Por que mesada educativa para as crian�as e adolescentes � importante

A mesada educativa � uma quantia em dinheiro que pais e respons�veis d�o, periodicamente, com o intuito de ensinar finan�as para as crian�as e adolescentes. Mas mesada n�o � s� dinheiro. � poss�vel inserir o assunto na vida dos pequenos, associado a quest�es como sustentabilidade, meio ambiente, consumo consciente entre outros temas. 

 

O objetivo deve sempre ser ensinar as crian�as a gerenciar seu pr�prio dinheiro. � medida que a crian�a passa a ganhar um valor fixo por m�s, ou por semana, ela come�a a perceber que ser� preciso se organizar para n�o gastar tudo de uma vez. Ela perceber� a necessidade de fazer escolhas e que em alguns momentos ser� preciso renunciar algo.

"A mesada, quando feita com planejamento e di�logo, ajuda no desenvolvimento de habilidades como responsabilidade, gerenciamento de dinheiro e tomada de decis�es", explica Gabriel Roizner, cofundador e CEO da Mozper, fintech que ajuda pais, m�es e respons�veis a educar crian�as e adolescentes para tomar decis�es financeiras inteligentes e respons�veis.

Mas, para que os impactos do consumismo sejam cada vez menores, a principal orienta��o � que as crian�as e jovens sejam educados financeiramente desde a inf�ncia, de acordo com o presidente da Associa��o Brasileira de Profissionais de Educa��o Financeira (Abefin), Reinaldo Domingos.

 

"A falta de paci�ncia e o constante desejo por coisas novas s�o ind�cios de que crian�as e jovens podem estar se tornando consumistas e devem ser educados financeiramente. O ideal � que aprendam, o quanto antes, a poupar para conquistar seus sonhos", orienta Domingos.

 

Autor do livro "Mesada n�o � s� dinheiro", o presidente da Abefin ressalta a import�ncia de "mostrar que at� mesmo os que acham que n�o d�o mesada aos seus filhos, est�o enganados, uma vez que, toda crian�a, a partir dos tr�s anos de idade, come�a a ter contato com alguma quantia". 

 

As entregas volunt�rias s�o uma forma de mesada, por�m, n�o sistematizada. O contato com o papel-moeda na inf�ncia pode ocorrer de forma tamb�m indireta, quando a crian�a v� seus pais comprando ou vendendo coisas; e de forma direta, quando ela passa a ter algum dinheiro nas m�os.

"As informa��es transmitidas nessa tese passam n�o s� pelo aspecto financeiro, mas tamb�m pelo vi�s do empreendedorismo social, ecol�gico, solid�rio, entre outras formas de relacionar o dinheiro com a realidade de forma proveitosa para todos. Assim, s�o estabelecidos oito tipos de mesadas que podem ser aplicadas junto aos jovens: volunt�ria, financeira, de terceiros, econ�mica, empreendedora, ecol�gica, de troca e social."

 

Escola cria moeda social interna

A Escola Estadual Coronel Filomeno Ribeiro, em Montes Claros, Norte de Minas, j� recebeu por duas vezes o Pr�mio Sebrae Educa��o Empreendedora. A metodologia  acontece de forma interdisciplinar desde 2016. Situada em �rea de vulnerabilidade social, a unidade de ensino desenvolve 12 modalidades de empreendimentos. Foi criada uma moeda social interna, a Leuro, que remunera iniciativas, criatividade, participa��o, inova��o entre outras a��es. 

 

Ao t�rmino da leitura de um livro, o aluno recebe uma moedinha que pode ser usada na cooperativa estudantil, explica a diretora Clelma Rodrigues Martins Mendes. "Se leu 25 livros, recebe um cheque para aplicar ou sacar na cooperativa, nela h� um espa�o 'Shopping do Bom Leitor', onde pode comprar brinquedos, livros, material escolar. N�o � s� isso, dentro de matem�tica aprende-se consumo respons�vel inteligente, gest�o de finan�as, e, a cada conte�do did�tico, vai desenvolvendo habilidade e compet�ncias."

