basicamente, o governo tem que pagar mais aos investidores.
"� por isso que o capital se move para pa�ses que oferecem taxas de juros mais altas em busca de melhores retornos", diz Pablo Guti�rrez, pesquisador da Universidade da Col�mbia Brit�nica, no Canad�, � BBC News Mundo.
2. Favorece a poupan�a
Da mesma forma que o aumento das taxas desestimula o consumo, favorece a poupan�a.
A poupan�a torna-se mais atrativa porque aumenta a lucratividade, ou seja, � mais lucrativo ter dinheiro no banco.

No final das contas, diz ele, "h� menos dinheiro na economia e, portanto, h� menos press�es inflacion�rias".
Mas aumentar as taxas n�o � uma receita m�gica, o que explica por que funciona melhor em alguns pa�ses do que em outros.
3. Pode afetar o crescimento econ�mico
A onda global de aumento das taxas de juros "gera um efeito de modera��o para o crescimento econ�mico", explica Jos� Luis de la Cruz, diretor do Instituto de Desenvolvimento Industrial e Crescimento Econ�mico (IDIC) do M�xico.
O aumento das taxas afeta a capacidade de investimento das empresas e a procura de cr�dito ao consumo num contexto bastante complicado a n�vel global.
Um contexto em que se verificam uma recupera��o prec�ria da economia europeia, um ligeiro abrandamento em algumas zonas dos Estados Unidos e dificuldades vindas da China, tanto pelo menor crescimento econ�mico do gigante asi�tico, quanto pelos problemas causados %u200B%u200Bpela covid-19, diz o economista.
"O mundo caminha para uma transi��o de uma economia com pouco crescimento e alta infla��o, para uma economia que conseguir� conter as press�es inflacion�rias nos pr�ximos dois ou tr�s anos, mas com certas limita��es de crescimento", explica de la Cruz � BBC News Mundo.
Nesse sentido, "� uma m� not�cia para um mundo que acaba de sair de uma das piores recess�es dos �ltimos 90 anos e agora se encontra novamente em um cen�rio econ�mico restritivo devido � press�o inflacion�ria, ao aumento das taxas de juros e baixo crescimento.
No entanto, assim como taxas de juros mais altas podem desacelerar o crescimento, elas tamb�m podem reduzir a infla��o.
O que fica claro � que encontrar o equil�brio nas decis�es de pol�tica monet�ria conforme as necessidades de cada pa�s n�o � uma tarefa f�cil.
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