
As a��es preferenciais da Petrobras, que s�o as mais negociadas da estatal, mergulharam 7,93% e exerceram a principal press�o negativa sobre o Ibovespa. Os pap�is ordin�rios da companhia tombaram 9,80%, registrando assim a segunda maior queda desde 22 de fevereiro de 2021, quando foi anunciada a sa�da de Roberto Castello Branco da presid�ncia da empresa, data em que o papel tombou 20,48%. Em 24 de outubro a a��o ordin�ria caiu 9,89%.
A perda no per�odo � quase igual � totalidade do valor de mercado da Ambev, que est� em R$ 238 bilh�es.
O Banco do Brasil, tamb�m controlado pelo governo, perdeu 2,47% nesta quarta.
A press�o sobre as empresas p�blicas ocorreu como consequ�ncia do esfor�o do governo eleito de Luiz In�cio Lula da Silva (PT) para mudar a Lei das Estatais e, assim, facilitar nomea��es de pol�ticos para o comando de empresas p�blicas.
A legisla��o foi alterada para reduzir para 30 dias a quarentena de indicados a ocupar cargos de presidente e diretor das empresas p�blicas. A altera��o pode abrir caminho para concretizar o ex-ministro Aloizio Mercadante como presidente do BNDES. A proposta segue para o Senado.
Investidores tamb�m relataram descontentamento no mercado com a declara��o de Lula de que "vai acabar a privatiza��o nesse pa�s".
Em linhas gerais, as nomea��es e falas de Lula refor�am a preocupa��o de que uma alta de gastos na nova gest�o possa levar ao descontrole da d�vida p�blica, o que provocaria alta de juros e queda de investimentos, entre outras consequ�ncias.
Apesar das perdas das estatais, a Bolsa de Valores brasileira terminou o dia com discreta alta nesta quarta ap�s oscilar durante o dia entre fortes baixas e eleva��es moderadas. Ganhos em setores como o banc�rio e o de minera��o compensaram, ao menos em parte, as fortes quedas dos pap�is de Petrobras e BB.
O Ibovespa, �ndice de refer�ncia da Bolsa, fechou em alta de 0,20%, aos 103.745 pontos. Na m�xima do dia, chegou aos 104.515 e, na m�nima, aos 101.631 pontos.
O al�vio, registrado principalmente na parte da tarde e sobre outras �reas, foi atribu�do por analistas a motivos diversos, entre os quais a confirma��o da desacelera��o no aumento da taxa de juros nos Estados Unidos, ap�s reuni�o do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), e a movimentos t�cnicos de mercado.
Tamb�m no per�odo da tarde, o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a expans�o dos gastos p�blicos n�o deve ser o motor a impulsionar o crescimento da economia no momento e que um eventual est�mulo poderia vir da redu��o na taxa de juros.
No mercado de c�mbio do Brasil, o d�lar � vista ficou perto da estabilidade, recuando apenas 0,01%, cotado R$ 5,3090 na venda. No exterior, a moeda americana recuou 0,36%, segundo o indicador que a compara com um grupo de divisas fortes.
No mercado de juros futuros, ap�s passar parte do dia em alta, a taxa DI (Dep�sitos Interbanc�rios) para 2024 avan�ava no final da tarde para 14,07% ao ano, ap�s ter fechado no dia anterior em 14,06%. Os contratos com vencimento em 2025, por�m, mostravam taxas subindo de 13,65% para 13,84%.
Embora sejam negociadas apenas entre institui��es financeiras, as taxas DI trazem a expectativa do setor sobre a necessidade de eleva��o dos juros do Banco Central do Brasil em um cen�rio de aumento de gastos p�blicos e, consequentemente, de infla��o mais alta. Essas expectativas acabam servindo de refer�ncia para o cr�dito no pa�s.