 

A tape�aria � um dos exemplos de m�dulo educativo interdisciplinar. A Tape�aria Aladim, al�m instigar o imagin�rio onde o design � parte das aulas de geometria, em ci�ncias e qu�mica estudam a composi��o dos materiais extra�dos de res�duos descart�veis, onde entra a geografia e meio ambiente na intera��o sobre formas de preserva��o. A produ��o � vendida na Feira de Empreendedorismo.

"Esse aprendizado exerce o transbordamento de conhecimento aos familiares. Uma forma de refor�ar o or�amento familiar", explica Clelma. A escola tem tr�s n�veis de ensino, fundamental I e II e o M�dio e conta com 259 alunos matriculados.

Segundo a psic�loga V�nia de Moraes, a mesada � uma boa estrat�gia para dar � crian�a e adolescente no��o de limites ( manter-se dentro do limite estipulado).  Al�m da aprendizagem da administra��o financeira, a mesada  cria uma oportunidade valiosa para se desenvolver  a capacidade de conten��o do impulso.

"Poupar, fazer planos e esperar pelo melhor momento para se obter algo mais valioso, leva a crian�a a desenvolver a no��o de que ela � capaz de trocar algo que poderia ter agora por algo mais valioso que ela ter� se souber esperar. Isso far� muita diferen�a na vida da crian�a/adolescente, n�o s�  em sua rela��o com o dinheiro, mas em outros aspectos da vida em que a impulsividade pode levar a decis�es desastrosas", aexplica V�nia

 

Val�ria Lanna,  professora de matem�tica da Escola Estadual Pandi� Cal�geras, em Belo Horizonte, alerta que o tema educa��o financeira vem sendo cada vez uma das ferramentas cruciais para que o estudante possa perceber que ele pode ter uma vida melhor, que tem a possibilidade de se planejar financeiramente.

"O que vou fazer com a minha mesada? Vou ao cinema? Vou comprar aqueles �culos que tanto quero? Ou vou guardar para ir aquela festa em outubro? � preciso mostrar para o estudante como calcular juros ou descontos sucessivos, para que eles saibam aproveitar e entender as v�rias promo��es incr�veis que a m�dia divulga. Devido ao consumismo desenfreado, percebemos que o estudante precisa de uma luz para essa falta de vis�o na necessidade de se preparar financeiramente e sair desse c�rculo vicioso em repeti��o dos padr�es das fam�lias endividadas, com vidas comprometidas em trabalhar apenas para pagarem juros e ou contas", afirma Val�ria

 

Caso a crian�a tenha contato constante com o dinheiro, pedindo valores com frequ�ncia, considere dar mesada. Lembrando que o conceito de mesada vai muito al�m de apenas dar um valor mensal. Al�m disto, o ideal � que ela o jovem ou crian�a poupe parte desse valor e use a outra parte para o consumo. N�o � interessante poupar tudo, t�o pouco consumir tudo - quando se trata de dinheiro, � preciso ter equil�brio.

 

Toda crian�a ou jovem tem desejos e sonhos, que podem ser materiais (como ter brinquedos e livros novos) ou n�o materiais (como uma experi�ncia de viagem, por exemplo). Reserve um momento em um ambiente agrad�vel para falar sobre os sonhos. Para que a crian�a tenha os sonhos sempre em mente, pe�a que desenhe e converse sobre cada um deles. Assim ela ter� constante est�mulo para realiz�-los.

 

� interessante que as crian�as poupem para seus sonhos em tr�s cofrinhos de tamanhos e cores diferentes, um para cada sonho: de curto prazo (a ser realizado em at� um m�s), m�dio prazo (seis meses) e longo prazo (at� um ano).

 

Diversas escolas da regi�o oferecem aulas de educa��o financeira para os alunos, por isso, � importante entender como a escola do seu filho debate esse assunto e, se n�o, buscar incentivar a abordagem desse tema. Quando a responsabilidade de educar financeiramente as crian�as � compartilhada, os resultados s�o melhores.

As crian�as s�o observadoras e aprendem muito pelo exemplo, portanto � importante que os pais tenham educa��o financeira, poupem para conquistar seus pr�prios sonhos e consumam de forma consciente.