
Alckmin participou do F�rum Esfera, evento realizado na sexta-feira (25) e neste s�bado (26) em Guaruj�, no litoral paulista.
"O que n�s devemos fazer, n�o agora, mas a seguir, � discutir, l� na frente, uma ancoragem fiscal que n�o seja s� teto [de gastos]", afirmou Alckmin. "Quando voc� estabelece que [o gasto] n�o pode crescer mais do que a infla��o, em nenhuma circunst�ncia, mesmo que a receita cres�a mais, voc� esmaga investimento. Essa � a realidade."
Para refor�ar o argumento, o vice-presidente eleito lembrou que o governo de Jair Bolsonaro (PL) n�o cumpre o teto desde 2020.
"� importante que a gente tenha uma ancoragem fiscal que seja baseada na quest�o da d�vida, na curva da d�vida para, ao longo do tempo, reduzir a d�vida sobre o PIB —ali�s, uma coisa que o presidente Lula j� fez. Ele pegou a d�vida em 60% do PIB, e quando transferiu o governo era 40%", afirmou.
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Alckmin destacou tamb�m que est�o em discuss�o outros indicadores associados � essa nova ancoragem, e defende que a nova regra, ao contr�rio da atual, n�o seja inscrita na Constitui��o.
"Qual o super�vit prim�rio que precisaremos ter, e os gastos que poderemos ter [junto com a d�vida] s�o tr�s quest�es que precisaremos discutir mais � frente", afirmou. "Defendo que ela [a nova regra] deve ser desconstitucionalizada."
O grupo de transi��o da economia, respons�vel pelo diagn�stico da �rea, j� come�ou a discutir par�metros para nova regra. No entanto, o governo eleito pretende tratar o tema apenas ap�s a posse. Neste momento, o foco � renegociar a revis�o do Or�amento, conseguindo recursos por meio de uma PEC (proposta de emenda � Constitui��o).
O debate envolvendo valores e prazos para os gastos travou no Congresso. A expectativa � que Lula v� a Bras�lia na segunda (28) para participar das negocia��es.
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Alckmin tamb�m destacou que o desmembramento do minist�rio da Economia ainda est� sendo avaliado por Lula, mas afirmou que o pr�ximo governo quer recuperar os instrumentos de planejamento.
"N�s precisamos recuperar o planejamento. � essencial. E ter bons projetos. H� muita liquidez no mundo. Se voc� tiver bons projetos e seguran�a jur�dica, voc� vai atrair muito investimento em infraestrutura. E o Brasil precisa crescer. Precisa de empregos."
No F�rum Esfera, o vice-presidente foi uma dos painelistas que debateram os desafios econ�micos do pa�s no encerramento do encontro.
Tamb�m participaram do painel o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o ministro Bruno Dantas, presidente em exerc�cio do TCU (Tribunal de Contas da Uni�o), bem como o empres�rio Abilio Diniz, presidente do conselho de administra��o da Pen�nsula, empresa de investimentos de sua fam�lia, e o banqueiro Andr� Esteves, cofundador do BTG Pactual.
EVENTO GERA APROXIMA��O ENTRE GOVERNO ELEITO E EMPRES�RIOS
O F�rum Esfera foi organizado com a proposta de promover debates e conectar representantes dos setores p�blico e privado, diz o empres�rio Jo�o Camargo, fundador do Grupo Esfera Brasil, respons�vel pela realiza��o do evento.
"A gente tenta politizar o empres�rio —n�o � torn�-lo um pol�tico", afirma Camargo. "J� que ele gera empregos, paga altos tributos, corre riscos e gera riqueza, nada mais justo que ele estabele�a um di�logo com o setor p�blico."
Nessa edi��o, a proposta foi promover discuss�es do setor empresarial com representantes do governo eleito ap�s uma campanha polarizada, e tamb�m com o Judici�rio, respons�vel pela estabilidade regulat�ria.
A lista de participantes � longa e diversa. Ela inclui o ex-deputado Floriano Pesaro, coordenador executivo da equipe de transi��o, o economista Gabriel Gal�polo, ex-presidente do Banco Fator, cotado para assumir o BNDES. O diretor de cardiologia do Hospital S�rio-Liban�s e do conselho do Incor, Roberto Kalil Filho, que est� no grupo da sa�de. O deputado estadual Em�dio de Souza (PT-SP), que acompanha o grupo de direitos humanos.
Ocorreram apresenta��es dos ministros Lu�s Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski, ambos do STF (Supremo Tribunal Federal), bem como do ministro Luis Felipe Salom�o, do STJ (Superior Tribunal de Justi�a).
Tamb�m participaram dos debates o professor de Direito Penal da USP (Universidade de S�o Paulo), Pierpaolo Bottini, e o advogado Cristiano Zanin, ambos do grupo de transi��o respons�vel por Justi�a e seguran�a p�blica.
A plateia contou com representantes de empresas de v�rios setores. Passaram pelo audit�rio do Hotel Casa Grande, na praia da Enseada, o controlador da rede Riachuelo, Flavio Rocha, que apoiou o impeachment de Dilma Rousseff (PT) e o governo de Jair Bolsonaro (PL), bem como Jos� Seripieri J�nior, fundador da Qualicorp, que gerou pol�mica recentemente ao dar carona a Lula em seu avi�o, rumo � COP27 (27ª Confer�ncia do Clima da Organiza��o das Na��es Unidas), no Egito.
Tamb�m acompanharam os debates representantes de rela��es institucionais de grandes companhias, como XP e Ambev, bem como de entidades setoriais, como Abeg�s, do setor de g�s, Unica, do de a��car e etanol, e Ibram, da �rea de minera��o.
Muitos pol�ticos estiveram no f�rum. Ocorreram palestras com governadores eleitos, entre eles, Helder Barbalho (PA), Renato Casagrande (ES) e Tarc�sio de Freitas (SP), bem como in�meras lideran�as pol�ticas, como o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, que foi confirmado no evento como futuro secret�rio de governo da gest�o de Tarc�sio.
"Eu acredito que, como resultado desse encontro, vamos ter um mercado mais calmo nos pr�ximos dias", afirma Camargo.