Ibovespa opera em forte queda com alertas do Banco Central sobre infla��o
Bolsa de Valores brasileira caiu 2,17%, aos 109.763 pontos, ap�s tr�s sess�es em alta. Mercado reagiu � declara��o do presidente do Banco Central sobre infla��o
Tel�o instalado na B3, a Bolsa de Valores do Brasil (foto: Nelson Almeida/AFP)
Investidores passaram a considerar nesta ter�a-feira (6) que o Brasil manter� sua taxa de juros (Selic) elevada por mais tempo do que eles estavam esperando. Declara��es recentes de representantes do Banco Central impactaram a avalia��o da parcela do mercado que esperava um afrouxamento do cr�dito j� para o in�cio do ano que vem.
Nesta segunda, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou que as medidas de restri��o ao cr�dito ser�o mantidas enquanto houver risco de alta da infla��o. "A gente entende que ainda tem um elemento de preocupa��o grande e a mensagem � que precisamos combater esse processo. Muito provavelmente vamos passar por tr�s meses de defla��o, mas a batalha n�o est� ganha", disse.
No mercado de a��es do pa�s, o Ibovespa caiu 2,17%, aos 109.763 pontos. Essa foi a primeira queda do �ndice par�metro da Bolsa de Valores brasileira ap�s tr�s sess�es em alta.
No mercado de juros futuros, o efeito da declara��o de Campos Neto tomou caminho oposto. Os contratos DI (Dep�sitos Interbanc�rios) de m�dio prazo -com vencimento a partir de 2025- terminaram o dia em alta.
Os juros DI para janeiro de 2026 avan�aram 205 pontos-base, passando de 11,480% para 11,685%.
A taxa DI � negociada apenas entre bancos, mas serve de refer�ncia para todo o setor de cr�dito, incluindo empr�stimos pessoais e financiamentos ao consumidor.
Refor�ando a postura de Campos Neto, o diretor de Pol�tica Monet�ria do Banco Central, Bruno Serra, alertou nesta ter�a para a piora da percep��o do mercado financeiro sobre a infla��o de 2024 e que isso dever� manter o BC "com a guarda alta" nos pr�ximos trimestres.
No intervalo de um m�s, a estimativa do mercado para o �ndice de pre�os ao consumidor em 2024 avan�ou de 3,30% para 3,43%, segundo o boletim Focus do BC mais recente. A proje��o est� acima do centro da meta de 3% fixada pela autoridade monet�ria.
"Havia a expectativa de que a Selic poderia come�ar a ceder no in�cio de 2023, mas parece que essa possibilidade vai ficar para o final do ano que vem", comentou o economista Jo�o Beck, s�cio do escrit�rio BRA.
Juros altos tendem a desestimular aplica��es no mercado de a��es, pois tornam a renda fixa mais atraente, sobretudo quando a taxa est� significativamente acima da expectativa de infla��o. A Selic est� atualmente em 13,75% e h� expectativa de que ela possa receber um �ltimo ajuste de 0,25 ponto percentual.
Al�m disso, juros altos tamb�m prejudicam o crescimento de empresas cujos neg�cios dependem do cr�dito mais barato ao consumidor, como s�o os casos do varejo, constru��o civil e transportes.
Pr�dio do Banco Central, em Bras�lia (foto: Leonardo S�/Agencia Senado)
Empresas desses segmentos apresentavam fortes baixas na Bolsa nesta ter�a. A MRV despencou 8,51%. Magazine Luiza e Via tombaram 7,41% e 7,67%, respectivamente. A CVC desabou 7,12%.
Os pap�is preferenciais da Petrobras ca�ram 3,69%. No caso da estatal, a press�o negativa resultava de uma forte queda nos pre�os do petr�leo devido �s preocupa��es de investidores com novas restri��es a atividades econ�micas na China para o combate � Covid-19.
O barril do Brent, refer�ncia para o mercado, era negociado no final da tarde com desvaloriza��o de 3,20%, a US$ 92,68 (R$ 483,99).