Analistas da Quantzed afirmaram que, apesar da volatilidade potencializada pela decis�o do Fed, o movimento do mercado dom�stico nesta quarta foi basicamente influenciado por motivos locais, ligados � transi��o de governo e falas de membros da futura gest�o.
Marcelo Oliveira, s�cio da Quantzed, ainda destacou que o encerramento do prazo para o exerc�cio do direito de compras de a��es por um grande operador do mercado nesta tarde acabou contribuindo por reverter parte das perdas do Ibovespa.
"Houve um movimento totalmente t�cnico de vencimento de op��es e vencimento de �ndice. O pessoal n�o rolou a posi��o e teve que zerar a mercado. O movimento come�ou ap�s as 14h54, que � exatamente a hora que come�a o ajuste em dia de vencimento de contrato futuro de �ndice", disse.
Bolsas nos EUA caem
No cen�rio externo, o Fed elevou nesta quarta a sua taxa de juros pela s�tima vez em 2022, mas a alta de 0,50 ponto percentual foi menor do que as aplicadas nas �ltimas quatro reuni�es do seu comit� de pol�tica monet�ria, que foram de 0,75 ponto.
Com isso, a meta de juros do Fed avan�a para um patamar 4,25% e 4,5% ao ano. Esse valor est� de acordo com o esperado por analistas de mercado consultados pela ag�ncia Bloomberg.
A alta menos agressiva dos juros confirma a expectativa de que os integrantes do Fomc, sigla para o comit� de mercado aberto do Fed, consideram que o aperto ao cr�dito est� alcan�ando o prop�sito de frear a alta nos pre�os.
Desde que iniciou o atual ciclo de eleva��o dos juros no in�cio deste ano, esta � a primeira vez que o Fomc opta por um acr�scimo inferior ao dado na reuni�o imediatamente anterior. Antes das �ltimas quatro altas de 0,75 ponto, o comit� havia aplicado um aumento de 0,25, em mar�o, e de 0,50, em maio.
Nos Estados Unidos, os principais indicadores do mercado de a��es fecharam em baixa, depois de terem avan�ado por quase todo o dia ainda embalados pelos dados de infla��o abaixo do esperado na v�spera.
O indicador par�metro S&P 500 caiu 0,61%. Os �ndices Nasdaq e Dow Jones perderam 0,76% e 0,42%, respectivamente.
A aus�ncia de sinais no comunicado do Fed de que o fim do ciclo de alta dos juros poder� chegar em breve devolveu preocupa��es aos investidores, segundo Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.
"Apesar de a alta vir de acordo com o esperado, eles n�o sinalizaram qual ser� o pr�ximo passo e se j� est�o pr�ximos do fim do ciclo de eleva��o de juros", disse.
Beto Saadia, economista e s�cio da BRA BS, avalia que o CPI, o �ndice de infla��o ao consumidor americano, deixou mercados otimistas para uma postura mais leniente do Fed. Mas ele alerta que ainda faltam duas condi��es fundamentais para declarar vit�ria no combate � infla��o.
"A primeira delas � que a converg�ncia da infla��o deve ser ancorada na meta de 2%, que ainda � muito al�m do atual. A segunda � o grande vil�o da infla��o que continua n�o mostrando sinais de que foi derrotado: o mercado de trabalho ainda muito apertado", disse.
"H� mais vagas de emprego do que trabalhadores dispon�veis, resultando em infla��o de sal�rios que pode em algum momento acelerar novamente a infla��o de bens e servi�os", completou Saadia.
Um cen�rio de efetiva desacelera��o dos juros nos Estados Unidos poderia trazer al�vio para os mercados de a��es e para outros ativos, como as mat�rias-primas, porque esses investimentos passariam a enfrentar menor concorr�ncia da renda fixa americana.
Al�m disso, investidores esperam que o fim do aperto monet�rio ocorra antes que as restri��es ao cr�dito levem a maior economia mundial a uma forte recess�o, o que teria consequ�ncias negativas para os neg�cios globais.