
Na �ltima quinta-feira (5/5), o presidente Jair Bolsonaro (PL) usou as redes sociais para criticar a Petrobras e os pre�os dos combust�veis. Bolsonaro chamou o lucro obtido pela empresa (R$ 44,5 bilh�es no primeiro trimestre) de "estupro" e afirmou que a empresa n�o poderia mais aumentar o pre�o, ou "quebraria o Brasil".
Uma mudan�a foi aprovada poucos dias depois, e entra em vigor nesta ter�a-feira (10/5), ap�s a Petrobras anunciar o aumento do pre�o do diesel em 8,87%, o que significa uma mudan�a de 40 centavos no litro do combust�vel — de R$ 4,51 para R$ 4,91.
Diferentemente da gasolina — que teve alta de 67% nos anos do governo — a popula��o n�o sente o efeito imediato logo ap�s os an�ncios de alta, j� que a maioria das pessoas n�o usa utiliza o diesel para abastecer seus ve�culos.

Mas, em longo prazo, a tend�ncia � que esse aumento seja repassado para os consumidores, fazendo com que as mudan�as constantes nos pre�os nos �ltimos anos contribu�ssem para que bens e servi�os sofressem com infla��o.
"Quando se trata do IPA, �ndice que mede a infla��o ao produtor ind�stria e agricultura, o diesel tem um peso at� maior do que a gasolina. Isso porque todo o processo produtivo, desde o funcionamento das m�quinas agr�colas at� sistema de log�stica. Tudo que consumimos tem o diesel como insumo em alguma magnitude", explica Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital Markets.
Argenta usa o exemplo do consumo de carne vermelha para ilustrar a situa��o. "O diesel n�o � usado na vaca, mas sim nas m�quinas agr�colas que trabalham no pasto e no transporte dessa carne at� voc�."
Dessa forma, ainda que n�o seja de um dia para o outro, os custos devem chegar � popula��o. "O repasse n�o � necessariamente um para um, h� um espa�o de margem dos produtores ou respons�veis pelo frete e parte da infla��o pode ser dilu�da, mas o aumento � esperado porque as margens de lucro j� est�o comprimidas", diz Felipe Sichel, economista-chefe do Banco Modal.
Em nota, a Petrobras afirmou que a altera��o ocorreu por uma redu��o da oferta frente � demanda. "Os estoques globais est�o reduzidos e abaixo das m�nimas sazonais dos �ltimos cinco anos nas principais regi�es supridoras."
Subs�dio do governo?
O economista Felipe Sichel aponta que, agora, os olhares dos especialistas est�o voltados �s pr�ximas poss�veis movimenta��es do governo. "Agora � ver se de alguma forma o governo tentar� suavizar esse impacto por meio de aumento de subs�dio."
Na opini�o dele, caso ocorra, o efeito pode ser negativo. "Com a situa��o fiscal extremamente delicada na economia global e local, h� pouca capacidade de absorver choques. Tentar amenizar agora pode gerar infla��o pior no futuro, e via de regra, quanto mais r�pido os pre�os se ajustam, melhor a economia absorve o choque e se adapta. Dificultar a absor��o faz com que essa conta tenha que ser paga em algum lugar."
De acordo com Carla Argenta, uma das op��es seria tirar os "royalties" da Petrobras, dividendos da empresa destinados � Uni�o, para o subs�dio.
"N�o teria impacto nenhum na precifica��o da Petrobras, e poderia ser at� bom para o investidor que comprou a��es. Mas essa n�o deve ser uma alternativa usada pelo governo federal porque esses recursos j� v�o para d�vidas, o que resultaria em endividamento p�blico."
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