
A Petrobras anunciou um reajuste de 8,8% para o diesel a partir desta ter�a-feira (10/5). O litro do combust�vel, antes vendido a R$ 4,51, passar� a custar R$ 4,91, representando um aumento de 40 centavos para as distribuidoras. Segundo a estatal, o pre�o do derivado n�o era corrigido h� 60 dias. Com a not�cia, os caminhoneiros afirmaram que ter�o de diminuir a jornada de trabalho, ou at� mesmo parar a frota.
Os valores da gasolina e do g�s liquefeito de petr�leo (GLP) foram mantidos. "Desde aquela data, a Petrobras manteve os seus pre�os de diesel e gasolina inalterados e reduziu os pre�os de GLP, observando a din�mica de mercado de cada produto", afirmou a estatal em nota.
A Petrobras informou ainda que a nova alta do diesel decorre de uma redu��o global de oferta em rela��o � demanda e de estoques abaixo das m�nimas sazonais dos �ltimos cinco anos nas principais regi�es fornecedoras. Esse desequil�brio, de acordo com a nota, resultou na eleva��o dos pre�os do diesel no mundo inteiro, "com a valoriza��o desse combust�vel muito acima da valoriza��o do petr�leo". "A diferen�a entre o pre�o do diesel e o pre�o do petr�leo nunca esteve t�o alta", informou a estatal.
Caminhoneiros
Os caminhoneiros afirmam que n�o est�o conseguindo manter a frota com o pre�o do diesel. Wallace Landim, conhecido como Chor�o, comanda a Associa��o Brasileira dos Condutores de Ve�culos Automotores (Abrava). Em v�deo, ele declarou que o aumento de 40 centavos vai impactar diretamente no bolso do trabalhador. "N�o podemos ficar quietos, eu conhe�o e sei o quanto vai impactar na mesa do trabalhador no final", explicou.
"Na �ltima fala do presidente (Bolsonaro), ele come�ou a entender que precisa realmente mexer no pre�o da paridade da importa��o. Uma estatal que teve um aumento de lucro de 3.400% no trimestre", reclamou.
O economista Andr� Braz, da Funda��o Get�lio Vargas (FGV), alerta para os impactos econ�micos do reajuste. "O diesel j� subiu 49% em 12 meses. Ent�o qualquer reajuste que a gente tenha daqui para frente pesa mais na estrutura produtiva", explicou. "A gente sabe que a presta��o de servi�os, o frete, em especial e o movimento das m�quinas agr�colas, tudo isso tende a ficar mais caro, subir de pre�o e isso acaba espalhando as press�es inflacion�rias", disse.
Para Braz, o aumento de 8,8% na refinaria chega na bomba pela metade em torno de 4,5%. "Temos mais uma press�o inflacion�ria que, apesar de pequena frente ao �ltimo reajuste, s� engrossa a necessidade de a gente ver corre��o de pre�os em servi�os, principalmente no transporte p�blico." O economista observou, ainda, que o impacto do diesel no IPCA � pequeno. "O diesel pesa pouco na infla��o ao consumidor, mas pesa muito no frete, ent�o o efeito indireto do diesel na infla��o � o mais perverso."
Em nota � imprensa, a Abrava manifestou indigna��o com os novos valores do combust�vel. "O governo e a Petrobras mudaram a estrat�gia, n�o est�o aumentando tudo de uma vez. Uma semana aumenta o g�s, na outra a gasolina, e agora o diesel. Lembramos que essa luta pelo fim do PPI (pre�o de paridade de importa��o) n�o � s� dos caminhoneiros, mas sim de toda a popula��o brasileira, principalmente os mais vulner�veis e a classe m�dia."
Com o reajuste no diesel, aumenta a expectativa em rela��o � gasolina. Na semana passada, o pre�o do derivado subiu pela quarta semana seguida e chegou a custar, em alguns postos, R$ 7,59. A Petrobras informou ao Correio que os aumentos n�o partem da estatal, e sim das distribuidoras de combust�veis. "O �ltimo aumento da gasolina que a Petrobras fez foi em 11 de mar�o (58 dias), e agora ela j� reajustou o diesel. N�o tem por que ter qualquer aumento por conta da estatal", informou a empresa.
O problema n�o � s� no pre�o. O Presidente do Sindicato do Com�rcio Varejista de Combust�veis e Lubrificantes do Distrito Federal (Sindicombust�veis/DF), Paulo Tavares, alerta para o risco de desabastecimento. "Est� faltando gasolina em todo territ�rio nacional", afirmou. "Hoje eu pedi para entregar 70 mil litros nos meus postos, mas recebi apenas 40 mil litros."