
Duas grandes pesquisas do varejo eletr�nico -Ebit|Nielsen e ClearSale/Neotrust- apontaram, ano ap�s ano, n�meros superlativos em vendas na Black Friday (sempre em valores nominais, sem descontar a infla��o). Para se ter uma ideia, as vendas come�aram em R$ 3 milh�es em 2010 e avan�aram para R$ 100 milh�es em 2011, segundo a ClearSale. Em 2015, atingiram R$ 1,57 bilh�o.
O especialista em varejo Alberto Serrentino, s�cio da Varese Retail, lembra que a Black Friday original, americana, realizada ap�s o Dia de A��o de Gra�as, principal data em que os americanos trocam presentes, nasceu para liquidar os estoques da data. "Seria o nosso 26 de dezembro", disse � reportagem.
J� a Cyber Monday nasceu para que liquidaos sites ssem seus produtos, no embalo da data. "Os brasileiros pegaram a ideia da Cyber Monday e come�aram as vendas aqui no com�rcio eletr�nico. Mas a data s� explodiu quando grandes varejistas -Carrefour, P�o de A��car, Magazine Luiza, Casas Bahia- aderiram."
Em 2019, de acordo com a Ebit|Nielsen, as vendas chegaram a R$ 3,2 bilh�es, considerando a quinta e a sexta-feira.
Mas foi no primeiro ano da pandemia, em 2020, que os n�meros deslancharam: vendas de R$ 6 bilh�es na semana do "esquenta Black Friday", de 19 a 27 de novembro. Considerando a "xepa" da data, no s�bado e domingo, mais R$ 1,5 bilh�o, informou a Ebit|Nielsen. S� na sexta registrou vendas em torno de R$ 3,1 bilh�es.
Em 2021, diz a Clearsale/Neotrust, as vendas na sexta-feira atingiram R$ 4,3 bilh�es e, neste ano, ca�ram 28%, para R$ 3,1 bilh�es, enquanto o n�mero de pedidos recuou 24%, para 4,5 milh�es. � a primeira queda no faturamento desde que a data come�ou a ser promovida no Brasil.
Os varejistas estavam preocupados com uma Black Friday paralela a uma Copa do Mundo: o evento esportivo teve in�cio no dia 20 de novembro. O Brasil jogou na �ltima quinta-feira (25), v�spera da Black Friday, quando as vendas j� come�am a ser expressivas.
"Mas o que vimos foi o consumidor com aten��o voltada ao jogo da sele��o", disse � reportagem o presidente do Reclame Aqui. "O jogo do Brasil fez o acesso ao site cair 80% durante a partida. Ao final, o fluxo voltou 20% inferior", disse.
Na quinta-feira, moda e cosm�ticos estiveram em alta na procura, sexta-feira apresentou itens de maior valor agregado, como smartphones e TVs, mas no fim do dia mercearia voltou a ser o destaque (como foi na Black Friday de 2021), diz Neves.
Uma esperan�a era que, neste s�bado e domingo, os n�meros se mostrassem mais animadores. De acordo com pesquisa do Reclame Aqui com 13,7 mil usu�rios, cerca de 20% pretendiam fazer suas compras depois das 18h da sexta-feira, pegando a "xepa" da Black Friday.
Neste s�bado (26), no entanto, segundo dados da Clearsale/Neotrust, as vendas atingiram R$ 1,2 bilh�o, com 2,2 milh�es de pedidos -quedas de 4,4% e 4,3%, respectivamente, em rela��o ao ano passado.
De acordo com a ClearSale/Neotrust, considerando o m�s de novembro at� a sexta, 25, o recuo foi menor em rela��o � data da Black Friday. "O faturamento total do e-commerce, de 1º de novembro at� o dia 26, �s 23h59, fechou com R$ 17,7 bilh�es, algo cerca de 8% menor que 2021. J� a quantidade de pedidos chegou pr�ximo a 35,8 milh�es, cerca de 7% a menos", informou a empresa, em nota, sugerindo que houve uma dilui��o das vendas ao longo do m�s.
� claro que n�o foi s� a Copa que atrapalhou os planos do varejo online -embora tenha ajudado a vender camisetas da sele��o, t�nis, TVs, smartphones e fritadeiras el�tricas.
O consumidor est� com menos cr�dito dispon�vel e o varejo n�o apostou em promo��es atraentes. "As vendas online arrefeceram neste ano porque as empresas est�o muito menos agressivas em pol�ticas de frete, desconto e parcelamento. N�o est�o buscando venda a qualquer pre�o", diz Serrentino.
Tentativas de fraude superam os R$ 50 milh�es De acordo com a ClearSale, entre quinta-feira e s�bado, a empresa evitou R$ 51,7 milh�es em tentativas de fraude, o que representa cerca de 40 mil pedidos fraudulentos. A empresa � especializada em intelig�ncia de dados voltada � preven��o de riscos.
O total superou a previs�o inicial da companhia, de fraudes em at� R$ 50 milh�es. "� um aviso importante aos lojistas, pois os novos meios de pagamentos abrem margem para novos tipos de fraudes. O crescimento do Pix e de outros m�todos de pagamentos podem ter impulsionado esse n�mero", diz o l�der em estrat�gia de mercado da ClearSale, Marcelo Queiroz, em nota.
Em rela��o aos meios de pagamentos durante a sexta-feira de Black Friday, os mais utilizados no e-commerce foram: cart�o de cr�dito (54,2%), seguido e-wallet, cashback e d�bito (16,3%). J� o Pix somou 15,7%, enquanto o boleto ficou com 13,8%.