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Estado de Minas MIS�RIA S�CIO-ECON�MICA

Pobreza atinge 20 milh�es e se espalha pelas metr�poles brasileiras

Dados s�o de um trabalho feito por tr�s institui��es nacionais e foram relatados no nono boletim Desigualdade nas Metr�poles


09/08/2022 11:00

Homem pedala em via de terra em favela de Brasília
(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)


Um estudo divulgado ontem revelou que cerca de 23% da popula��o brasileira que vivia em metr�poles, em 2021, se encontrava em situa��o de pobreza. O n�mero, que representa quase 20 milh�es de pessoas, � o maior da s�rie hist�rica desde 2012. Outra estat�stica que tamb�m registrou recorde durante o per�odo foi a de indiv�duos na faixa de extrema pobreza. De acordo com a pesquisa, mais de 5 milh�es de brasileiros, o que corresponde a 6,3% dos residentes dos grandes centros urbanos, estavam entre a parcela mais vulner�vel da popula��o.

Os dados s�o resultados de um trabalho feito em colabora��o por tr�s institui��es nacionais — o Observat�rio das Metr�poles do Instituto Nacional de Ci�ncia e Tecnologia (INCT), a Pontif�cia Universidade Cat�lica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e a Rede de Observat�rios da D�vida Social na Am�rica Latina (RedODSAL) — e foram compilados no nono boletim Desigualdade nas Metr�poles.

Para as an�lises, foram utilizadas estat�sticas anuais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios Cont�nua (Pnad) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) em 20 Regi�es Metropolitanas entre os anos de 2012 e 2021. Segundo o boletim, uma das vantagens da Pnad � que ela traz informa��es de outras fontes de renda mensal per capita das fam�lias brasileiras, para al�m dos rendimentos de empregos, como aux�lios de programas sociais, aposentadoria, seguro-desemprego, entre outros. Atualmente, quase 40% da popula��o brasileira, ou mais de 80 milh�es de pessoas, vivem em alguma das regi�es metropolitanas do pa�s.

Crise

Segundo o professor Andre Ricardo Salata, um dos pesquisadores respons�veis pelo estudo, os n�meros podem ser explicados por quatro fatores principais. "Al�m da crise de 2014, do enfraquecimento das pol�ticas p�blicas e do choque da pandemia, tem outro fator importante: a infla��o. Em 2021, voc� teve um impacto da infla��o que interrompeu a recupera��o da renda das fam�lias brasileiras. Al�m disso, em 2021, tivemos a decis�o do governo de interromper o aux�lio emergencial de forma abrupta", disse.

De acordo com a soci�loga da Universidade de Bras�lia (UnB) Hayeska Barroso, a pandemia representou n�o apenas uma crise sanit�ria, mas tamb�m social e econ�mica, que afetou classes sociais de diferentes formas. "As crises tendem a tolher as pr�prias condi��es de vida da popula��o mais pobre, e ali est� em jogo viver ou morrer literalmente de fome, fazer uma refei��o por dia ou fazer uma refei��o sem ter a certeza do que vai comer a pr�xima. Isso n�o alcan�a, por exemplo, os mais ricos", afirmou.

Em rela��o � pandemia, o pesquisador Andre Salata destacou a import�ncia do aux�lio emergencial, que, segundo ele, "segurou" a desigualdade social em 2020: "A situa��o piorou muito em 2021, devido � interrup��o do aux�lio, que volta depois, mas com valores reduzidos, por isso vemos um salto (da taxa de pobreza)."

A pesquisa ainda mostrou que mais da metade das pessoas em situa��o de extrema pobreza, isto �, 3,1 milh�es de indiv�duos, passou a integrar essa condi��o nos �ltimos sete anos. Desse total, 1,6 milh�es foram apenas em 2021. O rendimento m�dio das fam�lias brasileiras tamb�m foi muito impactado durante esse per�odo, sendo o menor desde 2012: R$ 1.698. A parcela mais pobre da popula��o dos grandes centros urbanos do Brasil, que corresponde a 40% do estrato social, possui rendimento m�dio inferior a um sal�rio m�nimo, com apenas R$ 396,10.

Desigualdade regional

Os �ndices tamb�m escancaram uma desigualdade regional no pa�s. Nas regi�es metropolitanas do Norte e do Nordeste do Brasil, mais de um ter�o da popula��o vive em situa��o de pobreza, com exce��o apenas de Fortaleza e Natal. Na Grande S�o Lu�s e em Manaus, 40% das pessoas vivem na camada mais vulner�vel da sociedade.

De acordo com Salata, a taxa de pobreza responde por dois fatores: primeiro, pelo volume de recursos, ou seja, o qu�o rica � uma metr�pole, e, segundo, o qu�o bem ou mal essa cidade distribui seus recursos. Para ele, � poss�vel compreender o contexto das regi�es Norte e Nordeste quando analisadas essas quest�es. "Nessas regi�es, voc� tem uma renda m�dia mais baixa, e, al�m disso, uma pior distribui��o de renda, ou seja, uma desigualdade maior. Quando voc� junta esses dois fatores, o esperado � que voc� tenha taxas de pobreza maiores. A estrutura econ�mica dessas localidades contribui para isso", explicou.

A pesquisa Desigualdade nas Metr�poles tamb�m delineou a concentra��o de renda no Brasil. De acordo com dados do boletim, em 2021, 10% dos mais ricos ganhavam, em m�dia, 19,1 vezes mais do que os 40% mais pobres do pa�s. Essa foi a maior raz�o de rendimento m�dio entre os estratos sociais da s�rie hist�rica de 2012 at� o ano de 2021.

Outro dado relevante, o coeficiente de Gini — �ndice, que, quanto mais pr�ximo de 1, mostra maior desigualdade social — atingiu 0,565 para o conjunto das regi�es metropolitanas do pa�s. Em 2014, esse n�mero era de 0,538.

Para Salata, entender as metr�poles � fundamental para entender o Brasil. "Elas t�m um peso pol�tico e econ�mico muito relevante. Estamos falando das regi�es mais ricas, mas vemos indicadores sociais muito negativos, como os que a gente vem destacando nos nossos boletins", afirmou.

Hayeska Barroso tamb�m destacou que para entender o empobrecimento da popula��o urbana � preciso entender o desenvolvimento dos grandes centros. "A gente tem que voltar algumas casas dentro do processo hist�rico para poder entender quais s�o as condi��es sociais, hist�ricas, pol�ticas e culturais de forma��o das cidades no Brasil, que � marcada por um desenvolvimento desordenado, por um processo de ocupa��o e de estabelecimento de moradias tamb�m de maneira desordenada", argumentou.

"A gente n�o tem um acompanhamento no mesmo ritmo da garantia das condi��es de vida e de pol�ticas sociais que deem conta de atender as demandas dessa popula��o urbana", completou ela.

*Estagi�ria sob a supervis�o de Odail Figueiredo


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