D�LAR TEM FORTE ALTA EM DIA DE VALORIZA��O GLOBAL
No mercado de c�mbio, o d�lar avan�ava frente ao real, acompanhando a recupera��o da moeda americana no exterior. O d�lar comercial � vista subiu 1,66%, a R$ 5,2390 na venda.
Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest, observa que a valoriza��o do d�lar reflete a busca por ativos que tragam prote��o contra uma poss�vel alta agressiva dos juros nos Estados Unidos.
Essa possibilidade foi refor�ada ap�s dados do setor de servi�os dos EUA divulgados nesta ter�a terem demonstrado que a economia do pa�s segue aquecida.
Para combater a maior infla��o em 40 anos, o Fed (Federal Reserve, o banco central americano), vem subindo a sua taxa de juros e uma nova alta � esperada para este m�s.
"Hoje o movimento de avers�o ao risco afeta praticamente todas as moedas emergentes", disse Consorte.
A economista tamb�m destacou que as declara��es de autoridades do BC do Brasil sobre a piora do cen�rio inflacion�rio podem ter elevado a percep��o de investidores sobre o risco do pa�s.
"H� mudan�a de postura do Banco Central, que est� tentando tirar essa queda precificada [pelo mercado] da taxa de juros", diz.
Consorte ressalta que juros altos tendem a atrair investidores estrangeiros para a renda fixa do Brasil, aumentando a oferta de d�lares no pa�s e, consequentemente, desvalorizando a moeda americana frente ao real.
A piora das previs�es para a infla��o, por�m, pode tamb�m significar mais riscos para a economia. "Embora a alta dos juros seja ben�fica para o c�mbio, ela tamb�m pode sugerir uma piora do pa�s."
ATOS DO 7 DE SETEMBRO PASSAM AO LARGO DO MERCADO
Manifesta��es programadas para este feriado de 7 de Setembro passaram ao largo do mercado financeiro nesta ter�a, quando investidores estiveram concentrados em indica��es de autoridades monet�rias sobre pol�ticas de eleva��o de juros para controle da infla��o no Brasil e no mundo e na oscila��o dos pre�os de mat�rias-primas.
No ano passado, a Bolsa de Valores sofreu forte queda um dia ap�s ataques bolsonaristas ao STF (Supremo Tribunal Federal) realizados no 7 de Setembro.
Na tarde desta ter�a, o risco-pa�s medido pelos contratos de CDS (Credit Default Swap) apresentava queda de 0,45% em rela��o ao dia anterior.
� um bom par�metro para mensurar a preocupa��o do mercado com as manifesta��es pol�ticas previstas para esta quarta, uma vez que Bolsa e d�lar foram mais influenciados pela pol�tica monet�ria ao longo da sess�o, segundo o economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi.
A influ�ncia exercida pelo 7 de Setembro, segundo Borsoi, ficou restrita ao fechamento do mercado dom�stico. Investidores diminuem opera��es em v�speras de feriado. A redu��o dos volumes movimentados pode provocar oscila��es bruscas nos pre�os dos ativos.
"As quedas das Bolsas e das commodities no exterior se somam a um ambiente de liquidez menor aqui devido � v�spera do feriado, quando diversos participantes optam por n�o fazer grandes opera��es", comentou.
N�meros do mercado financeiro
D�LAR
compra/venda
C�mbio livre BC - R$ 5,2222 / R$ 5,2228 **
C�mbio livre mercado - R$ 5,2370 / R$ 5,2390 *
Turismo - R$ 5,3500 / R$ 5,4420
(*) cota��o m�dia do mercado
(**) cota��o do Banco Central
Varia��o do c�mbio livre mercado
no dia: 1,66%
OURO BM&F R$ 281,000
BOLSAS
B3 (Ibovespa)
Varia��o: -2,17%
Pontos: 109.763
Volume financeiro: R$ 27,392 bilh�es
Maiores altas: Tim ON (2,19%), S�o Martinho ON (1,97%), Telef�nica Brasil ON (0,77%)
Maiores baixas: MRV ON (-8,51%), Via ON (-7,67%), Magazine Luiza ON (-7,41%)