
Mas especialistas sugerem que a prioridade do uso do benef�cio seja o pagamento dos d�bitos, porque os juros est�o altos e o endividamento das fam�lias, muito elevado.
Conforme dados do Departamento Intersindical de Estat�stica e Estudos Socioecon�micos (Dieese), o 13º tem potencial de injetar cerca de R$ 249,8 bilh�es na economia brasileira. Recebem o benef�cio trabalhadores do mercado formal, empregados dom�sticos com registro em carteira, benefici�rios da Previd�ncia Social e aposentados e pensionistas dos governos federal e regionais.
Por lei, a partir de 15 dias de presta��o de servi�o, todo trabalhador passa a ter direito ao 13º sal�rio. A primeira cota pode ser liberada antes, com dep�sito dos valores no m�s de anivers�rio do trabalhador ou nas f�rias, conforme op��o do profissional. O c�lculo deve incluir as receitas oriundas do sal�rio bruto, conforme a atividade exercida. O valor � somado e dividido por 12 e, depois, multiplicado pelos meses trabalhados.

Contudo, � preciso ficar atento �s faltas. "Quem tiver mais de 15 faltas n�o justificadas em um m�s de servi�o, perde 1/12 avos relativos ao per�odo", alerta a advogada trabalhista Paula Borges.
Aposentados, pensionistas e benefici�rios de aux�lios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) tiveram as duas parcelas antecipadas no primeiro semestre deste ano. Logo, agora, a categoria n�o receber� nada al�m do benef�cio mensal. Os novos segurados, por�m, v�o ter o dinheiro depositado neste m�s. Os valores s�o proporcionais, conforme a quantidade de meses em que o segurado recebeu a aposentadoria, a pens�o ou o aux�lio no ano, mas ser�o pagos integralmente.
A gerente de m�dias sociais Maria Fernanda Soares, de 24 anos, vai receber o 13º pela primeira vez neste ano e j� fez planos de como pretende gastar o benef�cio. "Estou no meu primeiro emprego de carteira assinada. N�o devo receber o valor integral, porque comecei em mar�o, mas, ainda assim, vai ser um extra muito bom. Quero usar esse dinheiro para trocar meu celular por um melhor, n�o s� por puro luxo, mas porque � minha ferramenta de trabalho", conta. pri-1411-salarioextra decimo terceiro salario.
Endividamento
Devido ao �ndice recorde de endividamento no pa�s, que atinge 80% das fam�lias brasileiras, a l�der regional da XP Investimentos no Centro-Oeste, Vanessa Thom�, explica que o 13º � uma renda importante que deve ser priorizada no pagamento de d�vidas ou na quita��o de contas que costumam pesar no or�amento no come�o do ano. "A maioria dos brasileiros utiliza esse recurso de forma equivocada. O 13º sal�rio s� deve ser usado para lazer ou presentes de fim de ano por aqueles que n�o possuem d�vidas ou que j� possuem uma outra reserva para as contas de janeiro", orienta a especialista.
Contudo, essa n�o � a prioridade dos consumidores, segundo pesquisa da Confedera��o Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Servi�o de Prote��o ao Cr�dito (SPC), que, no ano passado, indicou 33% dos brasileiros querendo gastar o 13º com presentes de Natal e 34% afirmando que poupariam os recursos. Outros 24% disseram que utilizariam o dinheiro extra para as comemora��es de Natal ou de r�veillon e apenas 16% afirmaram que usariam o valor para pagar tributos e quitar d�vidas atrasadas.O professor David Paiva Sebben, 33, � uma das pessoas que pretendem usar o benef�cio para se organizar melhor financeiramente. "O 13º ser� muito bem-vindo. Pretendo pagar algumas d�vidas de cart�o de cr�dito que foram feitas ao longo do ano e, de repente, sanar algumas parcelas que ainda tenho a correr. Al�m do que, vai ajudar nas despesas com a matr�cula e o material escolar da minha filha", afirma.
O desejo do professor tamb�m era de viajar, mas o aumento dos pre�os das viagens a�reas se tornou um grande empecilho. "Infelizmente, as passagens de avi�o est�o muito caras, fica dif�cil viajar, ainda mais nesse per�odo de f�rias, que � mais movimentado", diz. Levantamento da Confedera��o Nacional das Ind�strias (CNI), realizado em agosto deste ano, informa que mais da metade dos entrevistados reduziram despesas com lazer, deixaram de comprar roupas ou desistiram de viajar, em 2022, devido � situa��o financeira.
Educa��o financeira
Segundo o economista da Universidade de Bras�lia (UnB) Newton Marques, muitas vezes, devido � falta de planejamento, as pessoas acabam tendo problemas na hora de priorizar o pagamento de d�vidas em vez do consumo. "A maioria das fam�lias est� endividada e n�o usa esse dinheiro extra para pagar as contas e acabam comprando e se endividando ainda mais. Por isso, o maior problema � a falta de educa��o financeira. Sabemos que, como diz o conhecido ditado, dinheiro na m�o � vendaval, as pessoas s�o compulsivas em gastar e n�o pensam em quitar d�vidas para n�o comprometer a renda futura", destaca.
Esse dinheiro extra, de acordo com Marques, tamb�m pode ser reservado para o pagamento de tributos que come�am a ser cobrados em janeiro, como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), o Imposto sobre Propriedade de Ve�culos Automotores (IPVA) e o licenciamento veicular.Para o economista da Vallus Capital Matheus Eid Lubrani, o 13º deveria ser tratado como parte da renda anual, a fim de evitar sobressaltos no or�amento familiar. "N�o se deve fazer gastos que n�o estavam no escopo durante o ano que passou, ou seja, o recurso adquirido do 13º sal�rio deve ser dilu�do durante todo o ano seguinte, assim evitam-se gastos desnecess�rios e ainda � poss�vel aumentar a renda m�dia mensal", diz. De acordo com ele, "n�o h� investimento melhor do que pagar as d�vidas, pois n�o h� rentabilidade que superar� os juros de cheque especial ou cart�o de cr�dito".