
� a maior alta para os nove primeiros meses do calend�rio em 28 anos, ou desde o in�cio do Plano Real, apontam dados do IPCA (�ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo) consultados pela Folha de S.Paulo.
Trata-se do avan�o mais intenso para o acumulado de janeiro a setembro desde 1994 (915,08%), quando o Brasil ainda vivia o reflexo da hiperinfla��o.
O IPCA, calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica), � o �ndice oficial de pre�os do pa�s.
De acordo com analistas, a carestia da comida reflete uma s�rie de fatores em 2022. No come�o do ano, fortes chuvas prejudicaram planta��es em regi�es como o Sudeste. O Sul, por outro lado, amargou per�odo de seca.Os extremos clim�ticos reduziram a oferta de mercadorias diversas, como verduras e legumes, o que afetou os pre�os.
Tamb�m houve press�o de custos. Insumos usados no campo ficaram mais caros durante a pandemia, elevando os gastos para a produ��o de alimentos.
A situa��o foi intensificada pela Guerra da Ucr�nia. Commodities agr�colas tiveram alta nas cota��es ap�s o in�cio do conflito, em fevereiro. A guerra ainda gerou press�o adicional sobre os pre�os de insumos no mercado internacional.
"O diagn�stico ainda � de uma infla��o alta", diz o economista Luca Mercadante, da Rio Bravo Investimentos.
"� uma infla��o que tem impacto importante, que pesa na vida das pessoas. Elas percebem isso", completa.
Em setembro, o grupo alimenta��o e bebidas at� recuou 0,51% no IPCA. Foi a maior baixa desde maio de 2019 (-0,56%) e a primeira desde novembro de 2021 (-0,04%).
Com o resultado, a infla��o acumulada no ano desacelerou de 10,10% at� agosto para 9,54% at� setembro. No acumulado de 12 meses, a alta passou de 13,43% para 11,71%.
A tr�gua em setembro foi puxada pelo leite longa vida, que havia disparado anteriormente, em meio a per�odo de entressafra.
"Temos uma desacelera��o. Setembro foi um sinal disso, muito em raz�o do leite", diz o economista Raphael Rodrigues, do banco BV.
Analistas avaliam que os alimentos tendem a ficar em um patamar elevado de pre�os at� dezembro, mas com avan�os mais moderados do que no come�o do ano. Por ora, as proje��es n�o sinalizam novas defla��es para o grupo at� o final de 2022.
"Tende a desacelerar, mas deve continuar pressionado, inclusive em 2023", indica Rodrigues.
Ele acrescenta que, antes da pandemia, os pre�os de alimentos como as carnes j� vinham em alta, devido a descompassos entre oferta e procura.
Lista **** A infla��o da comida pressiona o presidente Jair Bolsonaro (PL) na corrida eleitoral deste ano.
A carestia afeta sobretudo a popula��o mais pobre, porque a compra de alimentos consome uma fatia maior do or�amento dessas fam�lias na compara��o com faixas de renda mais elevadas.
Em uma tentativa de superar o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) no segundo turno das elei��es, Bolsonaro busca melhorar sua aprova��o junto � parcela dos eleitores mais vulner�veis, pilar da campanha petista.
Nesse sentido, o governo federal anunciou a amplia��o do Aux�lio Brasil para R$ 600 a partir de agosto. O benef�cio pretende aumentar o poder de compra dos mais pobres no ano eleitoral, enquanto a infla��o dos alimentos ainda pesa no bolso dos brasileiros.
No acumulado do ano, o mel�o foi o alimento que mais subiu dentro do IPCA. A alta dos pre�os alcan�ou 74,37% at� setembro.
Cebola (63,68%) e leite longa vida (50,73%) vieram em seguida. O tomate, por outro lado, teve a maior queda (-28,01%).
Aux�lio s� compra cesta em cinco capitais Em setembro, o pre�o m�dio da cesta b�sica diminuiu em 12 das 17 capitais que integram levantamento mensal do Dieese (Departamento Intersindical de Estat�stica e Estudos Socioecon�micos).
Mesmo assim, apenas 5 das 17 metr�poles pesquisadas tinham cesta b�sica abaixo de R$ 600, o valor do Aux�lio Brasil.
As cinco ficam no Nordeste: Aracaju (R$ 518,68), Salvador (R$ 560,31), Jo�o Pessoa (R$ 562,32), Recife (R$ 580,01) e Natal (R$ 581,53).
S�o Paulo, por outro lado, seguiu com a cesta b�sica mais cara em setembro: R$ 750,74. Florian�polis (R$ 746,55), Porto Alegre (R$ 743,94) e Rio de Janeiro (R$ 714,14) vieram na sequ�ncia.
Al�m de ampliar o Aux�lio Brasil, Bolsonaro tamb�m apostou no corte de tributos para aliviar a infla��o, o que atingiu itens como combust�veis e energia el�trica.
Em setembro, o IPCA, de modo geral, caiu 0,29%. A defla��o foi a terceira consecutiva, movimento puxado pela baixa da gasolina.
O petr�leo, contudo, voltou a subir nos �ltimos dias, o que pressiona os pre�os dos combust�veis no Brasil. A Petrobras vem evitando repasses nas refinarias �s v�speras do segundo turno das elei��es.
Mesmo assim, ap�s 15 semanas de queda, o valor m�dio da gasolina passou a avan�ar nos postos brasileiros, conforme pesquisa semanal da ANP (Ag�ncia Nacional do Petr�leo, G�s e Biocombust�veis). O combust�vel foi vendido a R$ 4,86 por litro, em m�dia, na semana passada.